Estética da guerra

Bruno Aveillan é o Bernini da publicidade. Habituou-nos a vídeos belos, lentos e poéticos. Não é o caso deste “Eternels”, para o parque temático Puy du Fou, o segundo mais visitado em França a seguir à Disneylândia. O anúncio é brutal, acelerado e fragmentado. A sucessão de cenários lembra o anúncio Handle Doors, do Ford S-Max (incluído no vídeo A Construção do Impossível). De violência em violência, o anúncio regride desde as trincheiras da I Guerra Mundial até a um circo romano, para regressar no fim ao início: uma mulher despede-se do homem compartilhando uma fotografia rasgada, presente em todos os episódios. Bruno Aveillan, mais que um contador, é um encantador de histórias.
O anúncio de Bruno Aveillan Dolce Vita, para a Gaz de France, fecha a sequência de anúncios associada à comunicação “A Construção do Impossível” (2009), que versa sobre o espaço nos anúncios publicitários. Creio que ainda não a coloquei no Tendências do Imaginário. Como nenhum tesourinho deprimente merece aparecer só, acrescento o artigo correspondente: “Como nunca ninguém viu – O olhar na publicidade” (in Martins, Moisés de Lemos et alii, Imagem e Pensamento, Coimbra, Grácio Editor, 2011, pp. 139-165).
Imagens do impossível
“Estes anúncios apresentam‐nos, ao jeito de Escher, mundos impossíveis. Impossíveis, mas convincentes: “Tudo ali nos parece muito estranho e, no entanto, é bastante convincente” (Ernst, 2007: 51). Trocam‐nos os olhos e até nos causam um impacto físico. “Falam‐nos ao corpo” (Kerckhove, 1997: 38). Mexem connosco e, sobretudo, conduzem‐nos a experienciar o impossível. Eis a principal razão para o tamanho do quadro ter que ser maior do que o tamanho do mundo. Para se pintar, além das paisagens e das histórias previstas por Alberti, o sonho e o impossível”,
Albertino Gonçalves, “Como nunca ninguém viu”, Martins, Moisés de Lemos et alii (2011), Imagem e Pensamento, Coimbra, Grácio Ed., pp. 139-165.
“Como nunca ninguém viu” (ver pdf) aborda o papel da ilusão nos anúncios publicitários. O novo anúncio da Honda, Illusions (vídeo 1), teve o condão de ressuscitar este texto entre páginas amortalhado (por sinal, um dos meus preferidos). O anúncio da Honda não é de todo original. O Illusions do Audi A6 (vídeo 3) abriu caminho há quase dez anos. Já os conteúdos, inspirados na arte de rua, têm assinatura própria: oito ilusões ópticas de belo efeito.
Pdf: Albertino Gonçalves. Como nunca ninguém viu. Imagem e Pensamento
Marca: Honda. Título: Illusions. Agência: Mcgarrybowen, London. Direção: Chris Palmer. Reino Unido, Outubro 2013.
The Making of of Honda Illusions.
Marca: Audi. Título: Illusions. Agência: Bartle Bogle Hegarty. Direção: Anthony Atanasio. Alemanha, Junho 2004.