O Berço dos mortais deuses
Regressemos a Dario I, o Arqueiro. Na rota da Babilónia, perto do Afeganistão, a Mesopotâmia, “berço da civilização”, da escrita cuneiforme, do código de Hamurabi, da ciência e da agricultura, de canais, palácios e monumentos gigantescos e jardins suspensos e esculturas, de epopeias, tragédias, cativeiros e heróis imortais. Da demanda de Gilgamesh e da torre de Babel.















Impressionou-me a leitura na infância do livro As Ruínas de Palmira (1791), escrito pelo Conte de Volney, protagonista da Revolução Francesa. Consiste numa espécie de julgamento dos grandes impérios e das grandes religiões. Para quem possa interessar, acrescento o link para a digitalização da publicação original.
A Mesopotâmia, designadamente a Babilónia, é tema recorrente na música. Georg Friedrich Händel dedicou uma ópera a Xerxes (cujo nome significa “governante de heróis”), composta em 1738, que inclui a ária Ombra Mai Fú (trad. Nunca houve uma sombra), uma pérola rara da história da música (ver vídeo 1). A obra de Händel tende a abusar dos metais (ver o artigo Música e Espectáculo: https://wordpress.com/post/tendimag.com/40821); o rei Jorge I de Inglaterra, seu patrono, não apreciava as cordas! Um exemplo da dependência da arte em relação ao poder político. Acresce que na época as mulheres não podiam aparecer no palco, sendo representadas por homens travestidos. Brilha o “castrato, “desvirilizado” na infância para desenvolver voz feminina (soprano, mezzo-soprano, ou contralto). Diverti-me a procurar uma interpretação atual que se aproximasse deste fenómeno (ver vídeo 1 e artigo Castrati: https://wordpress.com/post/tendimag.com/43403).
A música pop também namora o tema da Babilónia. Retenho duas canções bem distintas: Waters of Babylon (vídeo 2), de Don McLean, e Rivers of Babylon. dos Boney M (vídeo 3).
Não resisto a acrescentar Alexander The Great, dos Iron Maiden. Cerca de um século após a morte de Xerxes, Alexandre, homem imortal, conquistou o reino da Pérsia. Na canção dos Iron Maiden, multiplicam-se as referências à Babilónia.
Artigos descentrados e desossados como este oferecem-se, porventura. como um modo de viajar confinado.
Uma história antiga

O Épico de Gilgamesh é considerada a obra literária mais antiga da humanidade. Escrita em Sumério, passa-se na Mesopotâmia. Narra os feitos de um rei que, desafio após desafio, parte em busca da imortalidade. Há cerca de 4 000 anos. O Épico de Gilgamesh foi traduzido em português pela Assírio & Alvim (2017).
O músico canadiano Peter Pringle canta, na língua original, acompanhado por um gish-gu-di (um alaúde sumério de três cordas), os primeiros versos do Épico de Gilgamesh.
Fernando e Albertino