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Nas mãos de uma criança

Um bebé afasta-se, a contraluz, rumo à janela. De fraldas em riste, rasga horizontes. Go and see just how kind this world can be. Um anúncio da  Airbnb, com imagem, texto, voz e música encantadores.

Marca: Airbnb. Título: Is Mankind? Agência: BWA/Chiat/Day, San Francisco. Direcção: Lance Acord. USA, Julho 2015.

Manuel FreireA propósito ou a despropósito, vale sempre a pena ouvir a Pedra Filosofal, de Manuel Freire, com letra de António Gedeão, estreada em 1969.

Naquele tempo, não éramos bons alunos em nada. Estava para vir a arte da sicofância (ver Sicofância: a arte dos lambe cús).

Manuel Freire. Pedra Filosofal. Letra de António Gedeão. 1969.

Barra de chocolate

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Os NoBrain são três directores que “funcionam como um único”. Realizaram vídeos memoráveis: por exemplo, New Road (Citröen, 2007) ou Huit (Mac Guff, 2009). Neste anúncio turco, a barra de chocolate Bi-Ruya é de uma beleza rara, as faixas são de uma extrema leveza e o final não podia ser mais crocante e estaladiço. Os ingredientes para o sonho são os do costume: o portal, a queda, a cama, a animação dos objectos… A sedução das barras de chocolate progrediu muito. Compare-se a sensualidade da actual Bi-Ruya com a da Kit-Kat de há cerca de 25 anos atrás.

Marca: Bi-Ruya. Título: Dream. Agência: Dinamo. Direcção: NoBrain. Turquia, Março 2015.

Marca: Kit-Kat. Título: Kit Capp. Agência: J. Walter Thompson. UK, 1991.

Passear o sonho

Odilon Redon, “The Haunted and The Haunters”, 1896

Odilon Redon, “The Haunted and The Haunters”, 1896

“Matar o sonho é matarmo-nos” (Fernando Pessoa, Livro do Desassossego por Bernardo Soares)
O blogue Tendências do Imaginário gosta de sonhar. Não há que estranhar! O sonho e o imaginário moram na mesma casa. Com os pés na cave e a cabeça no sótão. O anúncio Dream Run, da Honda, é todo ele um sonho. Não sei se os sonhos são assim, mas parece. Confusão, absurdo, síncopes, imprevistos, obsessão… E os Eurythmics a cantar “Sweet Dreams”.Também podia ser o Marilyn Manson. Há quem diga que “sonhar é acordar-se para dentro” (Mário Quintana, Os parceiros).

Marca: Honda. Título: Dream Run. Agência: Leo Burnett (Australia). Direção: Nathan Price. Austrália, Fevereiro 2015.

O último refúgio

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Este anúncio do IKEA é aprazível, onírico, uma boa aposta na estética. Uma ideia simples bem explorada. T shirts associadas a aves, aves que não encontram pouso a não ser nos armários IKEA. Este anúncio lembra outro, magnífico, da Ariston Aqualtis (Underwater World, 2006). Recoloco-o porque o anúncio merece! E nós. também. Há dias, mencionei a relação entre o eu e o outro como chave mestra da publicidade. Anúncios como este mostram que não convém esquecer o sonho.

Marca: IKEA. Título: The Joy of Storage. Agência: Mother (London). Direcção: Dougal Wilson. UK, Janeiro 2015.

Ecrãs de sonho

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Afastemos o mal para demandar a antecâmara do paraíso: a publicidade. Os ecrãs, não sei se nos perseguem, se os perseguimos, mas não paramos de os encontrar. Os ecrãs Samsung levitam, à espera da menina dos sonhos, à espera do sonho. Os ecrãs são o lugar por onde passa o sonho, o lugar do sonho. O resto é animação, engenho e arte.

Marca: Samsung. Título: Holiday Dreams. Agência: R/GA. Direcção: Ben Steiger Levine & Martin Allais. USA, Dezembro 2014.

Infinitamente nada

O argentino Guillerme Mordillo, “catedrático honorário do humor” pela universidade espanhola de Alcalá de Henares, é um cartoonista que se distingue pelos desenhos coloridos sem sombra de palavra. O seu humor terno está bem patente nestas duas imagens.

Guillermo Mordillo. Perfect.

Guillermo Mordillo. Perfect.

