O parto na Idade Média
Há 25 anos, numa praia alentejana, um amigo brincou com o teste de gravidez: “Que vais fazer a Odemira? Urina em água com camarões; se morrerem, estás grávida!” Assim se arremedavam as artes de divinação do Antigo Egipto, cujo teste consistia “em urinar durante alguns dias para cima de sementes de trigo ou de cevada, se a cevada crescesse nasceria um rapaz, se crescesse o trigo, seria uma rapariga. Se não crescesse nada era porque a mulher não estava grávida” (http://apontamentoshistoriamedieval.blogspot.pt/2010/10/gravidez-na-idade-media.html).
Na Idade Média, também existiam “testes de gravidez”. Tão infalíveis como o dos camarões. A fecundidade era um valor prezado pela sociedade, sendo mais desejado um rapaz, um varão, do que uma rapariga. A ausência de filhos era uma falta próxima do pecado. A culpa era sempre da mulher. Não faltavam as mezinhas, mais ou menos mágicas, para engravidar. Por exemplo, deitar-se rodeada de bonecas.
A gravidez era encarada como uma situação excepcional, de ordem sagrada. Isentava a mulher grávida de obrigações, tais como assistir às cerimónias religiosas ou ser citada, ou castigada, em justiça.
Eram correntes os partos em posição sentada. Por vezes, a parturiente permanecia de joelhos ou, eventualmente, de pé. (http://www.racontemoilhistoire.com/2014/09/02/devenir-mere-au-moyen-age-croyances-rituels/). Havia cadeiras próprias para o efeito. Durante a gravidez era habitual a devoção a Nossa Senhora do Ó, a “Virgem barrigudinha” (http://silentstilllife.blogspot.pt/2010/05/o.html). Esta devoção justificava-se. Naquele tempo, era mais arriscado parir do que guerrear. A mortalidade era elevada, para a mãe e para o filho.
Uma dor que não dorme
Para a Berta
A fibromialgia é uma doença associada a dores persistentes que desgastam a vida das pessoas. A passo de tartaruga, os organismos oficiais têm vindo a reconhecê-la. Espero que a ciência e a medicina, pejadas de sucessos, esbocem também alguns progressos ao nível desta doença tão carente de cuidado e acompanhamento. Não são rosas, Senhor! São espinhos…
A técnica e a ciência como ideologia
Técnica e ciência como “ideologia” (1968) é uma das primeiras obras de Jürgen Habermas. Se bem me lembro, sustenta que, nas sociedades modernas, a ciência e a técnica funcionam como uma forma que disciplina o olhar. A ciência e a técnica compõem, de algum modo, a nova grande linguagem do poder. Neste anúncio da L&M, de 1949, os atributos da ciência (a medicina, as sondagens e as estatísticas) são mobilizados para promover o consumo do tabaco, nomeadamente da marca L&M. Ontem, como hoje, a tendência aponta para o abuso das capacidades da ciência e da técnica e para a ultrapassagem dos seus limites.
Marca: L&M. Título: Doctor’s day. USA, 1949.