Água do deserto

Os anúncios da Sony são extraordinários. Efeitos visuais fabulosos e uma estética fantástica. No anúncio Desert Water, o som é vedeta. Sai, incluindo a voz de Grace VanderWaal, do próprio ecrã. Uma gota de água avoluma-se, através de um dominó de monitores, até se despenhar numa cascata. O som, portentoso, é imersivo. Tão real como o real!
Da série de anúncios a televisores da Sony, o meu preferido é o Balls, de 2005 (ver https://tendimag.com/2013/11/05/erupcao-de-cores/). Recordo, não obstante, o Strangely Beautiful / Ice bubbles, de 2014.
We soon see the beginning of life, as a single drop of water emerges into the scene through a BRAVIA AG9 TV. The drop turns into a river as the music grows to match its intensity and strength. As the spot leads us through an ever-emotive experience, we witness the river becoming a beautiful waterfall, a climatic finish that lets the viewer be immersed in sound and vision (Innocean).
Ser diferente
Há mundos e mundos. Os teus, os dos outros e os nossos. E aqueles que nem sequer suspeitamos. Mundos da vida. Mundos sensoriais. O que ouve um autista? Este anúncio da National Autistic Society esboça um cenário (para mais informação, consultar http://www.autism.org.uk/living-with-autism/understanding-behaviour/the-sensory-world-of-autism.aspx).
Anunciante: National Autistic Society. Título: Sensory Overload. Agência: The News. Direcção: Steve Cope. USA, Abril 2014.
O anúncio Sensory Overload lembra a ópera rock Tommy (1969), dos The Who, filmada por Ken Russell. Durante a guerra, o capitão Walker é dado como morto. Deixa a mulher grávida. Nasce Tommy. A mãe tem um amante: Frank. Passados alguns anos, o pai, inesperadamente, regressa e é assassinado por Frank. Tommy presencia a tragédia através de um espelho. A mãe e o padrasto insistem que ele nada viu, nem ouviu, logo nada contará a ninguém. Tommy torna-se, de facto, cego, surdo e mudo…
Os anos corroeram a memória dos The Who e do realizador Ken Russell, que ganhou um óscar em 1969 pelo filme Women in love. Em 1971, estreou o estranho e excessivo The Devils. Em 1980, é a vez da ficção científica com Altered States. Realizou, também, vários filmes dedicados a compositores musicais (Elgar, Liszt, Mahler, Tchaikovsky).
Sobram fórmulas para enterrar talentos. A mais vulgar é R.I.P. e a mais eufemística, “estava adiantado em relação ao seu tempo”: a obra de Ken Russel tinha traços pós-modernos, mas antes da declaração do fim das grandes narrativas, e barrocos, mas antes do neobarroco…
Segue a faixa See Me Feel Me – Listening to you, do album Tommy (1969) dos The Who.
À Cabeçada
Humor retorcido mas inspirador. Conheço, por exemplo, um país que quanto mais usa a cabeça maior é a sua cotação no estrangeiro. Será o efeito galo?
Anunciante: International Radio Festival Zurich. Título: Post. Agência: TBWA\ZÜRICH, Zurich. Direção: Karim Huu Do. Suíça, Setembro 2012.
Sons do cartão de crédito
Nos tempos que correm, o mais avisado é descobrir outros usos para o cartão de crédito. Este anúncio finlandês dá-nos algumas pistas.
Marca: S-Bank. Título: The card as an instrument. Agência: 358 Helsinki. Finlância, Fevereiro 2012.
Hieróglifo urbano
Este anúncio não provoca amor à primeira vista, antes suave massagem estética. Entranha-se. O que começa como publicidade, acaba como arte. É original. A imagem é soberba. Sem música de fundo, desfruta, em contrapartida, de um som fabuloso. Dispensa a palavra. Não tem história, mas faz sentido. Com este andar, os sapatos Osíris afirmam-se como hieróglifo de uma subcultura urbana. Se viu, reveja, não se contente com a margem quando pode ousar a travessia.
Marca: Osiris Shoes; Título: The soul of the Osiris. Agência: Futuristic Films; Direcção: Nicholaus Goossen. EUA, Setembro 2011.