Nenúfares

Dedilhei os cds da última gaveta. Passei pelo Bob Marley e comentei: “O reggae é que foi um apagão! É difícil encontrar memória mais esquecida”. Respondem-me: “Mudaram as drogas. Agora são ácidos”. Fiquei a ruminar. A imagem veiculada pelo Woodstock (1969) foi a de uma descontração desvelada. Até os nus que deslizavam na água pareciam nenúfares. O mesmo no festival da ilha de Wight, em 1970. A imagem de Bob Marley respirava paz e amor (ver vídeo 2). A tendência era apolínea (Friedrich Nietzsche, O nascimento da tragédia, 1872; Ruth Benedict, Padrões de cultura, 1934). A aura dos festivais atuais parece mais dionisíaca. O meu rapaz envia-me um vídeo ilustrativo com a nova versão do Gollum numa tribo efervescente a chapinhar em trajes mínimos (vídeo 1).
Fernando e Albertino
Água velada: o fascismo e a fonte

A Fonte dos Quatro Continentes (1751-1754), em Trieste, obra do escultor Giovanni Battista Mazzoleni, lembra a Fonte dos Quatro Rios (1648-1651), de Gian Lorenzo Bernini, na Praça Navona, em Roma. Tem um pormenor e uma história interessantes.
A escultura associada ao continente africano está com o rosto velado. Por se desconhecer, à época, a nascente do rio Nilo (apenas no século XIX se viria a descobrir a nascente do Nilo no lago Vitória). Sábia sabedoria! Quem desconhece a origem anda com o rosto tapado. Quando votamos também devíamos portar um véu espesso: sabemos, eventualmente, a origem, mas ignoramos o destino.

Com o tempo, a fonte foi votada ao abandono. Em 1925, o Conselho Comunal manifestou a intenção de a desmontar. O que virá a suceder em Setembro de 1938, “in occasione del Comizio che Benito Mussolini avrebbe condotto annunciando la promulgazione delle leggi razziali” (https://artplace.io/discover/2113/fontana+dei+quattro+continenti). Foi reconstruída em 1970 noutra posição. Regressou ao lugar de origem no ano 2000.
As pedras falam! A água canta.
O egomundo e a pavimentação da vida

Este artigo é estúpido. Levanta problemas que não existem.
Acreditei inventar uma nova palavra, por sinal, óbvia: egomundo. Mas em Coimbra, uma empresa tem esse nome. Egomundo é o antípoda do mundo colectivo. Remete para a experiência, a memória e o sentido da vida de cada pessoa. É um cúmulo de subjectividade. Uma perspectiva subjectiva de um ponto de vista subjectivo. Nada de consensos, tribalismos ou projectos sociais. Sem retóricas religiosas, científicas e técnicas, o mundo gira em torno do egocentro.
Tenho-me deslocado com alguma frequência à minha terra. No limiar do tempo e do espaço, deixo os olhos e a memória pastar. Demando os sítios onde costumava jogar ao espeto e ao pião. Alcatrão, cimento ou empedrado. Em centenas de metros em redor, é materialmente impossível jogar ao espeto ou ao pião. Terra, só nos campos. Não sendo terra batida não dá para jogar. O cimento e o alcatrão conquistaram tudo. Mesmo nas povoações, a estrada não tem valetas. Não cresce uma única planta. Na Serra, local de convívio público da freguesia, a maré negra e cinza cobriu tudo, até trepou os degraus do cruzeiro. Estar sentado no passeio proporciona o conforto de uma lagartixa numa eira de basalto. O ar aquece de baixo para cima. Assim o impõem o trânsito e a velocidade. Não admira que as estradas se alarguem até ao último milímetro. Os carros também se alongam: um Volkswagen carocha media 1.54 metros de largura; o Golf mede 1.799. Dois Golf que se cruzam, carecem de mais 1.03 metros de estrada. Na minha freguesia, tudo quanto é estrada, caminho ou largo foi asfaltado ou cimentado. Na minha infância, apenas a estrada nacional era asfaltada.

