Zbigniew Preisner
Para ouvir na Casa do Alpendre

Zbigniew Preisner é um compositor célebre pelas suas músicas para filmes, nascido na Polónia, em 1955. Estudou história e filosofia em Cracóvia. Autodidata, nunca seguiu aulas formais de música. Aprendeu escutando e transcrevendo partes de discos de vinil. “Seu estilo de composição representa uma forma distintamente simples de neo-romantismo tonal”. Conquistou o César de Melhor Música Original e o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro – Melhor Trilha Sonora Original.
Capricho polaco: o violão de Marcin Dylla

Marcin Dylla é um violonista clássico polaco. Coleciona prémios e distinções. Venceu mais de quinze competições internacionais. Seguem três interpretações de compositores espanhóis: Capricho Árabe, de Francisco Tárrega; Junto al Generalife e Concerto de Aranjuez (Adagio), de Joaquín Rodrigo. As músicas e as ideias, quero-as muitas, coloridas e variadas. Três vídeos é demais, sobretudo para visionamento por telemóvel. Comporta, no entanto, uma dupla vantagem: não me obriga a preterir conteúdos favoritos e oferece a solução de experimentar apenas um.
Chopin por Maria João Pires

À selecção de obras culturais aplica-se o princípio abdominal: é mais fácil alargar do que reduzir (AG).
Anunciei no último artigo uma seleção de obras de Frédéric Chopin. Mais vale cedo do que nunca. Retenho duas composições para piano: um noturno e uma sonata, interpretados por Maria João Pires. Dois é pouco, mas é mais que três. Assim vaticina a psicologia dos públicos. Colocam-se dois vídeos, visualizam um; colocam-se três, não visualizam nenhum.
O Pianista

A besta não adormece, a besta nunca dorme (AG).
Władysław Szpilman “Władek” (1911-2000) é um pianista e um compositor judeu polaco. Trabalhava como pianista na rádio polaca, quando o recital do Nocturno nº 20, de Frédéric Chopin, foi interrompido pelo bombardeamento alemão. Foram as pancadas do inferno. Sobrevive, miraculosamente, à guerra. O mesmo não sucede à família, deportada em Treblinka. Publicou em 1946 as suas memórias. O livro foi censurado pelos novos senhores da Polónia. As suas memórias serão reeditadas em 1998, volvidos 43 anos, com o título O Pianista. Tinha Wladyslaz Szpilman 87 anos. Dois anos após a sua morte, estreia, em 2002, o filme O Pianista, que o realizador polaco Roman Polanski dedica, inspirado no livro O Pianista, à vida de Wladyslaw Szpilman. Polanski nem sequer altera o nome do protagonista.
Comove o vídeo com Wladyslaw Szpillman a tocar, em sua casa, com 86 anos, o Nocturno nº 20, de Frédéric Chopin.
Tristeza pasmada


Zbigniew Preisner é um compositor polaco. A sua música integra mais de 40 filmes. As composições não primam por ser heroicas ou alegres. O certo é que hoje acordei triste. Os sonhos devem ter sido tão bons que fiquei triste ao acordar. Uma tristeza não amargurada, de estimação, de embalar ao colo. Nunca fixaste, à beira mar, um navio que nunca mais desaparece? É isso mesmo, uma tristeza pasmada. Uma tristeza que vicia.
Seguem quatro músicas de Zbigniew Preisner. São curtas. Não dá para o navio passar.
Delírio

De regresso a Braga, reencontro o Delírio. Tem bom aspecto! Fomos amigos. O delírio mais requintado é o delírio da intelligentsia. Com ou sem laços. Com uma varinha mágica na mão, o “intelectual” delira o mundo. No essencial, nada tenho a opor ao delírio. Não gosto, porém, quando o delírio alheio salpica a minha realidade.
Delirantes e vertiginosos, os videojogos ligam mundos: o nosso e o dos outros, dentro e fora do ecrã. A publicidade não hesita em reforçar esta propensão.
Dança lenta

Fa freddo, fa molto freddo. Un froid de chien. Se helan los tomates en el huerto. Apetece enrolar-se e ficar amorrinhado a ouvir música. Clássica? A maioria dos visitantes do Tendências do Imaginário não aprecia. Mas vou insistir! É uma espécie de “serviço cívico”. Ontem, coloquei a Introduction et Rondo capriccioso en la mineur, de Camille Saint-Saëns, hoje cabe a vez ao seu aluno Gabriel Fauré. Dois compositores exímios no domínio das melodias e das harmonias.
O mundo a seus pés
Segundo Zygmunt Bauman, estamos cada vez mais líquidos. Uma liquidez, porventura, antártica: não paramos de dar cabeçadas em barcos e icebergues. Estamos mais líquidos, estaremos mais lúcidos?
Há seres do outro mundo. Têm o globo a seus pés. Estão por todo o lado e em sítio nenhum. São mutantes e cósmicos. Divino e diabólico, aparição e milagre, o futebolista é o semideus da nova mitologia. Está para além do humano, aos nossos olhos demasiado humanos. Awaken the phantom é um anúncio sofisticado e profético da Nike, com efeitos especiais impressionantes.
Aproveito para colar a música Victoria (2014) do compositor polaco Wojciech Kilar (1932-2013).
Marca: Nike Football. Título: Awaken the phantom. Agência: Wieden+Kennedy (Amsterdam). Direcção: Matthew Vaughn. Internacional, Agosto 2018.
Wojciech Kilar. Victoria. Angelus, Exodus, Victoria. 2014.
Pausa
Não é fácil encontrar a serenidade. Tudo nos excita, irrita ou deprime. Estes tempos fazem de nós umas baratas tontas ou umas lesmas arrastadas. Valha-nos a música! O Kit Kat da alma. Agora Chopin, logo Bach, depois Saint-Saëns…
Martha Argerich. Chopin: Piano Concerto Nº 1 in E minor, Op. 11. Ao vivo em Varsóvia em 2010.