Chopin por Maria João Pires

À selecção de obras culturais aplica-se o princípio abdominal: é mais fácil alargar do que reduzir (AG).
Anunciei no último artigo uma seleção de obras de Frédéric Chopin. Mais vale cedo do que nunca. Retenho duas composições para piano: um noturno e uma sonata, interpretados por Maria João Pires. Dois é pouco, mas é mais que três. Assim vaticina a psicologia dos públicos. Colocam-se dois vídeos, visualizam um; colocam-se três, não visualizam nenhum.
O piano, as mãos e o resto.

As palavras pedem férias. Enquanto não as leva o vento, não nos dão tréguas. As palavras são a coisa humana mais infestante.
Khatia Buniatishvili é uma pianista célebre, famosa pelas mãos e pelos decotes. Seguem três interpretações: Rachmaninov, Schubert e Brahms.
Quando a alma fecha a porta

A alma adormeceu. Ezio Bosso (1971-2020), compositor, maestro e pianista italiano, faleceu há três semanas, vítima de doença neurodegenerativa. Desde setembro de 2019, sem agilidade nas mãos, deixou de tocar piano. Gosto da cultura italiana. Sou latino. As músicas Clouds, The mind on the (Re)Wind e Rain, in Your Black Eyes são excelentes para elevar a alma. Acrescento uma pequena reportagem, Concerto per la terra, capaz de a estremecer.
Ilhas de solidão

Se te sentes só quando estás só, estás em má companhia (Jean-Paul Sartre).
O vídeo musical do japonês Ryuichi Sakamoto, Solitude, ajusta-se aos novos tempos de confinamento e isolamento. Isolar vem do italiano “isolare”, que vem de “Isola” e do latim “insula”, que significam ilha. Em Português, existe a alternativa “insulamento”. Os espanhóis dizem “Aislamiento”, da palavra “isla” (ilha).
Yann Tiersen

Yann Tiersen descende dos bretões e de outras coisas mais; eu descendo dos brácaros e de outras coisas menos. Partilhamos uma origem celta. A discografia de Yann Tiersen é apreciável. As músicas Pell (um belo vídeo) e Tempelhof foram extraídas do álbum ALL, publicado em 2019.
A era do vazio

O mundo de todos os dias esvaziou-se. Mas há formas de abraçar vidas. Por exemplo, cuidar dos outros (vídeo 1) ou cantar para o mundo no deserto de uma estação do metro (vídeo 2).
Abril a quatro mãos

Que dizer do 25 de Abril? Marcou, e marca, muitas vidas. Rui Serapicos lembra a Grândola Vila Morena interpretada por Bernardo Sassetti e Mário Laginha, do álbum Abril a Quatro Mãos, com músicas do José Afonso. Em boa hora.
25 de Abril: José Afonso versão piano

“Um vídeo com o pianista José Li Silveirinha a tocar algumas das músicas mais conhecidas de Zeca Afonso foi a forma que a “Comissão Ad Hoc 25 de Abril” em Macau encontrou para assinalar este ano o Dia da Liberdade face à actual conjuntura motivada pelo COVID-19” (https://jtm.com.mo/ultimas/recital-em-macau-mostra-25-de-abril-nao-tem-fronteiras/).
José Li Silveirinha é um jovem luso-macaense que interpreta José Afonso ao piano. Uma adaptação bem-vinda. Trinta minutos de piano em homenagem ao 25 de Abril. Devo ao Fernando Medeiros, um sociólogo amigo, o conhecimento desta iniciativa.
Nos telhados de Paris

Para acompanhar a preparação da próxima aula imaterial, música que vitamina a mente: Jacky Terrasson.
Intervalo

Chegaram as flores, como de costume. Está um belo dia para teletrabalhar. Numa redoma, como aconselha a saúde. O lazer faz falta. Tempera o espírito. Rachmaninoff pode ajudar.
Chegaram as flores, como de costume. Está um belo dia para teletrabalhar. Numa redoma sanitária. O lazer faz falta. Quando é obrigatório deixa de ser lazer. Uma boa dose de lazer tempera o espírito. Rachmaninoff pode ajudar.