Heitor Villa-Lobos por Francisco Berény Domingues
Hoje, vou à terra, ao lançamento do livro de fotografias Quem Fica, de João Gigante, com um texto do Álvaro Domingues e outro meu. É sobre Prado, a minha freguesia natal. Por falar no Álvaro e em Prado, gostava de voltar a ouvir o Francisco Berény Domingues em Melgaço.
O grande e o pequeno
Um carro minúsculo, um BMW Isetta, atravessa, em 1964, a fronteira do Muro de Berlin. No regresso, transporta, escondido, um clandestino. A façanha repete-se. O segredo: o carro era tão pequeno que os guardas não imaginavam que pudesse esconder uma pessoa. O pequeno passa o grande quando o grande não passa o pequeno. O tom do anúncio é grave, nada heróico. O suspense ultrapassa a acção. A luz é nocturna e a música, disfórica, é uma peça-chave. Assim se cria um anúncio de referência.
Uma história antiga
O Épico de Gilgamesh é considerada a obra literária mais antiga da humanidade. Escrita em Sumério, passa-se na Mesopotâmia. Narra os feitos de um rei que, desafio após desafio, parte em busca da imortalidade. Há cerca de 4 000 anos. O Épico de Gilgamesh foi traduzido em português pela Assírio & Alvim (2017).
O músico canadiano Peter Pringle canta, na língua original, acompanhado por um gish-gu-di (um alaúde sumério de três cordas), os primeiros versos do Épico de Gilgamesh.
Fernando e Albertino
Sanfona
Se bem me lembro, quando era criança, na minha terra, havia pessoas que tocavam sanfona. É um instrumento musical medieval com uma sonoridade própria. O meu rapaz mais novo mostrou-me esta interpretação de sanfona. Dá para ouvir? Sanfoniza-te!
Os anjos também emigram
Marta Carvalho participou no vídeo musical Talk It Out, de Neil Avery & Nigel Planer, estreado ontem, dia 10 de Outubro, por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental 2019. Marta interpreta o papel de uma espécie de anjo que ajuda um homem desesperado.
Marta foi aluna do Mestrado em Comunicação, Arte e Cultura, da Universidade do Minho. Atriz experiente, partiu, há alguns anos, para Inglaterra, onde prossegue uma carreira notável.
Não é de lamentar que os portugueses emigrem em busca do sucesso. Pior seria mantê-los pasmados na sua terra natal. Assuma-se a verdade: quem parte não vai para o inferno, e, por estes lados, ainda não saímos do purgatório. Portugal é um bom país: cheio de oportunidades para quem se aproveita; o melhor do mundo para quem gosta.
Água velada: o fascismo e a fonte
A Fonte dos Quatro Continentes (1751-1754), em Trieste, obra do escultor Giovanni Battista Mazzoleni, lembra a Fonte dos Quatro Rios (1648-1651), de Gian Lorenzo Bernini, na Praça Navona, em Roma. Tem um pormenor e uma história interessantes.
A escultura associada ao continente africano está com o rosto velado. Por se desconhecer, à época, a nascente do rio Nilo (apenas no século XIX se viria a descobrir a nascente do Nilo no lago Vitória). Sábia sabedoria! Quem desconhece a origem anda com o rosto tapado. Quando votamos também devíamos portar um véu espesso: sabemos, eventualmente, a origem, mas ignoramos o destino.
Com o tempo, a fonte foi votada ao abandono. Em 1925, o Conselho Comunal manifestou a intenção de a desmontar. O que virá a suceder em Setembro de 1938, “in occasione del Comizio che Benito Mussolini avrebbe condotto annunciando la promulgazione delle leggi razziali” (https://artplace.io/discover/2113/fontana+dei+quattro+continenti). Foi reconstruída em 1970 noutra posição. Regressou ao lugar de origem no ano 2000.
As pedras falam! A água canta.
Original
Boa música, belas imagens, um vídeo musical notável, que opta pelo arabesco aparentemente pós-humanizado.
O pesadelo, a armadilha e o prodígio
A eslovaca Dospinox anuncia um remédio contra os pesadelos com música a condizer. Faltava. Pesadelos e curas lembram dois anúncios, bem musicados, da Nolan. Dois roedores, duas vítimas musculadas. Tudo em vésperas de urnas e Halloween.
Danças do Renascimento
Nos anos setenta, pertenci a um clube de música clássica. Tinha a vantagem de estar ao corrente do que era publicado e de adquirir os discos a preço reduzido. Encomendei o álbum Danses de la Renaissance (1973), do Clemencic Consort, neste quadro, sem conhecer o conteúdo. Afeiçoei-me ao Clemencic Consort e acompanhei a sua carreira. Tivemos momentos felizes. Por exemplo, o álbum La Fête de l’Âne – Traditions du Moyen-Age (1980 : o Tendências do Imaginário contempla várias músicas). O vinil das “Danças do Renascimento” é uma relíquia.
O Tendências do Imaginário e a Internet contêm muita música medieval. Ainda mais, música barroca. E a música do Renascimento? Fica entalada entre o medieval e o barroco? As sociedades têm ouvidos selectivos. A História da Música comprova-o. Dispense-se alguma atenção a estas danças do Renascimento. Não ficamos mais pobres. Seguem a faixa 3, Danses, 08:58, ficheiro vídeo; a faixa 11, Danses anonymes, 05:12, e a faixa 14, Danses, 04:17, estas duas faixas em ficheiro áudio.