Desafio
culturepub é um arquivo de publicidade excelente onde se descobrem anúncios que não não se consegue encontrar noutro lado. Por exemplo, o anúncio italiano Freedom, da Vodafone, estreado em 2008. culturepub acompanha os anúncios com palavras-chave. Neste caso, escolheu as seguintes: Animal; Apartamento: Árvore; Bem-estar; Felicidade; Sapato; Joaninha; Esquilo; Fauna; Flor; Flora; Fio elétrico; Natureza; Borboleta; Guaxinim; e Cidade. Quase todas símbolos de liberdade. Esqueceu-se, contudo, de, pelo menos, um tópico, omnipresente e, porventura, o mais marcante. Qual é? Se descobrir, tornar-se-á tão evidente que saberá que acertou.
Para aceder ao anúncio na página culturepub, carregar na seguinte imagem (recomendo resolução 1080p).

Sinais de vida
Vamos andar sem sair do lugar! Seguem três músicas do álbum Signs of Life, dos Penguin Cafe Orchestra: Perpetuum Mobile; Dirt; e Southern Jukebox Musc. Lembram-se?
Melgaço: Destino turístico sustentável
“Melgaço recebeu o selo Prata da EarthCheck – órgão acreditado pelo Global Sustainable Tourism Council – GSTC para certificar destinos turísticos, tornando-se assim destino turístico sustentável certificado.”
Expo diabólica

A seguir ao Museu Alberto Sampaio, a Expo diabólica desloca-se para a Casa do Tempo, em Cabeceiras de Basto.
“A Casa do Tempo de Cabeceiras de Basto acolhe entre os meses de maio e setembro a ‘Expodiabólica’, curiosa e admirável exposição de diabos que o investigador vimaranense Fernando Capela Miguel idealizou em desenho e que veio a materializar em belíssimas peças de cerâmica concretizadas por renomados oleiros de Barcelos. / O imaginário popular do Minho é retratado nesta ‘Expodiabólica’ que dá ‘voz’ à cultura popular e a crenças antigas envoltas em misticismo” (Presidente da Câmara de Cabeceiras de Basto).
Balões reprodutores

O anúncio OOdyssey, da Veet, convida o olhar a acompanhar a odisseia estética de dois balões genitais, sem, ao contrário dos touros de reprodução, patas, nem pelos, nem cornos. Aprazíveis, macios, lentos e deambulantes, como ditam os novos tempos e os novos estilos de vida, promovem uma higiene íntima masculina eficaz e amigável.
” What are those two round shaped objects in the sky? Balloons? Chewing gum bubbles? Soap bubbles? / No. They are flying balls happy to be hair free thanks to Veet Men (…) / Because when men’s private parts are free from body hair, completely smooth, with no unpleasant side effects, they feel things differently, they feel free to explore and enjoy more of life” (https://www.adsoftheworld.com/campaigns/oodyssey).
Os avatares do Tendências do Imaginário

“Car je est un autre” (Arthur Rimbaud, carta a Paul Demeny datada de 15 de maio de 1871).
Tenho três avatares: o Dionísio, o mais trágico e cínico; o Porfírio, o mais prometeico e entusiasta; e o Amâncio, o mais poético e sensível. Cada um é responsável pelo que assina e todos me fazem companhia. Seguem três exemplos de assinaturas:
– Uma máxima do Dionísio:
“Nunca desvalorizar os seres humanos, mas descrer sempre deles”.
– Um anúncio que convence o Porfírio:
– E um vídeo musical que comove o Amâncio:
Canções de luto por vivos
Nos últimos tempos, o Tendências do Imaginário tem-se sintonizado, enfadonhamente, na mesma onda: o alheamento. É assim! Quando encontro um novelo deixo-me enroscar nele. Em vez de o exorcizar, desfio, uma a uma, as pontas. Até surgir outro novelo. Importa libertar-me deste que é pouco compensador. Abrir-me, quem sabe, ao tema do reencontro. Para apressar, em vez de desfiar uma ponta por artigo, passo a juntar várias num único.
Assim como existe a expressão “viúvas de vivos”, avanço uma homóloga: “fazer o luto de vivos”. De tão satisfeito com a fórmula, vou patenteá-la! Fazer o luto por um vivo é encetar um processo mediante o qual o outro, embora vivo, passa a assumir, sem traumas, o estatuto de morto. Costuma dizer-se: “Para mim, está mort@!”.
Vou alinhar várias canções, todas de despedida, segundo uma ordem que as aproxima cada vez mais de um exemplo de luto por um vivo.
A canção Le Moribond, de Jacques Brel (1961) é uma despedida da vida/anúncio de morte. Conheceu várias retomas em língua inglesa. A versão mais célebre é, porventura, Seasons in the sun (1974), do canadiano Terry Jacks, influenciado pela leucemia de um amigo. Conheci-a em meados dos anos setenta quando comprei um single com a canção Where do I begin, de Andy Williams, inspirada no filme Love Story, também uma canção de despedida. A canção de Terry Jacks, se bem me lembro, vinha no lado B. Ao arrepio do expectável, existem muitas canções de luto de vivos por vivos. Retenho duas em língua francesa: On Ne Vit Pas Sans Se Dire Adieu, de Mireille Mathieu (1974), e Adieu, de Lynda Sherazade (2020).
Tenho que me entreter com qualquer coisa! E nunca enjeitei os assuntos mais incómodos. Acolho-os harmoniosamente, como estas canções. Coloco apenas uma condição: gostar dos conteúdos partilhados, no presente caso, das canções, que, sendo cinco num único post, ninguém vai visionar.
Repetição e variação

