Tag Archive | humano

O Olhar de Deus na Cruz. O Cristo Estrábico

Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecesseis (São Paulo, 2 Coríntios 8:9).

Senhor Santo Cristo dos Milagres. Ponta Delgada. Ilha de São Miguel. Açores. Séc. XVI

Consegui extrair a lição sobre o “Cristo estrábico” (de 29 de novembro) com o som mais nítido. Ao vídeo no YouTube, acrescento a respetiva apresentação (Powerpoint). Fica assim concluído o episódio, grato, da homenagem. Outras atividades esperam: um capítulo, com o Américo Rodrigues, para um livro sobre Castro Laboreiro; a criação, que se arrasta, de um blogue coletivo; e a preparação da aula “Vestir os nus: a destruição e a censura da arte”, prevista para o dia 18 de fevereiro.

Albertino Gonçalves. O olhar de Deus na cruz: O Cristo estrábico. Homenagem, 12.11.2022. Lição (visualizar em 720p)

Para aceder à apresentação em powerpoint, descarregar a partir do seguinte link:

Homenagem (29.11.2022)

Depois da homenagem, resta o registo com quase três horas de duração. Recomendava-se a montagem do vídeo com cortes, colagens, focagens e legendas, mas o software habitual teimou em encadear erros e abalar a paciência. É verdade que o original pesava mais de 25 GB. Segue, portanto, o registo integral, bruto, da câmara de filmar, apenas convertido a um formato vinte vezes menos pesado (1,36 GB).

Torna-se assim possível visionar a sessão a modos como sentado no lugar fixo da câmara, com a vantagem de saltar ou rever esta ou aquela passagem. Infelizmente, o som podia ser melhor, designadamente nas intervenções com recurso ao microfone. Foi esquecimento não colocar o microfone da câmara de filmar na mesa. Tal como uma fotografia de um filme perde nitidez, a gravação através de uma câmara de filmar de um som emitido por colunas perde qualidade porque as ondas são distintas.

Agradeço a iniciativa do Departamento de Sociologia, da Câmara de Melgaço e do Centro de Estudos Comunicação e Sociedade, a disponibilidade do Museu de Arqueologia Diogo de Sousa, as intervenções de Alexandra Lima, Carlos Veiga, Manoel Baptista, Madalena Oliveira, Moisés Martins e Álvaro Domingues, a interpretação do Francisco Berény Domingues, a presença do Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Melgaço e a dedicação da Rita Ribeiro, do Joaquim Costa e da Alice Matos.

Anexo o vídeo com quase toda a sessão. A parte em falta, com as primeiras danças do Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Melgaço e a receção por parte da direção do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa, está disponível no seguinte link: https://tendimag.com/2022/12/05/grupo-etnografico-da-casa-do-povo-de-melgaco-inicio-da-homenagem/.

Homenagem ao Professor Albertino Gonçalves. Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa, 29.11.2022. Desde a abertura pelas entidades organizadoras até ao encerramento pelo Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Melgaço

Índice
Abertura:
Joaquim Costa (Departamento de Sociologia) – 00:.0:40
Carlos Veiga (Departamento de Sociologia) – 00:05:10
Manoel Baptista (Câmara de Melgaço) – 00:18:33
Madalena Oliveira (Centro de Estudos Comunicação e Sociedade) – 27:24
Apresentação:
Moisés de Lemos Martins (Universidade do Minho) – 00:37:38
Moderação:
Alice Matos (Departamento de Sociologia) – 01:06:36
Lição “O Olhar de Deus na Cruz: o Cristo Estrábico“:
Albertino Gonçalves – 01:08:30
Momento musical:
Francisco Berény Domingues (Guitarra) – 01:49:09
Testemunho:
Álvaro Domingues (Universidade do Porto) – 02:02:52
Oferta:
Daniel Noversa (Doutoramento em Estudos Culturais) – 02:14:28
Apresentação do livro Sociologia Indisciplinada
Rita Ribeiro (Departamento de Sociologia) – 02:16:22
Dança (2ª parte):
Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Melgaço – 02:22:24

Diga-o com robots!

Touch Community Services. Human Touch. Singapura. 2022

Parece-me que estou a ficar senil, mas não resisto a repetir: manifesta-se impressionante como o ser humano tem de recorrer à mediação do não-humano (animais, animações, objetos) para expressar, significar, o humano.

Singaporean charity TOUCH Community Services has released a heart-warming film about the power of the human touch, produced by BBH Singapore. / The ‘touching’ film is set in the future and tells the story of Alfie, a robot assistant, who learns about the human touch from the family and community it interacts with. / Accompanied by an acoustic arrangement of the classic hit, Human, written by The Killers, the campaign film embodies TOUCH’s commitment to inspire hope and transform lives through the power of human connection, both in the present and the future (Ads of the World, The Human Touch: https://www.adsoftheworld.com/campaigns/the-human-touch, acedido em 11.10.2022).

Anunciante: Touch Community Services. Título: Alfie / The Human Touch. Agência: BBH Singapore. Direção: Roslee Yusof. Singapura, outubro 2022.

Como ser mais humano?

Reebok. Be More Human. 2015.

Os nossos tempos andam confusos e divididos. Ora apelam à superação, ao esforço e ao rendimento ((anúncios 1 a 3), ora sugerem a descontração, a lentidão e a sensibilidade (anúncios 4 e 5). Os nossos tempos ou nós?