O Terreiro era o “campo de futebol” mais à mão. Ficava no caminho da escola e da catequese. Térreo, era um regalo para o jogo da bola. O cruzeiro delimitava uma baliza e uma pedra a par de um pilar das escadas da Igreja, outra. Primeiro, empedraram-no, para mal dos nossos joelhos e cotovelos. Acabaram por o asfaltar e cimentar nas bordas. Porquê tamanha intemperança pavimentar? À velocidade e à circulação, temos que acrescentar um outro cavaleiro do asfalto: o estacionamento. A terceira aresta do triângulo rodoviário: velocidade, circulação e estacionamento. Asfaltou-se todo o terreiro para facilitar o estacionamento, o repouso do motor. O asfalto e o cimento são materiais invasivos. Alastram e grassam. Acontece-lhes engordar. Na minha casa de infância, para entrar na loja convinha subir um degrau; agora, convém descer.
O alcatrão tem muitas virtudes. Quando o sol queimava, fazia esferas com o alcatrão derretido. Não davam, porém, para “jogar aos berlindes”. O pavimento da estrada era perfeito para andar de patins. Com pouca gravilha, areia e cascalho, ficava polido, quase sem atrito. Os dois quilómetros sempre a descer até às termas do Peso eram uma tentação. Dei quedas dignas do cinema mudo.
A minha freguesia, para além de terra, também tem água. Muita água, a condizer com o nome: Prado. Em criança, via-se e ouvia-se cantar a água por todo lado. Agora, nem se vê, nem se ouve; adivinha-se. Dava jeito uma vara de detecção de água subterrânea. Tudo quanto é rego ou poço foi encanado ou tapado, sobretudo, com cimento. A minha casa de infância era contornada por cursos de água em três frentes. A cerca de 70 metros, a levada proveniente do ribeiro dividia-se em três regos: um prosseguia para o lugar da Corredoura; outro passava por debaixo do caminho e, após uma pequena cascata, por baixo da estrada rumo à Serra; o terceiro mergulhava uns quatro metros num “tubo” de granito e reemergia do outro lado da estrada a uma altura de quatro metros noutro “tubo” de granito rumo à Quinta dos Governadores. Tudo foi encanado e tapado, salvo uma dezena de metros destinados a uma espécie de arremedo de lavadouro público. Já não se enxergam nem girinos cabeçudos, nem “alfaiates”. Nestes cursos de água, refresquei os pés no Verão, pilotei barcos, uns de casca de pinheiro, outros de madeira, com mastros de cana e velas de plástico. Fitava, quase hipnotizado, a água corrente à cata de uma truta. Tudo tapado! Até a “arquitectura granítica dos vasos comunicantes” foi cimentada. Para quê? Para alargar a curva. A uns sete metros da entrada da casa, do outro lado da estrada, na base de um muro alto de saibro, uma mina de água, cuja entrada escondia cristais de quartzo ferruginoso. Ali, colocávamos a refrescar as garrafas de bebidas. Munidos com uma lanterna, arriscávamos explorar a mina. Às vezes, éramos obrigados a parar: o tecto da mina tinha desabado. Nestas circunstâncias, subia ao campo que se situava por cima da mina. Lá estava um buraco enorme provocado por um aluimento de terras. Como medida segurança, a entrada da mina foi cimentada.

A terra e a água, esta terra e esta água, fazem parte da nossa memória e identidade. Por que motivo se enterra a água e tapa a terra? Não é, decerto, para evitar acidentes, a exemplo do sacristão que, durante o compasso, caiu com a cruz num curso de água que atravessava o caminho ou da mulher que se afogou num rego. É verdade que se ganham centímetros nas estradas e, porventura, eficácia na distribuição da água.
A expansão do asfalto aumentou a velocidade e reforçou a segurança dos automóveis. E a insegurança dos peões. Sem passeios, existem bermas onde ninguém ousa andar. Na curva da Serra, uma motorizada partiu uma perna a uma pessoa e um idoso foi atropelado mortalmente por um automóvel. Ambos caminhavam pela berma. Um motão entrou pela loja dentro!
Acessibilidade, velocidade, expansão, segurança e eficácia são trunfos do baralho da modernidade materialista (o presente inclinado para o futuro). Mas há mais. Desviando o olhar do espaço público para o espaço privado, constata-se que, junto às moradias, quase todo o solo está pavimentado. Com pedra, mármore, mosaicos, cimento e outros pavimentos. Nada de lama, poças, erva ou bicharada. Tudo asseado e de fácil manutenção. Alguém imagina quanto custa cuidar de um relvado ou de um canteiro de flores? Dar vida à vida dá trabalho. Acrescentam-se, assim, mais duas vantagens a favor da pavimentação: a higiene e a facilidade de manutenção.
A pavimentação da terra e a canalização da água conheceram um franco crescimento nas últimas décadas nos espaços públicos e privados. Autoestradas, caminhos, praças, recintos, nada escapou. Há quem diga que é uma das conquistas de Abril! Seria interessante ter acesso a fotografias de satélite com a evolução da pavimentação em Portugal.

