Kayak na cascata do rio Laboreiro

Imagens espetaculares da prática de kayak na cascata do rio Laboreiro, em Castro Laboreiro, Melgaço. “Posiblemente sea uno de los rios más espectaculares de Europa para practicar kayak”. Felicito a Slowmo Castro Lovin’, a Pistyll Productions e os desportistas pela realização deste vídeo fantástico. Agradeço ao Fred Sousa a partilha na página Melgaço, Portugal começa aqui.
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Viva a família!

Os anúncios So Good e Let Life Happen, ambos promovidos por companhias de seguros, podem não parecer mas são, certamente, por eventual cambalhota de sentido, dois incentivos à vida familiar e à natalidade. São, não são?
Descubra as diferenças

O mundo e o seu mistério nunca se refazem, não existe modelo que baste copiar (René Magritte).
Saiu um anúncio com a assinatura de Dan Brown: No Less Lethal, da Rubber Bullets. Balas perfuram e destroem vários objetos. Praticamente o mesmo perfil que um anúncio de 2007: Stop the bullet Kill the gun, da Choice FM. Descubra as diferenças.
Sem asas. A paixão do risco
Comecei a escrever esta obra de um modo intermitente a partir de 1985; estava então abalado com a importância crescente das condutas de risco e a mitologia emergente da aventura nas sociedades ocidentais que, no entanto, não paravam de valorizar a segurança. Senti, depressa, a necessidade de compreender a significação destas acções dispersas cujo denominador comum era uma relação imaginária ou real com a morte. Jogar por um instante a sua segurança ou a sua vida, com o risco de a perder, para ganhar, enfim, a legitimidade da sua presença no mundo ou, simplesmente, arrancar da força do instante o sentimento de existir, logo sentir-se fisicamente envolvido, seguro da sua identidade. Esta situação lembrava os anos sessenta, período da grande vaga proveniente dos Estados-Unidos, início de uma crise da juventude, que se exprimia na demanda dos “caminhos de Catmandu” ou na droga, no empenhamento político nas posições extremas e se resolvia, por vezes, com a morte. Assim foi a minha geração. Vi desaparecer amigos. Eu próprio parti para o Brasil pensando nunca mais regressar a França. Resta-me, hoje, o sentimento de ser um “sobrevivente”, uma certa culpabilidade de estar ainda aqui e de ter escapado, sem sempre o desejar, às armadilhas que se erguiam na minha estrada. Não esqueço alguns rostos. E a perturbação de outrora regressa, às vezes, para me assombrar e recordar o preço da existência presente. A consciência da precariedade e da incompletude é uma garantia do fervor de quem teve a sorte de ter regressado da viagem” (David Le Breton, Passions du risque. Paris, Éditions Métailié. 1991, p. 9. Minha tradução).
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O parkour nos rebordos dos tectos das cidades assume-se como uma das paixões actuais do risco. A pós-produção do anúncio russo The ad that you can feel, da Clarins, é soberba. Mostrei o anúncio ao meu rapaz mais novo.
- Já vi essas imagens há muito tempo.
- Como? Saíram há três dias.
Mostra-me um vídeo datado de 2017. Não há razão para fabricar o extraordinário quando este está disponível. Adquire-se! O resultado é um desfile de arrepios.
O David Le Breton teve a gentileza de participar no seminário “o trágico e grotesco no mundo contemporâneo”, que organizei, em 2005, no Mosteiro de Tibães. No mesmo ano, nas minhas provas de agregação, um membro do júri criticou a escrita: “tudo parece simples, até as soluções parecem fáceis”. Sou um indigente da complicação. O Tendências do Imaginário enferma do mesmo vício: tudo aparece tão simples que até parece simples. A alta sabedoria acredita que reunir informação e apresentá-la com clareza é falta de profundidade ou pobreza de espírito. O conhecimento quer-se como um mistério medieval: reservado e aflitivo.
O rabo do diabo

