Noite dos Medos
Chuva de gente na Noite dos Medos em Melgaço. Segue a reportagem da Altominho.tv acompanhada por uma galeria de imagens do concurso na Casa da Cultura, da procissão pelas ruas da Vila e da concentração na Torre de Menagem (fotografias da página do Município de Melgaço no facebook: https://www.facebook.com/search/top?q=munic%C3%ADpio%20de%20melga%C3%A7o).
Carregar na imagem seguinte para aceder ao vídeo com a reportagem da Altominho.tv.






























O Amor e a Morte na Casa da Cultura

Chuva, frio e uma sensação única: o mesmo vento que me afastou do mundo traz-me de volta ao ninho. Era uma vez… o amor e a morte, a união e a separação, as formas e as sombras, os que ficam e os que partem. Memórias profundas e liminares. Apesar da concorrência do FC Porto-Benfica, a audiência do “serão dos medos” duplicou o previsto. Iniciado às 21:00, o “serão dos medos” durou quase até à meia noite. O encanto não teria sido o mesmo sem os testemunhos generosos, de uma oralidade prodigiosa e contagiosa, de duas pessoas maiores: as castrejas Angelina Fernandes e Palmira Fernandes. A sessão não se prolongou para “evitar o escuro das horas tardias”. Mas, pelos vistos, com a iluminação atual o risco é bem menor. E as pessoas deixaram-se estar em inspirada conversa. Uma iniciativa que, graças à dedicação dos amigos da Casa da Cultura e da Câmara de Melgaço, parece ter nascido para vingar. Era uma vez, não eRa? eRa, um grupo francês.
Galeria de fotografias: Coisas do Outro Mundo, Serões dos Medos, Casa da Cultura, Melgaço, 21 de outubro de 2002. Fonte – Município de Melgaço: https://www.facebook.com/municipiodemelgaco/photos














Para onde vão os mortos?

Hoje, temos direito a um comentário trifásico.
No dia dos mortos, solta-se a sede de cerveja. Ontem, a Budweiser brasileira, hoje, a mexicana Victoria. “A dónde vamos ao morir?” Para o nada abismal ou para a vida eterna? Cristo desceu ao inferno e regressou. E ressuscitou ao terceiro dia. As almas aguardam, pacientes, o Juízo Final. E os mortos visitam-nos… A última viagem, a passagem, permanece a nossa inquietação. Original e criativo, tecnicamente esmerado, o anúncio da Budweiser fascina os nossos fantasmas: pelos vistos, pixel a pixel, existe uma ligação biunívoca entre os vivos e os mortos.
Melgaço regressa à “noite dos medos”, um delírio mais celta do que maia. A bebida, agora, é a queimada. A procissão lembra a Santa Companhia (https://tendimag.com/2016/12/26/em-companhia-da-morte/). Sob uma chuva dionisíaca, os vivos incorporam as almas e comemoram os mortos.
De origem mexicana, os “altares dos mortos” globalizaram-se. Homenageia-se quem é digno de memória. No Agrupamento de Escolas de Briteiros, erguem-se altares a uma diversidade de pessoas falecidas: Eusébio, Joaquim Agostinho, Amália Rodrigues, António Variações, Sophia de Mello Breyner Andresen, Steve Jobs, Edith Piaff, Camões, Martins Sarmento… Os mortos vivem no altar da memória, que, algum dia, também se apagará. Nem sequer falta o galo (https://tendimag.com/2016/10/19/o-galo-e-a-morte/)!
Noite dos medos. O Carnaval macabro
Noite dos Medos. Melgaço. Noite de 31 de Outubro de 2018. Produção: Rádio Vale do Minho.
A segunda edição da Noite dos Medos de Melgaço ultrapassou as expectativas. Centenas de pessoas partilharam medos numa catarse colectiva respaldada na tradição. Nenhum medo escapou, nem sequer “os medos que metem medo a um susto”. Numa noite para aquecer, com chamas e queimadas, o protagonista foi o corpo, mascarado, pintado, representado, dançado e comunicado. Revitaliza-se, tribalmente, a memória e reinventa-se o passado.
Acrescento duas músicas a condizer: The End, dos The Doors, e Highway to Hell, dos AC/DC. Faltavam no Tendências do Imaginário. Dispus os vídeos por ordem de estreia. A menor qualidade do som e da imagem do vídeo dos The Doors é compensada pelo facto de se tratar de uma actuação ao vivo no próprio ano do lançamento da música (1967).
The Doors. The End. The Doors. 1967.
AC/DC, Highway to Hell. Original: Highway to Hell. 1979.