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Catequese pela imagem: a origem da vergonha

Esta iluminura dos irmãos Limbourg, A Queda e a Expulsão do Paraíso, de 1415-16, proporciona um excelente exemplo de catequese pela imagem. Ilustra, passo a passo, a mudança de estatuto da nudez, da inocência à vergonha, passando pelo pecado. Primeiro e segundo episódios: Eva colhe a maçã e entrega-a Adão, ambos despreocupadamente nus. Terceiro: Deus expulsa Adão e Eva do Paraíso, ambos cobrem os órgãos genitais com as mãos. Quarto: Adão e Eva saem do Paraíso tapando, agora, as vergonhas com folhas de figueira.

©Photo. R.M.N. / R.-G. OjŽdaIrmãos Limbourg. A Queda e a Expulsão do Paraíso. 1415-16 (Alta resolução).

Sobre o tema da nudez na religião e na arte:

“Não foi a modéstia da Contra-Reforma, mas o zelo dos pintores do Renascimento do Norte quem vulgarizou o encobrimento dos órgãos genitais com folhas de plantas. Para além dos ressuscitados no Juízo Final e dos condenados ao inferno, não há nudez mais incontornável do que a de Adão e Eva no paraíso. Pintores como Albrecht Dürer, Jan Gossaert, Hans Baldung, Jan van Scorel e Lucas Cranch respaldam-se na própria palavra bíblica para justificar a utilização das folhas virtuosas.

Mal Adão e Eva acabaram de comer o fruto da árvore que se erguia no meio do jardim celeste, “os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam nus, tomaram folhas de figueira, ligaram-nas e fizeram cinturas para si” (Genesis, 3. 7). As folhas de figueira são mencionadas no Genesis como forma de ocultar a nudez vergonhosa dos primeiros pecadores. Recorde-se que, no paraíso, antes do pecado, a nudez não era vergonhosa e dispensava, portanto, a folha de figueira: “O homem e a mulher estavam nus, e não se envergonhavam” (Genesis, 2. 25)“ (http://tendimag.com/?s=vestir+os+nus).