Pavimenta-se quase tudo. Cobre-se a terra, a pedra e a água. Por enquanto, não se colocam tectos no céu, apenas fios de electricidade onde se enredam os papagaios de papel (ver figura 2). Esta pavimentação do mundo impede a vida, apesar da ilusão do crescimento de árvores na pedra, no cimento ou do alcatrão (ver figura 4).
Esta é a nossa ecologia. Embalsamadores da natureza envolvente, que autoridade nos resta para protestar contra deflorestação da Amazónia, o aquecimento global ou a plastificação do oceano Pacífico?
A pretexto do Terreiro, em Prado, Álvaro Domingues escreve:
“Contrariamente à lentidão do tempo longo no passado pré-moderno, os localismos só sobrevivem na velocidade rápida exigida pela sua franca exposição a tudo o que vindo de onde vier, mexe e circula” (Terreiro, Público, 28 de Julho de 2019: https://www.publico.pt/2019/07/28/opiniao/ensaio/terreiro-1881329).
Prado está inclinado para a frente. É um cata-vento de oportunidades que cavalga na crista dos limites.
E o meu egomundo, cúmulo de subjectividade, como anda? Introspectivo, nostálgico e birrento. Como o Angelus Novus (1920), de Paul Klee, avança às arrecuas com os olhos postos nas ruínas. Anda com vontade de não chegar. “Y al volver la vista atrás / se ve la senda que nunca / se há de volver a pisar (…) Todo passa y todo queda, pero lo nuestro es passar, passar haciendo caminos, / caminos sobre la mar” (Antonio Machado, Proverbios y cantares, XXIX / XLIV, Campos de Castilla, 1912).
O anúncio Release Me, da Saab, também é um poema: de vitalidade e liberdade. Podia tê-lo colocado no início do artigo.
Antonio Machado. Proverbios y cantares.
XXIX
Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.
XLIV
Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre la mar
As virtudes do funil

01. Unknown, Inuentio sanctae Crucis, Illumination from the Passionary of Weissenau (Weißenauer Passionale) (1170-1200), Codex Bodmer 127, fol. 53v.
Com menos anos do que dedos nas mãos, pasmava na feira a ver o vendedor de banha da cobra. Numas bancas, alguns recipientes de vidro com uma espécie de massa longa (mafaldine) a que chamava “bicha solitária”. O seu vozeirão dava exemplos dos pavores que estes parasitas provocavam nos intestinos. Para alimentar o monstro, as vítimas sentiam fome e definhavam a olhos vistos. Para grandes males, pequenos remédios. Bastam dois frascos com uma poção milagrosa para matar o bicho e a fome. Duas pessoas apressam-se a comprar, secundadas por parte da assistência. Naquele tempo, eram mais as pessoas com fome do que com fastio. Talvez fosse da bicha solitária. Este é um dos esquemas básicos da publicidade. Criar necessidades, pelo imaginário mas com fio de terra. Como diria Karl Marx, a oferta produz a procura. Não digo que os anúncios actuais são herdeiros dos charlatões das feiras, mas também não desdigo.
Marca: SodaScream. Título: It’s time for a change. Estados Unidos, Novembro 2018.
Afirmam que existe uma nova ilha composta por lixo. Os oceanos e os rios estão atafulhados de lixo, os lugares onde as pessoas residem, também. Como combater a catástrofe? O anúncio It’s time for a change, da SodaStream, sugere deixar de beber água engarrafada em embalagens de plástico e passar a beber soda. Com mais de 6 milhões de visualizações no site da marca, o anúncio está a alcançar um enorme sucesso.
Como vamos beber a soda? Com palhinhas ou copos de plástico? São o problema. Com copos de madeira ou de papel? São desflorestadores. Com copos de vidro? São de reciclagem rápida, mas requerem detergentes. Tecnologicamente avançada, a nossa sociedade tem a poção mágica para quase tudo. Se existe, digitaliza-se! Por que não beber soda em copos virtuais! A digitalização é amiga do ambiente, apenas polui os neurónios.

