Dividir o ecrã, aproximar os contrários

John Ferreira, amigo de juventude, envia-me o anúncio You can’t stop us, da Nike (vídeo 1). Um split screen impecável, com um enorme sucesso. A marca Nike e a agência Wieden + kennedy costumam rondar a perfeição. Têm um quase nada que produz um não sei quê ofuscante. Proclama-se, por exemplo, que “o anúncio da Nike une os contrários”. Nos outros anúncios congéneres são os contrários que se unem? Lembro um anúncio muito expressivo que culmina com a interposição de um braço para defesa de uma bola. Está algures no Tendências do Imaginário, mas não o encontro. Em 2007, já se faziam anúncios com split screen. É o caso do anúncio francês Double Energie, da Total (vídeo 2). Noutro domínio, o vídeo musical Go Up, de Cassius, com direcção de Alex Courtès, revela-se, porventura, mais ousado e mais criativo (vídeo 3). Nenhum destes vídeos atingirá os 58 milhões de visualizações entretanto ultrapassados pelo anúncio da Nike. Às vezes, parece que quando há fogo-de-artifício hegemónico, o resto do mundo pode apagar-se.