Parar as balas, abater as armas

Nunca aprendemos, já passamos por isso / Por que estamos sempre cercados e fugindo / Das balas? Das balas?
Signo of Times, de Harry Styles, oferece-se como uma canção premonitória? Proeza algo relativa. Humanamente falando, canções como esta são sempre premonitórias. Aproveito para recolocar um anúncio admirável de 2007: Stop the bullet Kill the gun, da Choice FM.
Descubra as diferenças

O mundo e o seu mistério nunca se refazem, não existe modelo que baste copiar (René Magritte).
Saiu um anúncio com a assinatura de Dan Brown: No Less Lethal, da Rubber Bullets. Balas perfuram e destroem vários objetos. Praticamente o mesmo perfil que um anúncio de 2007: Stop the bullet Kill the gun, da Choice FM. Descubra as diferenças.
Pegada
Em Junho de 2016, em Orlando (Florida), um terrorista matou 49 pessoas e feriu 53 numa discoteca frequentada pela comunidade LGBT. No anúncio Cellphones, The Brady Campaign inspira-se no cenário do atentado para denunciar a violência homofóbica. Os telemóveis insistiam em tocar e funcionar para além da morte. A focagem nos telemóveis constitui uma espécie de assombração convincente. No passado, a pegada humana era assegurada pelos filhos, pelas obras e pelas missas perpétuas. Hoje, também temos o cellphone, o smartphone, o iPhone, o tablet, o notebook e outros prodígios com nome estranho.
Anunciante: The Brady Campaing. Título: Cellphones. Agência: Brand+Aid Creative. USA, Outubro 2016.
A morte entre as mãos de uma criança
A publicidade tem picos temáticos, tais como os jogos olímpicos ou o campeonato do mundo de futebol. Acrescente-se o Halloween. Semanas antes, em Outubro, disparam os anúncios alusivos a mortos ou, eventualmente, à morte. O estilo vai do humor, amiúde negro, à sátira, passando pela paródia e pela ironia.
O anúncio Toddlers Kill, da Brady Campaign to Prevent Gun Violence, não é um rebento do Halloween, mas é sinistro, satírico e irónico, substituindo, num registo jornalístico, o slogan clássico “Guns don’t kill people, people do” por um novo slogan, absurdo: “Guns dont’kill people. Toddlers kill people”.
Anunciante: The Brady Campaign to Prevent Gun Violence. Título: Toddlers Kill. Agência: McCann Erickson (New York). Estados Unidos, Outubro 2016.
A presença de Portugal num mapa do séc. XVI

Diego Gutiérrez, Mapa da América, 1562. Para maior resolução: 1. Clicar no mapa; 2. Clicar em 2000-2176
Este País com dores de dependência, encontrámo-lo onde menos esperamos. Pesquisei há tempos a obra de Hieronymus Cock (Antuérpia; c. 1510-1570), editor que publicou gravuras de vários artistas notáveis, entre os quais Hieronymus Bosch e Pieter Bruegel. Chamou-me a atenção o Mapa da América, de 1562, do cartógrafo espanhol Diego Gutiérrez, para o rei Filipe II. O mais extenso e pormenorizado mapa do que então se conhecia do continente americano. Aparecem três armas reais a demarcar outros tantos territórios: da monarquia francesa, perto do atual Canadá; da monarquia portuguesa, junto à costa da Argentina e do Brasil; e da monarquia espanhola, entre ambas. A marca de Portugal aparece ainda a propósito do “caminho marítimo para a Índia”: várias embarcações junto às Ilhas de Cabo Verde são identificadas como “a flota de Portugal que va par Calicute”.
- Diego Gutiérrez, Mapa da América, 1562. Para maior resolução: 1. Clicar no mapa; 2. Clicar em 2000-2176
- Mapa da América. Diego Gutiérrez. Publicado em 1562. Pormenor com as armas de Portugal
- Hieronymus Cock. A partir de Hieronymus Bosch. Concerto numa ostra. 1562
- Hyeronymus Cock a partir de Pieter Bruegel. Big fish eat little fish.1556