03. David Teniers the Younger.The Temptation of Saint Anthony (detail) (c 1650).
Restam duas soluções. A primeira consiste em beber soda diretamente da fonte. Sem copo, nem palhinha. Na aldeia, para beber às escondidas, sorvia-se o vinho da torneira da pipa. Outra solução: não beber nem água engarrafada nem soda. Beber água da chuva, graças a um funil. Aos primeiros pingos, funil à boca e ergue-se a face. Regressado o sol, o funil, assente na cabeça, serve, agora, de chapéu. Esta solução já foi patenteada há, pelo menos, oito séculos (Figura 01).
Os funis de Hieronymus Bosch
O Dia dos Mortos e o combate aos mosquitos
« Puisque je doute, je pense, puisque je pense, j’existe » (René Descartes, Discours de la méthode, 1637).
O pensamento por associação em cadeia é contundente. A conjunção logo é um golpe de misericórdia da razão. O que liga o México à marca de repelentes Off?
México, logo Dia de los Muertos, logo gente festiva “que reaviva os mortos”, logo cemitério, logo flores, logo floreiras, logo água estagnada, logo reprodução de mosquitos, logo enfermidades, logo o interesse de plantas que afastam os mosquitos, logo os produtos da Off, marca de repelentes da S.C. Johnson.
Anúncio interessante e criativo, com um colorido humano fantástico em tempo de festa com fundo fúnebre.
Marca: Off. Título: Ramo repelente. Agência: BBDO Argentina. México, Novembro 2018.
Mergulho e ascensão da mulher. Coreografia subaquática
Ama é uma palavra japonesa que significa “mulher do mar”. Nesta curta-metragem, realizada e interpretada por Julie Gautier, uma mulher, fustigada pela chuva, vê-se mergulhada na piscina mais profunda do planeta. Sujeita à gravidade da água, protagoniza uma coreografia sofrida que culmina numa suspensão, num equilíbrio, que precede a ascensão libertadora.
The rain falls like so many tears on a young woman in a little black dress. We dive into her eyes as we dive into her soul drowned in sorrow. The woman is lying on the bottom of the water. She gets up slowly and begins to dance. Her movements are graceful, but her feet are heavy on the bottom. Despite gravity reveal the weight on her shoulders. The music gets faster, the dancer rises faster, breaks free of gravity until she flies off. She falls as exhausted by this fight against herself before finally ascending to the surface. Her face shines, she releases a bubble of air, the pain is gone, life can resume its place (https://www.y-40.com/en/events-program-/1292-ama-international-women-s-day-.html).
A performance de Julie Gautier é fantástica. Convém realçar que o marido, Guillaume Néry, é campeão mundial de mergulho livre (freediving). A curta-metragem AMA foi concebida para o Dia Internacional da Mulher.
This film speaks a lot to women, because it was written by and for women but it is not exclusive to women. I do not want to make it a militant film, nor feminist. For me, it’s just an open door for the heart of a woman (Julie Gautier: https://www.y-40.com/en/events-program-/1292-ama-international-women-s-day-.html).
AMA oferece-se como uma curta-metragem minuciosamente concebida e realizada. A coreografia subaquática é, ao mesmo tempo, surpreendente e encantadora. A estética deu ares de sua graça e foi a banhos.
Título: AMA. Realização e interpretação: Julie Gautier. Coreógrafa: Ophélie Longuet. Produção: Spark Seeker/Les Films Engloutis. França, Março 2018.
Como lavar as mãos sem água
Começaram as aulas. Tocam os sinos nas caixas cranianas. Aleluia! Mais uma peregrinação ao Evereste. Para sentir “um pouco de céu”, como canta a Mafalda Veiga (https://www.youtube.com/watch?v=zQ6LuAHQzEE)! Voam e caem as palavras, como anjos brancos e negros. O ensino é uma missão bíblica. Abrir todos os dias o mar Vermelho. Nas aulas ecoa, porém, a mesma nota discordante: a aprendizagem a tender para zero e a evasão para o infinito.
