Futebol. O santuário

O anúncio Football Is Calling, da Pepsi, consiste, essencialmente, num monólogo inflamado de apelo à devoção ao futebol: ““This is our sanctuary, where the only protocol is football. And the only thing we stand for is sitting.” Um discurso de conversão dos alheados. Um discurso eloquente que logra uma comunhão da audiência consubstanciada por uma lata da Pepsi. Refira-se que a Pepsi tem um acordo com a NFL (National Football League), a liga desportiva profissional de futebol americano dos Estados Unidos.
Há quem sustente que o futebol configura uma religião, uma religião laica. Congrega lugares de culto, rituais coletivos, panteão, credos, profetas, messias, exegetas, ídolos, imagens, hagiografias, epifanias, fiéis, procissões, irmandades, catarse, regeneração e pão nosso quotidiano. Metáforas e analogias à parte, trata-se de uma extrapolação que não me convence. Futebol é futebol, religião é religião. O que não obsta a que este anúncio me recorde um artigo de juventude de grata memória: “O desporto do nosso contentamento. Notas sobre a popularidade do futebol”, reproduzido em várias publicações: Boletim Cultural, do município de Melgaço; revista Economia e Sociologia, da Universidade de Évora; e livro Para uma sociologia da perversidade. Em maior número foram as comunicações que proporcionou. Hoje, neste contexto, elegeria este anúncio como ilustração. Junto o pdf da primeira versão do texto “Desporto do nosso contentamento” (carregar na seguinte imagem).