O elefante e a girafa dão à luz um híbrido desconsolado. Bauman diria que é fruto da liquidez das fronteiras. Ser funâmbulo no arco-íris não é para todos. É só para quem perde a razão, para “quem vê com o coração”. Os amantes são os principezinhos da pós-modernidade. Como diria Pascal, somos infinitamente pequenos pelas nossas capacidades, mas infinitamente grandes pelos nossos desejos. Não somos geómetras com a flecha apontada ao sonho. Não “inventámos a felicidade” (Max Weber), namorámo-la.

Guillermo Mordillo Over The Rainbow.

Guillermo Mordillo Over The Rainbow.

Como cativar um avião

Dream_TurkishAirline“O quinto elemento” da família é um globetrotter. Mal recomposto da China, regressa da Rússia. Entre aviões, lembra-me anúncios, como este prodigioso Dreams, da Turkish Airlines. Imaginação, vontade, magia, e o sonho navega com “asas de desejo”. No alfabeto da alma, às crianças cabem-lhes letras especiais. Com elas, se escreve o bom, o bem e o belo. Mas também o abismo da humanidade. “Existe uma criança [escondida] em cada um de nós”. Mas nem sempre a merecemos.

Marca: Turkish Airlines. Título: Dreams. Agência: Lowe Istanbul. Direção: Bahadir Karatas. Turquia, Fevereiro 2014.

A Invenção do Amor

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A amizade entre uma criança e um animal constitui um tópico maior da nossa fantasia. Qual é o adulto maduro que não se lembra das séries Rin Tin Tin, Lassie ou Skippy? Neste anúncio da Jonh Lewis, de alta tecnologia, orçamentado em cerca de um milhão de Libras, uma criança tem como companheiro de sonho um pinguim. Ambos sonham com o amor. E nós sonhamos com eles.

Marca: John Lewis. Título: Monty The Penguin. Agência: Blink Adamandeve DDB, London. Diteção: Dougal Wilson. UK, Novembro 2014.

Manuel Freire. Pedra Filosofal.

A Cama de Shakespeare

Ikea. Beds

Omnipresentes neste anúncio da IKEA, o sonho e o voo não nos largam. Quedas em cascata, de cama em cama suspensas nas nuvens. As imagens parecem sair de uma pintura de René Magritte. Mas o golpe de génio reside na récita de Shakespeare. “Somos feitos da matéria dos sonhos”!

“Os nossos festejos terminaram. Como vos preveni, eram espíritos todos esses atores; dissiparam-se no ar, sim, no ar impalpável. E tal como o grosseiro substrato desta vista, as torres que se elevam para as nuvens, os palácios altivos, as igrejas majestosas, o próprio globo imenso, com tudo o que contém, hão-de sumir-se, como se deu com essa visão ténue, sem deixar vestígio. Somos feitos da matéria dos sonhos; nossa vida pequenina é cercada pelo sono.” (William Shakespeare (1610-1611), A Tempestade, Próspero, Acto IV, Cena I).

Marca: Ikea. Título: There’s no bed like home. Agência: Mother London. Direcção: Juan Cabral. UK, Julho 2014.

Princesinha

General ElectricÀs vezes, mergulhamos nas borras do ácido e esquecemos a doçura das nuvens. Mas, até nestes tempos de chuva pesada, a imaginação encontra modo de nos tirar a língua. É a nossa companheira. Íntima e fiel, como uma flor de Maio. Segue-nos por todo o lado. Com a crise, a publicidade regressou ao quadrado óbvio fisgado nos objectivos. Sofre a criatividade. Mas há portas que, uma vez entreabertas, não se voltam a fechar. A do sonho, por exemplo. Por entre tantas conquistas que nos oprimem, este anúncio da General Electric resgata a imaginação. Uma “princesinha” com uma rosa ao peito, voz de amor e olhos de sonho! “Tira-me o pão, se quiseres, tira-me o ar, mas não me tires o teu riso” (Pablo Neruda, O teu riso). E a imaginação? “O que torna belo o deserto (…) é que ele esconde um poço nalgum lugar” (Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe).Tirem-me tudo, mas deixem-me a imaginação! Há anúncios que são poemas.

Marca: General Electric. Título: Childike Imagination. Agência: BBDO, New York. Direção: Dante Ariola. USA, Fevereiro 2014.

Fruto do acaso ou não, a EDP lançou em meados de 2012 um anúncio, “Pela Energia do Amanhã, com algumas semelhanças com este “Childike Imagination”, da General Electric. Merece ser recordado. Não deixa de ser curioso como mal se lida com um anúncio português se encontram logo limitações de incorporação, sobretudo em termos de qualidade.

Marca: EDP. Título: Pela Energia do Amanhã. Agência: BAR. Portugal, 2012.