Tag Archive | David Lynch

Azul, rosa e âmbar. Paleta simbólica.

significado-das-cores

Significado das cores.

O mundo veste azul e rosa. Às vezes, azul sobre rosa, como a menina com o smartphone. Uma pincelada dissonante na geometria das cores. A Cinderela do smartphone é uma mulher vestida de azul. Personalidade? Segunda pincelada dissonante. Azul costuma ser associado por psicólogos e decoradores à serenidade, à harmonia e à maturidade: e, pelo comum dos mortais, ao sexo masculino. O rosa respira desejo, ternura e ingenuidade. Corresponde ao sexo feminino. Azul mais rosa dá roxo, todo espiritualidade, magia e mistério. A mistura das três cores não basta para produzir o branco, cor da paz, da harmonia e da pureza. Quando uma pessoa não tem que dizer, escreve com o cérebro em velocidade de cruzeiro. Devia limitar-se a ver o anúncio brasileiro Azul, da Samsung (vídeo 1). Mas caso insista na incontinência colorida, o melhor é mudar de tom, para um azul aveludado, e, sobretudo, de cor, de rosa para âmbar (vídeo 2).

Marca: Samsung S7 Edge. Título: Azul. Agência: Leo Burnett Tailor Made. Direcção: Carol Markowicz. Brasil, Janeiro 2007.

Mysteries of Love. Música por Angelo Badalamenti. Com Kid Moxie. Blue Velvet (1986), por David Lynch.

Perfume, Comunicação e Personalidade

Pascal está de folga. É a vez de outro autor trágico: Georg Simmel. Este excerto sobre o perfume é revelador do seu estilo de pensamento assente na aproximação paradoxal de contrários.

Georg Simmel

Georg Simmel

“O perfume artificial desempenha um papel sociológico ao promover, no domínio do odor, uma síntese estranha de teleologia simultaneamente egoísta e social. O perfume logra pelo intermédio do nariz os mesmos efeitos que os outros adereços conseguem pelo intermédio dos olhos. Acrescenta à personalidade algo completamente impessoal, algo que vem do exterior mas que se lhe incorpora tão bem que dela parece se desprender. Aumenta a esfera da pessoa causando uma impressão semelhante aos fogos do diamante e aos reflexos do ouro. Quem se aproxima mergulha nesta atmosfera; fica de algum modo preso na esfera da personalidade. Tal como as peças de vestuário, o perfume encobre a personalidade realçando-a” (Simmel, Georg, 1981, Sociologie et Epistémologie, Paris, PUF, p. 237-238).

Marca: Yves Saint-Laurent – Opium. Título: La droguée du parfum. Direcção: David Lynch. França, 1990.

Na publicidade, a erotização não se limita aos alimentos. A sensualidade dos perfumes também é proverbial. Existem imensos exemplos. Optámos por uma dupla de luxo: o estilista Yves Saint-Laurent e o realizador David Lynch, unidos na campanha do perfume Opium.

Marca: Yves Saint-Laurent – Opium. Título: Natalia Vodianova. Direcção: David Lynch. França, 1999.

Atendendo à quebra obsessiva da natalidade, não seria oportuno promover, a exemplo dos automóveis de luxo, um concurso de perfumes? Volto a bater no ceguinho. Não tenho emenda. O aumento da natalidade não é uma boa causa? Cheguei a uma velhice do Restelo crónica. A justeza das causas pouco me apoquenta, interessa-me, isso sim, a generosidade dos resultados. A força das causas não compensa a fraqueza dos meios. À grandeza das causas, prefiro as pequenas obras, menos dadas a deploráveis consequências.