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Na tua cabeça

Samsung Galaxy. Alpaca. 2019.

Quand on est couronné,
On a toujours le nez bien fait ( Charles Perrault, Les souhaits ridicules. Contes de ma Mère l’Oye (1697).

A Samsung (Galaxy) aprecia pescoços altos. Gosta, também, de penas e de pelos fofos. No anúncio O Voo do Avestruz, de 2017, um avestruz consegue voar graças à realidade aumentada (ver https://tendimag.com/2017/04/04/o-voo-do-avestruz/ ). No anúncio recente Alpaca, as alpacas, tosquiadas, estilizadas e coloridas pela mão da moda, conquistam as passerelles e andam nas cabeças do mundo.

El encuentro casual de una mujer con las hermosas (y ciertamente tontas) criaturas durante un viaje a Sudamérica le inspira una decisión precipitada. De esta manera se empieza a producir una extraña combinación de moda, arte y cría de animales, dando como resultado un fenómeno global.
Para permitir su visión creativa, esta artista emprendedora utiliza todas las funciones convenientes de su teléfono y su stylus: tomar fotos, grabar videos, dibujar maquetas y crear un plan de negocios (Adlatina, https://www.adlatina.com/publicidad/para-ver:-bbh-nueva-york-y-samsung-pasaron-de-los-avestruces-a-las-alpacas-sudamericanas).

Voar é a nossa ambição; uma coroa na cabeça, a nossa perdição. Dois anúncios da Samsung, dois delírios, duas palmas de ouro do Tendências do Imaginário. Um bom pretexto para recordar a música Zombie, dos Cranberries. Because it’s in your head.

Samsung – Galaxy note 10. Título: Alpaca. Agência: BBH New York. Nicolai Fuglsig. Estados Unidos, Setembro 2019.
Music video by The Cranberries performing Zombie. No Need to Argue. 1994.

Humanização técnica

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A Samsung disponibiliza uma aplicação que fala por nós, corrigindo-nos, quando comunicamos com pessoas que sofrem de depressão. Quando a inteligência artificial se revela mais sensível do que a inteligência humano, o caso é grave.

“People with depressions are sensitive and can be prone to specific words or phase. Even with good intentions, sometimes people say things that do more harm than good.   PREDICT TO PREVENT, a predictive text keyboard that can prevent tragedy from depression. By suggesting right choices of words instead of ones that can potentially hurt those people with depression around you, to prevent the unintentional damage. Predict to Prevent is compatible with every messaging application. The keyboard is available in English and Thai.”

Marca: Samsung. Título: Predict to prevent. Agência: BBDO Bangkok. Tailândia, Abril 2018.

Tecnofilia surrealista

Samsung Galaxy

Por que tantas crianças, do ventre à puberdade? As crianças são o futuro; e o futuro é uma criança. “O mundo pula e avança, como uma bola colorida, nas mãos de uma criança” (António Gedeão). E tanta água? Para quê tanta água. A água é o berço da vida, o alfa da estética e a fonte do prazer. Mergulhar! Não há melhor imersão, de preferência, virtual. Consegue distinguir real e irreal? O irreal é “mais real do que o real” e o real desrealiza-se. O futuro começa agora, o impossível, esse, começa com a Samsung!

Um belo anúncio, complexo, mas consistente. Um rodopio de imagens, sem pontas soltas. Afinal, “o essencial [não] é invisível aos olhos” (Principezinho). Prepare-se para uma mão-cheia de prazeres. Samsunganize-se! Faça o que não pode! Seja normal!

Marca: Samsung. Título: The new normal. Agência: Leo Burnett. Direcção: Mark Zibert. Estados Unidos, Abril 2017.

Nos videojogos, o futuro já começou. O impossível tornou-se banal. Segue um trailer, notável, do Starcraft, Resmastered – We are under Attack (2017). O anúncio da Samsung é eufórico, o do Starcraft, disfórico. Desta vez, é a sério: os extraterrestres invadem o planeta. Prepare-se para uma chuva de emoções fortes. As emoções decorrem cada vez menos das relações entre humanos e cada vez mais das relações com as máquinas. Starcrafte-se!

Starcraft. Remastered- We are under Attck. 2017.

O voo do avestruz

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“Não se teria jamais atingido o possível, se não se houvesse tentado o impossível” (Max Weber, 2004, Ciência e Política: Duas Vocações, São Paulo, Editora Cultrix, p. 123).

Costuma dizer-se “enfiar a cabeça num buraco como um avestruz”. Mas o avestruz não enfia a cabeça em nenhum buraco; em caso de ameaça, coloca a cabeça junto ao solo com o pescoço esticado para se camuflar, à distância, como um arbusto ou uma pequena rocha. Quem enfia a cabeça na areia somos nós, os seres humanos. Tanto que as nossas cabeças ficam a chocalhar. O avestruz voa? Graças à realidade virtual e ao sonho. A ilusão e o sonho tornados vontade e a vontade, técnica e magia. Mais ou menos como voam os seres humanos. Mas há muito quem nem sequer descole.

O voo constitui um dos tópicos preferidos do Tendências do Imaginário. O anúncio da Samsung, Ostrich, é brilhante. A ideia é original e inesperada. A técnica soberba. A história bem contada, a sequência com a sombra no solo do avestruz voador perseguida pelos outros avestruzes é espantosa. O slogan é intemporal: Do what you can’t.

