Tag Archive | mundo

O real e o virtual

Insisto na mesma tecla: a promoção das causas e a publicidade de sensibilização dão-se bem com a fantasia. Eis um bom tema para uma dissertação relevante: “o papel da fantasia na promoção de causas”. Neste belíssimo, competente e eficiente anúncio da ONU, Não escolha a extinção, um dinossauro Tiranossauro Rex é o protagonista e a Assembleia Geral das Nações Unidas, a audiência. Em primeiro plano, o dinossauro; em segundo plano, as imagens das alterações climáticas e da fome no mundo. Imaginemos! Porque a imaginação também é caminho para o conhecimento e a consciencialização. Imaginemos que em vez do dinossauro discursava o Secretário-Geral das Nações Unidas. O impacto seria maior, menor ou igual? Seria, com certeza, diferente. Realidades e virtualidades…

Anunciante: United Nations. Título: Don’t Choose Extinction. Agência: Activista/Los Angeles. Direção: Murray Butler. Estados-Unidos, outubro 2021.

Este é o fim
Belo amigo
Este é o fim
Meu único amigo, o fim
De nossos planos elaborados, o fim
De tudo que está de pé, o fim
Sem segurança ou surpresa, o fim
Nunca vou olhar em seus olhos… outra vez
Consegue imaginar como será
Tão sem limites e livre
Desesperadamente precisando da mão de algum estranho
Em uma terra de desespero?
(Excerto de The Doors, The End, 1967. Tradução: Vagalume).

The Doors. The End. The Doors. 1967. Live At Hollywood Bowl 1968.

A criança e o mundo

Charles Chaplin. The Kid. 1921.

Eles não sabem, nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança
(António Gedeão. Pedra filosofal. Movimento Perpétuo. 1956).

Os anos sessenta e setenta abriram-se a um pensamento global romântico propenso à denúncia coletiva. A criança, “filha do universo”, resiste aos “pontapés do homem cego”. Um imaginário de angelização e demonização do mundo, com a androginia à espreita. Seguem duas canções: Child of the universe, dos Barclay James Harvest, e Child in Time, dos Deep Purple.

Barclay James Harvest. Child of the universe. Everyone Is Everybody Else. 1974.
Deep Purple. Child in time. Deep Purple in Rock. 1970.

Publicidade do mundo

Giorgio Armani. 2020.

Existe “música do mundo”, “cinema do mundo”, “literatura do mundo”; há espaço para uma “publicidade do mundo”? O anúncio My Way, da Giorgio Armani, parece enveredar por esse trilho. Há mais casos. De qualquer modo, o mundo Armani é infalivelmente bonito. Sem discriminação de género.

Marca: Giorgio Armani. Título; My Way. Direcção: Hunter & Gatti. Setembro 2020.

Nas mãos de uma criança

Um bebé afasta-se, a contraluz, rumo à janela. De fraldas em riste, rasga horizontes. Go and see just how kind this world can be. Um anúncio da  Airbnb, com imagem, texto, voz e música encantadores.

Marca: Airbnb. Título: Is Mankind? Agência: BWA/Chiat/Day, San Francisco. Direcção: Lance Acord. USA, Julho 2015.

Manuel FreireA propósito ou a despropósito, vale sempre a pena ouvir a Pedra Filosofal, de Manuel Freire, com letra de António Gedeão, estreada em 1969.

Naquele tempo, não éramos bons alunos em nada. Estava para vir a arte da sicofância (ver Sicofância: a arte dos lambe cús).

Manuel Freire. Pedra Filosofal. Letra de António Gedeão. 1969.

Volta ao mundo

Jeep_BeautifulLands15Fui espreitar a nuvem de tags do Tendências do Imaginário. Destacam-se as palavras: absurdo, animação, arte, automóvel, corpo, futebol, grotesco, humor, mulher, música, paródia, sensibilização e sexo. Empreendedorismo, ajustamento e internacionalização não aparecem. Irritam-me! É a vesícula.
O empreendedorismo absorve uma fatia enorme dos fundos comunitários. Palavra mestre e palavra-chave. Chave mestra! Duvido que alguma vez uma ideologia tenha sido tão bem paga. Alguém anda a empreender connosco.
O ajustamento é o pão nosso de cada dia. O governo ajusta-nos e nós também nos ajustamos. O vento sopra de feição para os nutricionistas e os peritos em falências. As opções do governo e as práticas dos cidadãos tendem a corresponder-se. Tudo se ajusta na minha terra, tudo menos o desemprego.
Internacionalização é palavra que soa a leilão nacional. Gosto do mundo, real e imaginado, mas a internacionalização como desígnio incomoda-me. Intrigam-me as internacionalizações com fundos e resultados domésticos. O público deste blogue é 80% estrangeiro, nem por isso deixa de ser um blogue nacional. Internacionalizem-se! A internacionalização é uma palavra pródiga em privilégios. Num jogo do ganso provinciano.
Empreendedorismo, ajustamento e internacionalização são palavras solares. Fecundam-nos todos os dias!

O anúncio da Jeep não é responsável por esta descarga biliar, embora o conteúdo seja assumidamente internacional, uma ementa gourmet para os “devoradores de paisagens” (Krippendorf Jost., Les dévoreurs de paysages, Lausanne, Editions 24 Heures, 1977). Quanto à música, uma excelente versão de My land is your land.

Marca: Jeep. Título: Beautiful lands. USA, Janeiro 2015.

Apelo

Desafiados a fazer a introdução a uma série de sete vídeos produzidos por realizadores consagrados, os NoBrain propõem este vídeo. Fenomenal. Já o publiquei algures, mas não me importo de repetir.

Título: 8. Diretor: NoBrain. Produção: LDM Production. Pós-produção: Mac Guff Ligne. França, 2009.