Reebok. Be More Human. Agência: Venables Bell & Partners. Estados-Unidos, 2015.
Marca: Reebok. Título: Find Your Way – Be More Human. Direção: Maicon Desouza. Estados-Unidos, julho 2016.
Marca: Under Armour. Título: Rule Yourself – Michael Phelps. Agência: Droga5, New York. Direção: David Droga. Estados-Unidos, março 2016.
Marca: Alabama Tourism Department. Título: Take Your Mind to Alabama’s Beaches. Agência: Intermark Group. Direção: Jason Wallace. Estados-Unidos, maio 2022.
Marca: Alabama Tourism Department. Título: Mind Trip to Alabama’s Outdoors :30. Agência: Intermark Group. Direção: Jason Wallace. Estados-Unidos, maio 2022.

Pensamento de rodapé

Imagem ilustrativa de semáforos – Pixabay

Semáforo humano:

– as pessoas verdes abrem uma porta depois de fechar a outra;

– as pessoas amarelas abrem uma porta deixando a outra aberta;

– as pessoas vermelhas fecham uma porta e não abrem outra.

Os primeiros são os progressivos, os segundos os divididos e os terceiros os encurralados.

Segue a música Transparente World, por Zafer Coşar.

Zafer Coşar. Transparent world. Single Touch 3. 2021.

Castro Laboreiro. A arte do documentário.

Caminhada na neve. Castro Laboreiro: Inverneiras. Realização de Ricardo Costa. 1979

Coloquei, na semana passada, o segundo episódio do documentário Castro Laboreiro, realizado por Ricardo Costa. Hoje, vou ao recanto do Valter Alves no YouTube pedir emprestado o primeiro episódio: Inverneiras. Tomo a iniciativa de o partilhar não apenas porque aborda as gentes de Castro Laboreiro mas também pela qualidade intrínseca do próprio documentário, nomeadamente a fotografia, a montagem e a realização. Em muitos planos e sequências, por detrás da câmara de Ricardo Costa, parece insinuar-se o grande Andrei Tarkovsky. Por exemplo, na interminável caminhada na neve. “saboreia-se a imagem”. Um olhar concentrado, sóbrio e demorado que retrata uma realidade ascética, ancestral e resistente. Ao mesmo tempo cósmica, a rondar o místico.

Homem Montanhês / Castro Laboreiro. Primeiro episódio: Inverneiras. Uma coprodução Diafilme com a RTP, com realização e montagem de Ricardo Costa. 1979

Um contra um, todos por todos

Keith Vaughan. Cain and Abel. Tate. 1946.

O videojogo afirma-se como vanguarda das indústrias do lúdico e do audiovisual. Potente, competitivo, flexível, acelerado, certeiro e ubíquo. Como o arco de Dario (sobre o arco de Dario, rei da Pérsia, recomendo o artigo: O Espetáculo do Poder).

Não é de admirar que os anúncios a videojogos constem entre os mais impactantes das últimas décadas. HUMANKIND (Amplitude Studios) frisa a perfeição apelativa, narrativa, técnica e estética. Nada é descurado: a luz, a cor, a fotografia, o desenho, os cortes, os contrastes, o enquadramento, a profundidade, os planos, os ritmos, as sequências, o som, as referências… Qualidade, critério e criatividade. HUMANKIND recupera uma opção cada vez mais frequente: a substituição da figura humana por objetos e símbolos. Ganha em projeção e sublimação. Os objetos e os símbolos tornam-se, porventura, mais humanos do que o humano.

HUMANKIND. Amplitude Studios. Official trailer. Agosto 2021.

Retenhamos a lição: agonístico e diabólico, o universo, assevera-se exíguo para dois protagonistas; o anúncio termina, porém, com uma avalanche de multidão. Quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto: o anúncio não enjeita ressonâncias bíblicas e míticas: o crepúsculo, egoísta e homicida, de Caim, e a alvorada, coletiva e mobilizadora, de Moisés. Onde não cabem dois, cabem milhões.

Fernando Gonçalves e Albertino Gonçalves

Natal andróide

Edeka. Christmas. 2117

Num mundo disfórico entregue às máquinas, um andróide deixa-se cativar por alguns vestígios de vida humana num cartaz e num filme com a ceia de Natal. Começa uma odisseia da máquina em busca do humano. Simula a ceia de Natal com manequins, mas não resulta, falta o espírito. Acaba por reconhecer a paisagem numa fotografia de um jornal.  Por vales e montanhas, encontra finalmente a família humana que o acolhe com generosidade.

Este anúncio lembra filmes tais como O Planeta dos Macacos (1968), Blade Runner (1982), Equilibrium (2002) ou WALL-E (2008). E convoca uma série de mitos mais ou menos contemporâneos:

– A superação e a dominação do homem, aprendiz de feiticeiro (Goethe, 1797), pelas suas próprias obras, nomeadamente computadores e andróides;

– As máquinas assumem-se mais humanas do que os humanos, propiciando um espelho, mais ou menos deformado, da condição humana;

– Uma ovelha negra redentora galga fronteiras e vence obstáculos contribuindo para a emancipação, mais ou menos fugaz e inconsequente, dos oprimidos.

Marca:  Edeka. Título: Will we celebrate Christmas in 2117? Agência: Jung von Matt. Alemanha, Novembro 2017.

Sete

Rua Sésamo. A Casa das Sete Cores

Música electrónica, voz distorcida, levemente hipnótica. Fotografias, a preto e branco, veladamente humanas. Lista de frases breves, dispersas, estranhamente encadeadas.O que é?

Um anúncio brasileiro em português, não um anúncio português em inglês. Um excelente anúncio brasileiro.

Marca: Época. Título: A Semana. Agência: W/Brasil. Brasil, Junho 2014.