Tag Archive | Yann Tiersen

Fatiar a vida

Mordillo,

Fatiar a vida ano após ano até oxidar o tempo. Sobram, afortunadamente, momentos. Ínfimos, infinitos, pessoais. Feliz aniversário!

Aidan Gibbons: The Piano. Música de Yann Tiersen.
Yves Montand. Les feuilles mortes. 1949 ou 1950. Ao vivo no Olympia. 1981.

Desligado. Hikikomori.

Dá-me alguém e dou-te o mundo

Homem preso dentro de garrafa. Fonte – Internet

Dá-me alguém e dou-te o mundo

A palavra japonesa Hikikomori refere-se tanto a uma situação de vida como àqueles que a vivem. No Japão, mais de meio milhão de pessoas vivem neste isolamento. Desligam, refugiam-se em casa, furtando-se à pressão social. Recorde-se, aliás, que o Japão se carateriza também por uma elevada taxa de suicídio. Este fenómeno existe noutras sociedades. Não confundir com o confinamento que é uma imposição e não uma iniciativa. O confinado recorre a todos os meios de comunicação disponíveis (por exemplo, o telemóvel ou o Skype), o Hikikomori evita-os. Enfim, a condição do Hikikomori difere de situações de isolamento extremo, como o de muitos idosos. Não se foge de quem não existe

Social Isolation in Japan, Hikikomori Are Now Opening Up: NBC Left Field | On the Fringe. 2017.

Desertas são as paisagens deste vídeo musical de Yann Tiersen.

Yann Tiersen. Pell. All. 2019.

Yann Tiersen

Yann Tiersen descende dos bretões e de outras coisas mais; eu descendo dos brácaros e de outras coisas menos. Partilhamos uma origem celta. A discografia de Yann Tiersen é apreciável. As músicas Pell (um belo vídeo) e Tempelhof foram extraídas do álbum ALL, publicado em 2019.

Yann Tiersen. Pell. ALL. 2019
Yann Tiersen. Tempelhof. ALL. 2019.

Acrobacia e dança

Kami-Lynne Bruin .

Já coloquei a música Porz Goret, de Yann Tiersen (https://tendimag.com/2018/12/12/cavalo-cansado/). Mas não com este vídeo: uma dança acrobática de Tarek Rammo & Kami-Lynne Bruin, que já foram membros do Cirque du Soleil. O ritmo, a melodia e o sentimento da música de Yann Tiersen prestam-se à dança.

Yann Tiersen. Porz Goret. EUSA. 2016. Acrobatas: Tarek Rammo & Kami-Lynne Bruin.

Confidências de um guarda-chuva solitário

Pendurado na cancela. Fotografia de João Gigante. Livro Pedra e Pele. 2018.

O meu dono deixou-me pendurado nesta cancela metálica. Deixou-me a falar com os meus botões. Um guarda-chuva não fala? Se assim o diz, mas, na verdade, não pode não comunicar, como os humanos de Erving Goffman. O meu dono deixou-me aqui sozinho e pendurado. Pareço um marco ou um padrão: este território tem dono e o dono anda por perto. Sinais de guarda-chuva! Quem passa olha para mim e inteira-se: o Tio Zé anda nos campos. Se não houvesse outras possibilidades, a minha capacidade de comunicar seria questionável. Mas quando há alternativas, a vontade e o sentido intrometem-se. O meu dono possui dezenas de sítios para me colocar. Por exemplo, dentro da propriedade. Mas coloca-me logo à entrada. De outro modo, os transeuntes não saberiam que o Tio Zé está no campo. Para me consolar, sonho que sou um guarda imperial na fronteira de um “reino maravilhoso” (Miguel Torga).

Disse que lembro um marco. Nestes tempos de satelização, assemelho-me também a um ponto de GPS. Na minha aldeia, passa-se a palavra. Uma pessoa pode não estar comigo e saber onde estou. O Tio Zé? O Tio Zé está no campo, deixou o guarda-chuva à entrada.

Pendurado nesta cancela, aguardo a hora da missa. Se chover, vamos em cortejo. Os guarda-chuvas e os donos (ver A Sociedade dos guarda-chuvas). Abrem-se as varetas como os anjos abrem as asas. Discursos e sinais à parte, a nossa missão não é falar, é molhar-nos pelos outros.

Os guarda-chuvas apreciam a música e a dança. Quem não se lembra de Singin’ in the rain (1952)? Entre a cancela e a igreja, apetece ouvir a canção Le Parapluie (original de Georges Brassens, 1952) na versão de Yann Tiersen & Natacha Regnier (2001), com fotografias de Robert Doisneau.

Yann Tiersen & Natacha Regnier. Le Parapluie. 2001.

Cavalo cansado

Bretanha

Gosto de ligar o que não tem ligação ou está solto. Em todos os domínios menos um: o mundo académico e científico. Fazem-no por mim. Em França, a Bretanha, como o Minho, tem uma ascendência celta, o que se presta a simbolismos profundos. Em 1975, Pierre-Jakez Helias escreveu um livro chamado Cheval d’Orgueil dedicado à cultura bretã. Teve um enorme sucesso. Em 1977, volvidos dois anos, Xavier Grall publica o livro Le Cheval Couché a criticar o passadismo de Pierre-Jakez Helias. Ambos são bretões. Yann Tiersen e Didier Squiban também são bretões, compositores e pianistas. Yann Tiersen é sobejamente conhecido, Didier Squiban nem por isso. Para comparação, junto as músicas Porz Gwenn e Ar Baradoz, de Didier Squiban, e a música Porz Goret, de YannTiersen.