Marca: Samsung. Título: Ostrich. Agência: Leo Burnett Chicago. Direcção: Matthijis Van Heijningen. USA, Março 2017.

Rare Bird. Flight. As your mind Flies By. 1970.

Azul, rosa e âmbar. Paleta simbólica.

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Significado das cores.

O mundo veste azul e rosa. Às vezes, azul sobre rosa, como a menina com o smartphone. Uma pincelada dissonante na geometria das cores. A Cinderela do smartphone é uma mulher vestida de azul. Personalidade? Segunda pincelada dissonante. Azul costuma ser associado por psicólogos e decoradores à serenidade, à harmonia e à maturidade: e, pelo comum dos mortais, ao sexo masculino. O rosa respira desejo, ternura e ingenuidade. Corresponde ao sexo feminino. Azul mais rosa dá roxo, todo espiritualidade, magia e mistério. A mistura das três cores não basta para produzir o branco, cor da paz, da harmonia e da pureza. Quando uma pessoa não tem que dizer, escreve com o cérebro em velocidade de cruzeiro. Devia limitar-se a ver o anúncio brasileiro Azul, da Samsung (vídeo 1). Mas caso insista na incontinência colorida, o melhor é mudar de tom, para um azul aveludado, e, sobretudo, de cor, de rosa para âmbar (vídeo 2).

Marca: Samsung S7 Edge. Título: Azul. Agência: Leo Burnett Tailor Made. Direcção: Carol Markowicz. Brasil, Janeiro 2007.

Mysteries of Love. Música por Angelo Badalamenti. Com Kid Moxie. Blue Velvet (1986), por David Lynch.

Máquinas de sonhos

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O sonho é de todos os tempos. Nosso é o “admirável mundo novo” das máquinas oníricas. A Samsung e a Wieder + Kennedy resgatam o sonho do inconsciente para o tornar refém de uma extensão do corpo: a realidade virtual propiciada pelo Smartphone Galazy S7 Edge: “Dreams are awesome. And if you could experience anything in a dream just by putting a phone on your face, why wouldn’t you get that phone?” Outrora, sonhávamos com máquinas, hoje, sonhamo-nos em máquinas. Nos sonhos, voa-se e levita-se. Este anúncio não é excepção. “Quando um homem sonha” é uma quimera; quando muitos homens partilham o mesmo sonho é uma realidade, uma realidade colectiva.

O sonho é tema de inúmeras canções. Retenho duas: All I Have To do Is Dream (1958), dos Everly Brothers; e Dreamer (1974), dos Supertramp.

Marca: Samsung. Título: Dreams. Agência: Wieden + Kennedy (Portlland). Direcção: Adam Berg. USA, Abril 2016.

Everly Brothers. All I Have To Do Is Dream. 1958.

Supertramp. Dreamer. 1974.

 

Ecrãs de sonho

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Afastemos o mal para demandar a antecâmara do paraíso: a publicidade. Os ecrãs, não sei se nos perseguem, se os perseguimos, mas não paramos de os encontrar. Os ecrãs Samsung levitam, à espera da menina dos sonhos, à espera do sonho. Os ecrãs são o lugar por onde passa o sonho, o lugar do sonho. O resto é animação, engenho e arte.

Marca: Samsung. Título: Holiday Dreams. Agência: R/GA. Direcção: Ben Steiger Levine & Martin Allais. USA, Dezembro 2014.

A Cenoura e o Sonho

Hemant Morparia. 2005

Hemant Morparia. 2005

Este anúncio da Samsung, concebido pela elite da criação publicitária, é um belo exemplar de mitologia urbana contemporânea (ler a notícia que acompanha o vídeo). E não digo mais! Estou assoberbado a preencher mapas e formulários para a instituição governamental responsável pelo financiamento e pela avaliação da produção científica e tecnológica nacional. Ocorre-me pensar, a propósito, como com apenas meia dúzia de cenouras é possível conduzir organizações históricas e culturais gigantescas!…

Marca: Samsung. Título: The Developer. Agência: Leo Burnett. Direção: Adam Hashemi. USA, Outubro 2013

Machos com cio

O blogue atingiu, ontem, num único dia, 420 visualizações. Não tantas, porém, quanto, neste anúncio, as visualizações de uma jovem mulher por uma alcateia equivocada de lobos com cio. Nem sequer falta o Old Spice Man. Ridicularização? Sem dúvida. Naturalização? Talvez. Parece uma paródia invertida dos anúncios Axe. Uma coisa é certa, com um televisor Samsung com Motion Control o efeito de sedução é outro.

Marca: Samsung. Título: Seductive Motion. Agência: BETC London. Direção: Matt Kirkby. UK, Maio 2012.

Projeção inidentitária

Apenas habituados à projeção mapeada nas fachadas de edifícios, a humanidade dá mais um passo: o rosto torna-se tela. Neste anúncio da Samsung, as imagens são projetadas diretamente no modelo. Resulta uma imagem em constante mutação, uma inidentidade radical. Um bom exemplo para as aulas dedicadas à fragmentação do eu na vida quotidiana. Não tão bom como o Zelig (1984) de Woody Allen, mas muito mais curto (menos 78 minutos) . E nos tempos que correm, pelos vistos, quanto menos, melhor!

Marca: Samsung. Título: Explore Your Dual World. Março, 2012.