Música – De Corpo e Alma

“A boa música não se engana e vai direta ao fundo da alma em busca da tristeza que nos devora” (Stendhal)
“A música é o refúgio das almas ulceradas pela felicidade” (Emil Michel Cioran)
“A música dá uma alma aos nossos corações e asas ao pensamento” (Platão)
“Toma um banho de música uma a duas vezes por semana durante alguns anos e verás que a música é para a alma o que a água do banho é para o corpo” (Oliver Wendell Holmes)
“Ah! A música. São pedaços do bom Deus que vos entram na alma pelas orelhas!” (Louis Pelletier-Dlamini)
“A música é infinita. Ela é a linguagem da alma” (Otto Klemperer)

Tende-se a distinguir o corpo da alma, associando a música à segunda. Não me parece sensato. A música convoca tanto o corpo como a alma. Envolvem-se e vibram ambos. Quando a alma ou o corpo cantam o corpo ou a alma dançam, e vice-versa. Duvido, aliás, da bondade de desligar corpo e alma. A dualidade “corpo e alma” afigura-se-me como um desdobramento perifrástico de uma unidade simples: o “ser”. O meu corpo e a minha alma gostam de andar abraçados: juntos sou eu; separados não sei o que são.
Se existem compositores que ilustram a associação do corpo, Jean-Philippe Rameau (1683-1764) é certamente um deles. Abra-se, portanto, o corpo e a alma a um excerto da ópera Les Indes Galantes e à balada Frère Jacques.