DidierSquiban. Porz Ween. Porz Ween. 1999.
Didier Squiban. Ar Baradoz. Molene. 1997.
Yann Tiersen. Porz Goret. EUSA. 2016.

Infinitude

Yann TiersenYann Tiersen, que aparece num dos primeiros artigos deste blogue (http://tendimag.com/2011/09/03/notas-coloridas-musica-e-animacao/), acaba de publicar um novo álbum: Infinity. Segue o vídeo oficial disponível: A Midsummer Evening. Uma boa companhia para as noites mágicas em que ninguém perde, nem ninguém ganha.

Yann Tiersen. A Midsummer Evening. Infinity. Maio 2014.

Cento e cinquenta mil velas

Visualizações do blogue Tendências do Imaginário: 365 dias até 09.02.2014.

Fig 1. Visualizações do Tendências do Imaginário: 365 dias até 09.02.2014.

O blogue Tendências do Imaginário ultrapassou as 150 000 visualizações. Mais de mil artigos em trinta meses. As visualizações cresceram, paulatinamente, rondando, nas últimas semanas, cerca de 300 por dia. Não é bom, nem é mau, é o que se arranjou. Tendências do Imaginário é um blogue com vocação universal em língua portuguesa. O contrário de um blogue paroquial em língua estrangeira. Esta vocação universal é, de algum modo, indiciada pela proveniência geográfica das visualizações. Como se pode observar na figura 1, nos últimos 365 dias, as visualizações provêm de quase todo o globo, com particular incidência nos países lusófonos (Portugal e Brasil) e nos países com forte emigração portuguesa (França, Estados Unidos da América e Alemanha). Três em cada dez (29,3%) visualizações provêm de Portugal. Entristece-me que este blogue seja improdutivo, sem efeitos na economia do País, nem na minha. Antes pelo contrário! Muito embora… Neste momento, uma pesquisa por imagens no Google acerca da Domus Aurea, de Roma, revela que nas primeiras quarenta e quatro imagens oito são deste blogue. Terá isso efeito algum económico? E educativo? Não sei! Só perguntando aos produtores de produtivos.

À semelhança da dama do anúncio da Ferrero Rocher, apetece-me colocar algo, algo especial. Algo, ao mesmo tempo, diferente e igual. A chave para estes oxímoros costuma descansar na memória. O primeiro vídeo, um anúncio da BASF, data de finais dos anos setenta. Uma vez visto, fica a piscar no cérebro como um boneco teimoso. O segundo, The Piano, foi a primeira curta-metragem colocada no blogue Tendências do Imaginário (em 03/09/2011). Marca um estilo.

Marca: BASF. Título: Play it again John! Direção: Tony Williams. Nova Zelândia, 1979.

Música: Jean Sheppard, Dear John. Letra:

Dear John, Oh how I hate to write.
Dear John, Oh how I miss you so, tonight.
But my love for you has gone,
So I’m sending you this song.
Tonight I’m with another.
You’ll like him John,
He’s your brother.
So adieu to you forever.
Dear John.

Aidan Gibbons: The Piano. Música de  Yann  Tiersen.

Notas coloridas: música e animação

Bom 2016!

Nesta animação de Aidan Gibbons, com música de Yann Tiersen (“Comptine d’un autre été: l’après midi” ; Amélie, 2001), o piano e o pincel rivalizam na criação de um momento de melancolia.

A combinação da música e da animação conheceu o seu marco mais influente no filme musical animado “Fantasia” (1940), que contou com a colaboração de Salvador Dali. Dele faz parte esta Dança das Horas, de Amilcare Ponchielli, transformada numa espécie de bailado bestial.

Carregar nas imagens para aceder aos respectivos vídeos.

Dança das Horas Disney

No caso de Fantasia, a iniciativa coube à animação. Mas também ocorre o inverso. Em 1960, The Beatles lançam o filme animado, psicadélico q.b., “Yellow Submarine”. O vídeo seguinte diz respeito à canção “Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band”.

beatles

Muitos grupos rock/pop recorreram a esta solução. Os Pink Floyd utilizavam a animação tanto nos vídeos musicais como nos espectáculos. Segue a animação criada por Gerald Scarfe para servir de fundo à música “Welcome to the machine” durante a digressão “In the Flesh” de 1977.

Welcome to the machine

Extrema é a combinação da música e da animação por parte da banda Gorillaz, criada em 1998 por Damon Albarn, dos Blur, e por Jamie Hewlett, co-criador da banda desenhada “Tank girl”. A imagem pública da banda resume-se praticamente a estes vídeos musicais animados. Segue-se um dos seus vídeos mais “expressivos”: “Feel Good Inc.” (2005).

gorillaz

A combinação da música e da animação espalhou-se em praticamente tudo o que é multimédia, nomeadamente no cinema (a rave do Shrek 1 é inesquecível), nos anime, nos videojogos e, claro, na publicidade.