Quando a paisagem humana se encolhe e se repete, o melhor é recorrer ao que pode variar. Por exemplo, a música. Seguem duas interpretações do California Guitar Trio: o medley Ghost Riders on the Storm, a partir dos Shadows e dos Doors; e o cover de Echoes, dos Pink Floyd.
Insensibilidade

See Me / Feel Me / Touch Me / Heal me (The Who. Tommy. 1969).
Corpo ausente, câmara fria / Laços líquidos, passos perdidos / Memória leve, exílio forçado / Ponte quebrada, rio seco / Vazio social. Alguém consegue ver, sentir, tocar, cuidar? Always listening to you!
The Who, 43 anos após a estreia da ópera-rock Tommy.
O amor pela dúvida

Geniais! O anúncio e o teste. O valor reside na ideia; a técnica acompanha. O teste é duplamente virtuoso: como revelação e como comunicação: cada um convence-se a si próprio.
O que significa o resultado do teste? Herança de uma história que reservou o acesso à notoriedade aos homens? Uma memória coletiva seletiva que retém os nomes masculinos? Por que não, também, uma idiossincrasia pessoal?
Segue o anúncio Supradyn Memory Test, da Supradyn, bem como uma canção muito especial, com uma letra também inspiradora: Les gens qui doutent, de 1974, por Anne Sylvestre.
Les gens qui doutent – Anne Sylvestre (Paroles)
J’aime les gens qui doutent
Les gens qui trop écoutent
Leur cœur se balancer
J’aime les gens qui disent
Et qui se contredisent
Et sans se dénoncer
J’aime les gens qui tremblent
Que parfois ils nous semblent
Capables de juger
J’aime les gens qui passent
Moitié dans leurs godasses
Et moitié à côté
J’aime leur petite chanson
Même s’ils passent pour des cons
J’aime ceux qui paniquent
Ceux qui sont pas logiques
Enfin, pas “comme il faut”
Ceux qui, avec leurs chaînes
Pour pas que ça nous gêne
Font un bruit de grelot
Ceux qui n’auront pas honte
De n’être au bout du compte
Que des ratés du cœur
Pour n’avoir pas su dire :
“Délivrez-nous du pire
Et gardez le meilleur”
J’aime leur petite chanson
Même s’ils passent pour des cons
J’aime les gens qui n’osent
S’approprier les choses
Encore moins les gens
Ceux qui veulent bien n’être
Qu’une simple fenêtre
Pour les yeux des enfants
Ceux qui sans oriflamme
Et daltoniens de l’âme
Ignorent les couleurs
Ceux qui sont assez poires
Pour que jamais l’histoire
Leur rende les honneurs
J’aime leur petite chanson
Même s’ils passent pour des cons
J’aime les gens qui doutent
Mais voudraient qu’on leur foute
La paix de temps en temps
Et qu’on ne les malmène
Jamais quand ils promènent
Leurs automnes au printemps
Qu’on leur dise que l’âme
Fait de plus belles flammes
Que tous ces tristes culs
Et qu’on les remercie
Qu’on leur dise, on leur crie :
“Merci d’avoir vécu
Merci pour la tendresse
Et tant pis pour vos fesses
Qui ont fait ce qu’elles ont pu”