Períodos de insónia

A menstruação revela-se como um dos principais pretextos, materiais e simbólicos, da dominação masculina. A este respeito, falta percorrer um longo e espinhoso caminho, mormente ao nível do imaginário. A Libresse, Bodyform no Reino Unido, tem ousado alguns passos. No anúncio Blood Normal (2017), é a primeira marca a assumir o vermelho do fluxo menstrual, rompendo com a tradição, sublimada, em azul ou verde: “periods are normal. Showing them should be too” (ver Coisa Ruim: https://tendimag.com/2017/10/26/coisa-ruim/). No ano seguinte, 2018, o esplêndido, desinibido e divertido anúncio Viva la Vulva empenha-se na valorização estética da genitália feminina (ver Vulvas e Pirilaus: https://tendimag.com/2018/12/04/vulvas-e-pirilaus/).
O anúncio #Periodsomnia, uma peça de “arte digital” impressionante, prossegue a campanha, “que visa erradicar tabus e vergonha em torno das experiências íntimas das mulheres”, agora com incidência empática nas consequências quotidianas da menstruação, designadamente ao nível da qualidade do sono: “Uma nova pesquisa conduzida pela Libresse revela que, em média, as mulheres perdem 5 meses de sono ao longo da vida devido ao desconforto, à ansiedade e ao medo noturnos durante o período”. Trata-se de mais um caso de uma iniciativa de sensibilização motivada por um interesse próprio bem interpretado. Registe-se, por último, a tendência para o recurso a dados estatísticos para sustentar as mensagens de consciencialização.
Dominar pela palavra: as relações de género
Uma série de artigos dedicados por este blogue à identidade nacional e às relações de género é de pasmar! Se calhar, bebi água benta. São, contudo, temas que batem cada vez mais à porta da publicidade. Este anúncio filipino é um excelente exemplo. Multiplicam-se as empresas que associam a responsabilidade social ao empenhamento em causas sociais, com benefícios claros em termos de marketing. Este anúncio, #WhipIt, Labels Against Women, da Pantene, assume que as lutas de poder também são lutas linguísticas. Não é novidade, mas, assim estampado num anúncio, adquire outra aura. O alvo é composto por palavras e frases feitas, rótulos e chavões, que contribuem para a (re)produção quotidiana da dominação e da discriminação. Dizer o mundo é fazê-lo. Muito cuidada, a nota de apresentação do anúncio perfaz uma iniciativa bem gizada. A marca, Pantene, diz respeito a produtos de cuidado do cabelo. “Es sencillo pero no es fatal”. Um dia será a vez das marcas de whiskey e de cerveja. Sinais não faltam.
Marca: Pantene. Título: #WhipIt, Labels Against Women Agência: BBDO Guerrero, Phillipines. Filipinas, Novembro 2013.
“Does gender bias still exist? If the answer is no, then why is it that women who take charge tend to be called bossy, whereas men who do the same is just doing his job as a boss? Or why is it that when mothers are passionate about their career, they tend to be seen as selfish, while working dads are dedicated? It is also quite startling that a recent study said 70% of men feel that women need to downplay their personality in order to be accepted.
According to the 2013 Global Gender Gap Report, the Philippines ranks number 5 in gender equality. But a survey by the social news network, Rappler, revealed that gender bias is still very much prevalent. One thought-provoking statistic showed that 77% of males and 66% of females believe that men deserve employment more than women — clearly reinforcing that bias exists in the workplace. Research findings show that both genders have prejudices and are prejudiced against.
Pantene, a brand that stands for empowering women to shine boldly, highlighted the issue of double standards and the culture of inequality that people have come to accept as the norm. Although initially approached from a local standpoint, the campaign resonated to the global market, recognizing an idea that was inspired by a hard-hitting reality that every woman faces.
Thus, #WhipIt was created. Urging women to leave labels behind, and be strong and shine.
Learn more about the movement and join the conversation here:http://www.rappler.com/brandrap/whipit“