O anúncio Tutorial, da UNICEF, é um caso à parte. Como é apanágio do diretor, Bruno Aveillan, as imagens são de um apuro estético supremo. Mas o conteúdo não desmerece, é um assombro de comunicação. As crianças esfregam e esfregam as mãos, mas as mãos continuam sujas. Como a nossa consciência.
Vem este devaneio a propósito da UNICEF. A pedagoga da humanidade. Acaba de sair o anúncio da Goodwill: Get it. Uma encenação barroca. Contrasta com o despojamento trágico do anúncio Tutorial da UNICEF. Na vida, como nas aulas, a teoria não basta.
Marca: Goodwill. Título: Get it. Agência: Digitas. Estados Unidos, Setembro 2018.
Marca: UNICEF & Garnier. Título: Tutorial. Agência: Buzzman. Direcção: Bruno Aveillan. França, Abril 2017.
Tecnofilia surrealista
Por que tantas crianças, do ventre à puberdade? As crianças são o futuro; e o futuro é uma criança. “O mundo pula e avança, como uma bola colorida, nas mãos de uma criança” (António Gedeão). E tanta água? Para quê tanta água. A água é o berço da vida, o alfa da estética e a fonte do prazer. Mergulhar! Não há melhor imersão, de preferência, virtual. Consegue distinguir real e irreal? O irreal é “mais real do que o real” e o real desrealiza-se. O futuro começa agora, o impossível, esse, começa com a Samsung!
Um belo anúncio, complexo, mas consistente. Um rodopio de imagens, sem pontas soltas. Afinal, “o essencial [não] é invisível aos olhos” (Principezinho). Prepare-se para uma mão-cheia de prazeres. Samsunganize-se! Faça o que não pode! Seja normal!
Marca: Samsung. Título: The new normal. Agência: Leo Burnett. Direcção: Mark Zibert. Estados Unidos, Abril 2017.
Nos videojogos, o futuro já começou. O impossível tornou-se banal. Segue um trailer, notável, do Starcraft, Resmastered – We are under Attack (2017). O anúncio da Samsung é eufórico, o do Starcraft, disfórico. Desta vez, é a sério: os extraterrestres invadem o planeta. Prepare-se para uma chuva de emoções fortes. As emoções decorrem cada vez menos das relações entre humanos e cada vez mais das relações com as máquinas. Starcrafte-se!
Starcraft. Remastered- We are under Attck. 2017.
Vitalismo
Vulnerável e vital! Como um animal ou uma planta. Como um ser humano.
O anúncio Release Me, da Saab, é, ao mesmo tempo, um eco da vulnerabilidade oprimida e uma ode à libertação. Teve o mérito de lançar a banda sueca Oh Laura, de que acrescento duas músicas: Release Me, do anúncio da Saab, e Raining in New York, ambas do álbum A Song Inside My Head (2007).
Vulnerável e vital, como uma gota de água. A curta-metragem Voyage dans l’arbre, do parque de plantas Terra Botanica (Angers, França), é um exímio trabalho a que nos habituou a agência Mac Guff Paris.
Anunciante: Saab. Título: Release Me. Agência: Lowe Brindfors, Sweden. Suécia, Junho 2007. Música: Oh Laura.
Oh Laura. Release Me. A song Inside My Head, a Demon in My Bed. 2007.
Oh Laura. Raining in New York. A Song Inside My Head, A Demon in My Bed. 2007.
Terra Botanica. Produção: Tvcible. Agência: TBWA Paris. Directores: Thomas Szabo e Helene Guiraud. Pós-produção: Mac Guff. França, 2010.
Uma gota de água
Uma gota de água é um das expressões mais belas das línguas latinas. E é versátil. Como uma gota de água no oceano, um infinitamente nada. A gota de água que faz transbordar o copo, um ocasionalmente tudo. Vem este devaneio a propósito do anúncio The Drop, da Bavaria (2009). Original, turbulento, airoso e jovial, com estética e humor a preceito. Um ramalhete de qualidades raramente próximas. Com uma gota de cerveja…
Marca: Bavaria. Título: The Drop. Agência: Selmore. Direcção: Matthijs Van Heijningen. Holanda, 2009.