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Beijo cremoso

yoplait le baiserSerá o retrato de Dorian Gray pós-moderno? Vagueamos em bóias de egoísmo, incapazes de partilhar o que quer que seja, a não ser o sexo? O currículo oculto, como dizem os “educólogos”, do anúncio assevera-se preocupante. Nada de exageros, que o tempo não está para pudores deslocados. Trata-se de uma piada. Ninguém lê a história literalmente. A mensagem é mais requintada: amem-se uns aos outros com iogurte líquido. Quanto à mulher, cabe-lhe, agora como outrora, o papel de “filha de Eva”.

Marca: Yoplait. Título: Yop le baiser. Agência: Publicis Conseil, Paris. Direção: Ilan Teboul. França, Agosto 2013.

Palavras com imagens

A palavra sempre foi importante na publicidade. Em alguns anúncios é, porém, muito importante. A França é um país que cultiva sobremaneira a palavra. Vê-se nestes dois excelentes anúncios produzidos pela mesma agência de publicidade, a Publicis Conseil (Paris), para marcas francesas (Galeries Lafayette e Orange), com realizadores franceses (Philippe André e Bruno Aveillan). A palavra como eixo da imagem.

Marca: Orange. Título: Les Mots. Agência: Publicis Conseil, Paris. Direcção: Philippe André. França, 2009.

Marca: Galeries Lafayette. Título: Recette d’une femme mode. Agência : Publicis Conseil, Paris. Direcção : Bruno Aveillan. França, 1998.

Anomalia

Marcel Duchampl. L.H.O.O.Q. Mona Lisa with moustache. 1919

Marcel Duchampl. L.H.O.O.Q. Mona Lisa with moustache. 1919

Este anúncio admirável da Orange ilustra como os “apanhados” inventivos, simulados ou não, podem desafiar as próprias ciências sociais. Como lidam as pessoas com uma dissonância cognitiva inesperada? Os olhos acreditam no que vêem? Quanta exposição é necessária para se reconhecer um facto anómalo? Para admitir a presença do “impossível”? Como é gerido o conflito entre a razão e a percepção? Quem é anormal? A pintura embuste ou o público estupefacto? Como se desloca esta sensação de anormalidade? Quanto tempo demora a procura de confirmação alheia? O olhar dos outros, a experiência comum, funciona como uma âncora para a travessia cognitiva? Uma dissonância partilhada deixa de ser uma dissonância? A comunicação e o consenso conduzem à verdade? O que justifica o alívio festivo provocado pela “reposição dos factos”? Uma catarse? Uma recomposição? O resgate do “mundo natural”, do conforto da evidência? Pode a reconversão do olhar tornar-se profética? Suspender a ordem? Reconfigurar os dispositivos de acção? E, já agora, até que ponto estes sorrisos e estas piscadelas de Mona Lisa atrevida são estratégicos para a Orange? Por quê a Mona Lisa e não outro quadro qualquer? Este anúncio é da Orange, para a Orange, da Publicis Conseil ou da Publicis Conseil  para a Orange? Aceitam-se respostas múltiplas.

Marca: Orange. Título: Mona Lisa. Agência: Publicis Conseil. Direção: Bo Platt. França, Julho 2013.

Fantasia

Para este fim de semana, sugiro um magnífico cocktail de fantasia. Gosto muito dos anúncios de Frédéric Planchon. Pelo menos, desde o Upside down, que foi amor à primeira vista. Este Entertainment é simplesmente fantástico. O canal Orange Tv deve ser fabuloso! Parece faltar-lhe apenas um tipo de fábulas a que estamos acostumados e que convencionámos chamar notícias.

Marca: Orange. Título: Entertainment. Agência: Publicis Conseil. Direção: Frédéric Planchon. França, Novembro 2008.

Recordar é acordar (os espanhóis recordar dizem acordar).

Marca: Peugeot. Título: Upside down. Agência: BETC Euro RSCG. Direção: Frédéric Planchon. Prança, Novembro 2001.