Sucesso de estimação

Quem não tem um recanto pessoal para afectos singulares? Coisas de que gostamos e que quase mais ninguém gosta. Afinidades que, contra ventos e marés, são o barro da nossa identificação. Penso, pessoalmente, nos livros de Rafael Pividal (1934-2006), nos filmes de Luigi Comencini (1916-2007) ou nas canções de Isabelle Mayereau (nascida em 1947). São obras que provocam um prazer duplo: primeiro, porque se gosta; segundo, porque é um gosto solteiro.
Conheci a música de Isabelle Mayereau em 1977. Por acaso. Acompanhei-a até ao “retiro” de 1987. A obra, melódica, é original. Escreve as letras, compõe as músicas e canta. Como escreveu um crítico a propósito do seu primeiro álbum (L’Enfance, 1977), “o álbum obteve apenas um sucesso de estimação”. Estava lançado o mote. Que fazer com estes sucessos de estimação? Quem os guarda para si, partilhá-los-à no inferno. Para os partilhar, precisa de parceiros. Já coloquei várias canções da Isabelle Mayereau no Tendências do Imaginário. Acrescento um pequeno pacote com quatro sucessos de estimação.