Crepúsculo

Morris. Lucky Luke. O cow-boy solitário.
“Crepúsculo: Símbolo intimamente ligado à ideia do Ocidente, o lugar em que o sol declina, se apaga e morre. Exprime o fim de um ciclo e, por conseguinte, a preparação de uma renovação. As grandes proezas mitológicas, prelúdio de uma revolução cósmica, social ou moral, tiveram o seu desfecho no decurso de uma viagem para Oeste: Perseu procurando matar a Górgona, Hércules o monstro do Jardim das Hespérides, Apolo levantando voo junto dos Hiperbóreos, etc.
O crepúsculo é uma imagem espácio-temporal: o instante suspenso. O espaço e o tempo vão emborcar ao mesmo tempo num outro mundo e noutra noite. Mas esta morte do Um é anunciadora do outro: um novo espaço e um novo tempo sucederão aos antigos. A marcha para Oeste é a marcha rumo ao futuro, mas mediante transformações tenebrosas. Para além da noite, aguardam novas auroras.
O crepúsculo reveste também, por si, e simboliza a beleza nostálgica de um declínio e do passado. É a imagem e a hora da melancolia e da nostalgia” (Chevalier, Jean & Gheerbrant, Alain, Dictionnaire des Symboles, Paris, Ed. Robert Laffont, 1969, p. 311-312).
Marca: Sumol. Título: Fruit Bubbles. Agência: Brandia Central (Lisboa). Portugal, 2009.
O crepúsculo e a melancolia constituem tópicos marcantes da criação cultural e artística. Não há como escolher. Segue um anúncio português da Sumol, uma meia dúzia de pinturas e dois vídeos musicais. Por último, uma brincadeira desmiolada: a lenda da criação da Luz Eléctrica.
Galeria de imagens: Impressões crepusculares.
- 1. William Turner. Slave ship. 1840.
- 2. Jean-François Millet. Angelus. 1857-1859.
- 3. Auguste Rodin. . Golden Twilight on the Dunes in the Forest of Soignes. 1871-1877
- 4. Pierre-Auguste Renoir. Sunset at sea. 1879.
- 5. Claude Monet. Sunset on the River at Lavacourt, Winter Effect. 1880-1882.
- 6. Vincent Van Gogh. Saules têtards au coucher de soleil, 1888.
- 7. Claude Monet. Saint-Georges-Majeur au crépuscule. 1908-1912.
“A marcha para Oeste é a marcha para o futuro”. A expressão inglesa go west é, contudo, uma espécie de busto com duas faces. Pode ser uma bússola apontada para uma terra prometida. A expressão está historicamente associada à colonização, para Oeste, dos Estados Unidos. Go West é título de filmes de Buster Keaton (1925) e dos Marx Brothers (1940), bem como da canção dos Village People (1978), retomada pelos Pet Shop Boys (1993). O significado corrente da expessão go west na língua inglesa é, porém, o oposto: ir para Oeste é ser destruído ou morto.
Pet Shop Boys. Go West. 1993.
Lenda da Criação da Luz Eléctrica
Crepúsculo e Aurora gostavam um do outro. Mas a noite e o dia não os deixavam namorar. Rogaram ao sol e à lua, mas nada. O sol e a lua não paravam de rodar. Um dia, a lua e o sol cansaram-se de tanta volta. Estacionaram um frente ao outro. Foi o mais longo e escuro eclipse de sempre. Nem se via um pirilampo. Crepúsculo e Aurora aproveitaram para se encontrar, não sei se ao meio-dia se à meia-noite. Desta união, nasceu a Luz Eléctrica, que brilha quando quer, seja noite, seja dia.
Anne Dudley. Moments in love. A Different Light. 2001.
Que magnífico apanhado, venha o Crepúsculo, para nascer ou morrer!