Transformação
Multiplicam-se os anúncios com pessoas LGBT. O Paul’s Journey, da SJ Swedish Railways, é especial. Como diria Edgar Morin (1967, Commune en France, Paris, Fayard), é stendhaliano: tem o sentido do detalhe. Durante uma viagem de comboio, gesto a gesto, assiste-se a uma transformação da aparência identitária.
Marca: SJ Swedish Railways. Título: Paul’s Journey. Agência: TBWA Stokholm. Direcção: Anders Hallberg. Suécia, Março 2017.
Cosmética
Ele ou ela? Uma questão de cosmética? Eis a magia da liquidez: mergulha-se mulher e sai homem; e vice-versa. O anúncio High School Girl?, da Shisheido, embora não o explicite, lembra a figura do andrógino, cara ao imaginário japonês.
As marcas de moda evidenciam-se pela qualidade dos anúncios. Este é um bom exemplo. Para aceder ao making of: https://www.youtube.com/watch?v=CM_uPPvXUXs.
Marca: Shisheido. Título: High School Girl? Japão, Outubro 2015.
A mecânica da felicidade
Tudo muda: “todo o mundo é composto de mudança”. Todo o mundo? Não. Por consenso, o automóvel Mitsubishi é uma excepção. Como admite Luís de Camões: “E afora este mudar-se cada dia, / Outra mudança faz de mor espanto / Que não se muda já como soía”. Deve ser esta espantosa estabilidade automóvel, à prova do toque de Midas, a mecânica da felicidade.
Marca: Mitsubishi. Título: Midas. Agência: África. Direção: ALASKA. Brasil, Maio 2014.
Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, d
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões
A Nova Jerusalém
Deus criou o mundo em seis dias. Obra perfeita. Ao sétimo, descansou. Mas a perfeição não era perfeita. Ao oitavo dia, Deus quebra o repouso e regenera a criação, iniciada a um domingo e a um domingo ultimada.
Houve tempos em que a promessa de salvação era apanágio da Igreja. Seguiu-se a política. Entretanto, as esferas celestiais rolam nos estádios e a Nova Jerusalém adquire foros de cotação na bolsa. Mas ainda não acordamos do sonho do Apocalipse de João. Os anjos brancos e os anjos negros continuam a defrontar-se perante os nossos olhos impotentes. E os anjos negros parecem cair não no inferno mas num enorme trampolim.
O anúncio brasileiro A Grande Transformação, do Banco Itaú, é uma obra-prima de comunicação. Soberbo! Quando o poder financeiro coloca maravilhas ao peito apetece entoar glórias e hossanas. Mas a experiência ensina-nos que sempre que travestimos seres humanos em deuses, São Bartolomeu solta o diabo.
Marca: Banco Itaú. Titulo: A Grande Transformação. Agência: Africa, Brazil. Direção: Cláudio Borrelli. Brasil, Dezembro 2013.
“Vi também a cidade santa, a Nova Jerusalém (…) Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim (…) Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro, e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus. Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste. A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. Aquele que falava comigo tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade, as suas portas e a sua muralha. A cidade é quadrangular, de comprimento e largura iguais. E mediu a cidade com a vara até doze mil estádios. O seu comprimento, largura e altura são iguais. Mediu também a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados, medida de homem, isto é, de anjo (…) As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite. E lhe trarão a glória e a honra das nações.”
(Apocalipse 21:1 – 22:5)