Pôr a vida a pastar
Round like a circle in a spiral, like a wheel within a wheel / Never ending or beginning on an ever spinning reel (Abbey Lincoln, Windmills of your mind).
Com mobilidade reduzida, a relação com o mundo adquire outra feição. Resulta mais lenta e mais minuciosa. Pasma-se com as aventuras da gata, desde os primeiros namoros até ao aleitamento das crias, uma preta como o pai, a outra às listas tal e qual a mãe. Acompanha-se a melra que repete cinco vezes o mesmo voo desde o comedouro dos gatos até às bocas no ninho. Até as plantas se animam: sofrem os limoeiros com as invasoras, têm sede os morangueiros nos vasos e destaca-se a primeira folha avermelhada na cerejeira. Tudo entremeado com música. Hoje, jazz. Partilho três faixas do álbum over the years, de Abbey Lincoln: Windmills of your mind; What will tomorrow bring; e Tender as a rose.
Moinhos do coração

A canção The Windmills of Your Mind inspirou imensas interpretações. Por exemplo, Alison Moyet, Petula Clark e Sting. A origem é francesa. É da autoria de Michel Legrand, reputado compositor de músicas para filmes. The Windmills of your Mind pertence à banda sonora do filme The Thomas Crown Affair, de 1968. Michel Legrand ganhou um Óscar pela melhor canção original (The Windmills of your Mind). Recebeu mais dois Prémios da Academia pelas bandas sonoras de Summer of ’42 (1971) e Yentl (1983). Segue a versão interpretada por Abbey Lincoln, bem como a versão francesa, Les Moulins de Mon Coeur, interpretada pelo próprio Michel Legrand.