Vós, que sois os ministros do nosso bem, livrai-nos de todo o mal! Da violência, do sexo, do álcool, do tabaco, da droga, da obesidade, dos maus pensamentos, do chupa-chupa e do sorvete. Um rosário de imagens feridas de prazer nefasto. Uma mesa mais pesada do que a mesa dos sete pecados mortais de Hieronymus Bosch. Quer-me parecer que a árvore do mal mais do que da ciência é do prazer. Deus não condenou Adão e Eva à ignorância mas ao sacrifício. Mais Eva do que Adão. Filhos de Adão, Filhas de Eva é o título de um livro João de Pina Cabral (1989). Somos todos filhos de Eva.
Galeria: Mal-aventurados
01. Sem para-quedas. 02. Crucificada. 03. Amor letal. 04. Fumo infernal. 05. O bafo do diabo. 06. Chupa-chupa malévolo. 07. Lambidela mórbida. 08. Pela boca… 09. Ceci n´est pas une drogue 10. A epidemia da obesidade. 11. Encarcerada. 12. De volante em volante.
Pensei acompanhar este rosário de doze imagens com um requiem, funesto, ou com uma valsa, vital: o Lux aeterna (Requiem for a Dream), de Clint Mansell (https://www.youtube.com/watch?v=CZMuDbaXbC8); ou Sylvia, Intermezzo and Slow Waltz, de Leo Delibes (https://www.youtube.com/watch?v=rmOdU0o8Ke8). Como somos todos belas pessoas, escolhi Beautiful People, de Marilyn Manson.
Telemóvel: O mundo na mão

Os meus artigos mais lidos não são nem os mais bem escritos nem aqueles que têm conteúdo mais interessante; os meus artigos mais lidos são aqueles que têm um título mais apelativo e são publicados à hora, no dia e no canal certos.
Todas as sociedades cultivam as suas ameaças. Receios reais ou imaginários. Os judeus, no reinado de Don Manuel e no triunfo totalitário de Hitler. Os revisionistas, na era Estaline, e os comunistas, durante o Macarthismo. Hoje, as ameaças tendem a associar-se mais a objectos, eventualmente, técnicos. No pós-guerra, a bomba atómica era o quinto cavaleiro de Apocalipse. Nos anos sessenta, os cabos de mar perseguiam os biquínis nas praias. A televisão era a mãe de todas as alienações; o maço do tabaco, um caixão funesto em vala comum; a Internet, uma aranha pérfida à escala global; e, agora, os telemóveis, um malefício portátil generalizado.

Face aos riscos dos telemóveis, existe a convicção de que urge fazer tudo e a sensação de que nada há a fazer. Situação propícia à inutilidade histérica do Estado. Por generalização abusiva, todo cidadão é um caso particular do geral. Esboce-se um “exemplo teórico”: Fulano faleceu ao engolir um telemóvel (notícia de primeira página); conclusão: todos somos passíveis de engolir um telemóvel (prognóstico); contra-ordenação preventiva: falar com o telemóvel a menos de um metro da boca é passível de multa; campanha: o telemóvel é um comestível fatal, mantenha-o longe do tubo digestivo.
Na época balnear, pior do que o telemóvel, só o peixe-aranha. Se for ao mar, vá e volte, mas sem telemóvel: pode electrocutar os caranguejos. Estou a brincar, mas a coisa manifesta-se séria; é, literalmente, a primeira vez que “temos o mundo na mão”!
“Canta, canta, amigo canta
Vem cantar a nossa canção
Tu sozinho não és nada
Juntos temos o mundo na mão!!!”
(António Macedo. Canta, amigo canta. 1974)
Em suma, se quer sobreviver à décima primeira praga, a praga dos teleles, conduza um Nissan Rogue, com música de Conan Osíris (Telemóveis, 2019). Afigura-se-me, contudo, que a praga dos telemóveis se pauta por um medo irónico. Menos drama, menos tragédia, menos profecia; mais humor, ambivalência, reflexividade e abertura dialógica.
A democracia morre no escuro

O Washington Post faz 140 anos. “O conhecimento empodera-nos. O conhecimento ajuda-nos a decidir. O conhecimento mantém-nos livres”. E o jornalismo empodera-se a si próprio. Bob Woodward e Carl Bernstein, protagonistas no caso Watergate (1972-1974) eram jornalistas do Washington Post.
Eram tempos de protesto, e de canções de protesto; em 1967, os Buffalo Springfield lançam a canção For What it’s Worth que alude à repressão de uma manifestação de jovens ocorrida em Novembro de 1966 em Nova Iorque:
“There’s something happening here
What it is ain’t exactly clear
There’s a man with a gun over there
Telling me I got to beware “
Telhas solidárias
Dar de caras com a criatividade é uma experiência invulgar. Graças ao anúncio Sticking together, no matter what, da Tsuruya, arriscamos não voltar a ver os telhados com os mesmos olhos: menos matéria e mais forma.
Marca: Tsuruya. Título: Sticking together, no matter what. Agência: ADK Tokio. Direcção: Daisuke Shibata. Japão, Agosto 2017.