Beleza oriental

O anúncio turco Giysilerin Askina, da Yumos, é uma raridade estética. Tudo é bonito, as pessoas, frescas, a paleta de cores, fantástica, e a banda sonora, que inclui uma música cantada em português. Diga o que disser, diga-o com flores.
Acrescento o anúncio da Elidor, Güç Doğamızda Var, produzido pela mesma agência: Wunderman Thompson Turkey. Comparativamente, o colorido desbota um pouco e a banda sonora é menos elaborada, o que resulta, de algum modo, compensado pelo diálogo criativo entre fragmentos, metades, do ecrã.
Dois anúncios excelentes!
Comprar o arco-íris

Say it with colour! Resulta mais bonito e mais tentador. Há anúncios que são autênticas explosões de cores. Por exemplo, o Balls e o Petals Volcano, da Sony Bravia (ver https://tendimag.com/2013/11/05/erupcao-de-cores/). O anúncio Big Ad, da Carlton Draugh (https://tendimag.com/2017/11/20/epico-de-massas/), é mais parecido com o anúncio do dia, o Color Flood, do iPhone XR da Apple. Nestes dois últimos anúncios, pessoas coloridas formam, como peças de um puzzle, massas dinâmicas. Ao Color Flood, acrescento um anúncio congénere da Sony Bravia: More Brilliance More Beauty. A publicidade consta entre as actividades mais coloridas do nosso tempo. Bom dia! Bom ano! A beleza vitaliza.
Dança cromática
Três sereias: música, dança e cor. Precedidas por uma frase de Omar Calabrese. Mais palavras para quê?
“Quanto mais se busca um efeito de verosimilhança, mais se deve recorrer a um máximo de artifício que, aliás, para passar de “norma” a “uso”, requer elevada destreza técnica” (Calabrese, Omar, 1994, Cómo se lee una obra de arte, Madrid, Ed. Cátedra, p. 30).
Carregar em HD para escolher uma boa resolução. Este vídeo merece.
Steven Weinzierl. Becoming violet. BalletMet. USA, Agosto 2016.
A casa das sete cores
Tendências do Imaginário dedicou 22 artigos ao realizador Bruno Aveillan. É um vício. Poucos realizadores terão filmado tantas modelos de elite. Em cada um dos seguintes anúncios da L’Oréal, desfilam sete modelos associadas à L’Oréal. No primeiro, tantas quanto as cores da paleta de bâton, sombras e esmaltes da linha Color Riche. Lembra A Casa das Sete Cores, da Rua Sésamo, com uma cor por cada divisão e cada hóspede.
O segundo anúncio, Red Obsession, é monocromático. Vermelho, só vermelho. Mantém-se o número de modelos. Trata-se de ilustrar a diversidade de vermelhos do bâton Color Riche. O que representa um risco e um desafio para a arte de Bruno Aveillan. Resultado global: classe, charme e elegância.
Marca: L’Oréal. Título: Color Riche. Agência: Quad. Direcção: Bruno Aveillan. França, 2015.
Marca: L’Oréal. Título: Red Obsession. Agência: Quad. Direcção: Bruno Aveillan. França, 2016.
O preto não é uma cor, é uma atitude!

Walter Crane. Neptune’s Horses (detalhe). 1882.
Saiu um novo anúncio da Guinness: Made of Black (Gana). Um anúncio da Guinness costuma ser um acontecimento no mundo da publicidade. Por tradição, constam entre os melhores dos melhores. Recordo Sapeurs (2014), World (2009), Tipping Point (2007), Noitulove (2005), Lava (2002) e Surfer (1999). Este último somou prémios e foi considerado, em 2002, o melhor anúncio de sempre pelo Channel 4 e pelo Sunday Times. Os rankings valem o que valem, mas não deixam de valer o que valem.
Marca: Guinness. Título: Made of Black. Agência: Abbot Mead Vickers / BBDO, London. Direção: Sam Brown. Gana, Agosto 2014.

Bon Boullogne dit l’âinée. Neptune amenant Amphitrite dans un char marin. Início séc. XVIII
A ideia da potência das ondas expressa por cavalos brancos não é nova: é evidente no quadro Neptune’s Horses, de Walter Crane (1892), que inspirou, assumidamente, o anúncio. Trata-se de uma entre muitas pinturas com o carro de cavalos de Neptuno. Reencontra-se esta aproximação entre cavalos e água na cena do rio do filme O Senhor dos Anéis – Irmandade do Anel (2001), com cavalos brancos a emergir da torrente mágica. O diálogo, ou duelo, entre cavalos e surfistas confere um carácter épico e místico ao anúncio.
Marca: Guinness. Título: Surfer. Agência: Abbot Mead Vickers / BBDO, London. Direção: Jonathan Glazer. UK, Março 1999.
Made of Black opta por uma sucessão de imagens muito breves, algumas em slow motion. É um formato frequente. Mas, neste anúncio, cada sequência namora a arte, numa combinação exímia de imagem, som e voz. Os últimos segundos convocam o tópico, que me é caro, da desgravitação. Sincronizar uma dezena de corpos suspensos no ar é obra notável. A Guinness é uma marca de cerveja preta irlandesa. Sofre com o preconceito de que a cerveja preta não é nem tão leve, nem tão versátil como a cerveja “loira”. O anúncio aponta para a seguinte máxima: “o preto não é uma cor, é uma atitude”. A Guinness tem, neste domínio, algum caminho a percorrer. Mas já começou.
Senhor dos Anéis – A Irmandade do Anel. 2001. Cena do rio.
A Cor dos Caras Pálidas
Os caras pálidas são uns troca-tintas. Mudam de cor como quem muda de pele. Não são unos. Nem puros. Nada são em permanência. E depois? É preciso ser claramente coisa alguma? Ser-se, como se diz, igual a si próprio? Arriscado é combater o racismo com os argumentos do racismo. Este anúncio faz sentido com sentido de humor. Eventualmente, como paródia de si mesmo.
Anunciante: Anti Racism. Título: Dear White fella: Colours of racism. Agência: M&C Saatchi. Direcção: Chris Palmer. UK, 2001.
Com um brilho nos olhos
Eu não gosto de fazer nada, mas não me importava de ter feito este anúncio. E sugerir a cada um dos milhões de espectadores: tu não és cinzento, mereces um Golf! E deixá-lo com um brilho nos olhos, daqueles que iluminam o ego. Este anúncio não precisava do prémio em Cannes para se impor como uma excelente peça de comunicação.
Marca: Golf. Título: La Galerie d’art. Agência: DDB. Direcção: Xavier Giannoli. França, 1999
Pintemo-nos uns aos outros!
Na cidade, as cores estão proibidas. As pessoas deambulam sombrias e cabisbaixas. Não há lugar para o outro e, ainda menos, para o amor. Até que um dia, boiões de tinta irrompem de uma luta entre polícias e gangsters. Boião a boião, pessoa a pessoa, a cidade volta a colorir-se. Regressam os laços, a emoção e o amor.
Este anúncio da Dulux é uma paródia da América dos anos vinte, famosa pela Lei Seca e correspondente proliferação de gangs. Lembra, em menor grau, o filme Equilibrium: as emoções são “anestesiadas” com fármacos e a arte é severamente proibida.
Histórias como esta têm o condão de revelar alguns tópicos do nosso imaginário, por exemplo, a violência ser parteira da libertação.
Em suma, uma história bem contada num anúncio de qualidade.
Marca: Dulux. Título: Colour Prohibition. Agência: BBH London. Direcção: Patrick / Christian. UK, Fevereiro 2014.