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Sweetie. Detetor virtual de pedófilos

Terre Humaine. Sweetie. 2014

A growing number of internet usage has also increased online child sexual exploitation. 750,000 predators are estimated to be connected to the web at any time. In the last 3 years 78 perpetrators worldwide have been arrested for engaging in Webcam Child Sex Tourism. The Terre des Hommes Netherlands project Sweetie was launched to tackle this situation. Sweetie, a virtual 10 year old Filipino girl, tracks down perpetrators.

A rapidly growing new form of online child sexual exploitation has emerged: Webcam Child Sex Tourism. This takes place where adults pay or offer rewards to children to perform sexual acts in front of a webcam. Tens of thousands of children in the Philippines are affected by this (…)

In 2013, using the virtual girl Sweetie, TdH researchers identified over 1000 offenders seeking webcam sex with children within two months. The following report served as a wake-up call worldwide and the UN placed the issue on their agenda. In the Philippines, internet dens exploiting children sexually were closed down and perpetrators faced prosecution based on the research handed over to law enforcement agencies. However, many perpetrators remained in the dark (..

To prevent the continuing phenomena of child webcam sex, Terre des Hommes has gone a step further: Sweetie 2.0 is a software being developed by a team of experts of the Universities Tilburg and Leiden. Sweetie detects, identifies and deters millions of potential offenders worldwide. The system will be aligned with national and international frameworks of investigation and prosecution” (Sweetie: how to stop Webcam Child Sex Tourism: https://www.tdh.ch/en/projects/sweetie-how-stop-webcam-child-sex-tourism; acedido em 01/08/2022).

Segue a apresentação do projeto #Sweetie 24/7 em duas versões: dois e seis minutos.

Anunciante: Terre des Hommes. Título: Sweetie. Agência: Havas Lemz. Países Baixos, 2014. Versão: 2:15.
Anunciante: Terre des Hommes. Título: Sweetie. Agência: Havas Lemz. Países Baixos, 2014. Versão: 6:09.

“L’utilisation croissante d’internet a également fait augmenter l’exploitation sexuelle des enfants en ligne. On estime à 750’000 le nombre de pédophiles qui sont connectés à internet en tout temps. Au cours des trois dernières années, 78 prédateurs ont été arrêtés dans le monde pour avoir été actifs dans le tourisme pédophile via webcam. Le projet Sweetie de Terre des Hommes Hollande a été lancé pour attaquer ce fléau. Sweetie, une fillette philippine virtuelle de 10 ans, piège les prédateurs sur le web (…)

Une nouvelle forme de pédophilie en ligne est en train de se développer: le tourisme sexuel avec des enfants via Webcam. Des adultes paient ou offrent des récompenses à des enfants qui acceptent de réaliser des actes d’ordre sexuel devant leur webcam. Rien qu’aux Philippines, des dizaines de milliers d’enfants sont concernés (…)

En 2013, utilisant la fillette virtuelle Sweetie, les chercheurs de Terre des Hommes ont identifié plus de 1’000 individus cherchant à attirer des enfants via Webcam à des fins sexuelles. Leur rapport a ensuite servi de signal d’alarme international et l’ONU l’a inscrit à son agenda. Aux Philippines, des sites internet qui exploitaient sexuellement des enfants ont été fermés et les prédateurs ont été poursuivis grâce aux résultats de ces recherches remis aux autorités policières. Cependant, de nombreux prédateurs ont pu rester dans l’ombre (…)

Pour stopper ce phénomène, Terre des Hommes a fait un pas de plus : Sweetie 2.0 est un programme développé par une équipe d’experts des universités Tilburg et Leiden. Ce programme, qui détecte, identifie et dissuade des millions de prédateurs potentiels dans le monde, sera harmonisé avec les systèmes nationaux et internationaux d’investigation et de poursuite” (Sweetie: stopper le tourisme pédophile via webcam: https://www.tdh.ch/fr/projets/sweetie-approche-novatrice-stopper-tourisme-pedophile-webcam; acedido em 01/08/2022)

Balas e coletes. O assédio virtual

Kazoo. Social Bullets. 2022.

Tenho sina de colecionador. Foram selos, minerais e romances policiais, agora discos, anúncios publicitários e imagens de arte. Encetei uma nova fixação: as iniciativas de consciencialização e intervenção por parte de empresas privadas respeitantes a problemas “públicos e notórios”. Ideias originais, com impacto, concretizadas em campanhas de qualidade.

Fazem-no por interesse? Isso é um ónus? Não é por que uma ação é interessada que ela detem, à partida, menos valor do que outra desinteressada. A priori, o interesse não penaliza, nem o desinteresse abona. Os sociólogos Jean Duvignaud (Sociologie de la connaissance, 1979) e Pierre Ansart (Idéologies, conflits et pouvoir, 1977) insistem, inspirados em Karl Manheim (Ideologia e utopia, 1929), nesta tecla. Não se impõe um primado ético ou epistemológico do desinteresse sobre o interesse. Coexistem, aliás, várias formas de interesse e, tal como insiste, também, Pierre Bourdieu (Homo Academicus, 1984), “o desinteresse é interessado”. Nesta ótica, uma iniciativa de uma empresa, por exemplo financeira ou informática, não é menos digna de atenção, crédito e registo do que a promovida por uma grande causa cheia de boas intenções.

No anúncio Social Bullets, a empresa Kazoo divulga, em parceria com a organização sem fins lucrativos Stand for the Silent, um produto que comercializa (um aplicativo), mas também promove uma iniciativa de consciencialização eficiente, com vários prémios Não me lembro de vídeo contra o assédio virtual (anti-cyberbulling) mais “impactante”. Mas a minha memória é fraca.

“Kazoo é um aplicativo de segurança pessoal desenvolvido para ajudar as famílias a construir um ambiente de mídia social mais seguro. Para conscientizar sobre o problema, a Kazoo fez parceria com a Stand for the Silent, uma organização sem fins lucrativos que luta contra todas as formas de bullying desde 2010. O objetivo era fazer com que os pais entendessem o perigo que seus filhos enfrentam nas mídias sociais . Pesquisas mostram que o bullying é a principal causa de suicídio entre adolescentes nos Estados Unidos e que metade desse abuso acontece online. Juntos, Stand for the Silent e Kazoo decidiram criar uma poderosa mensagem anti-bullying, a campanha Social Bullets” (https://blackmadre.com/projects/social-bullets).

Marca: Stand for the Silent x Kazoo. Título: Social Bullets. Agência: Area 23. USA, 2022.

Envelhecimento e novas tecnologias

Lenovo.Te haces viejo, te llenas de contenido. Julho 2022

“Envelhecer é como escalar uma montanha: enquanto se sobe as forças diminuem, mas a visão torna-se mais ampla” (Ingmar Bergman).

Nunca foi tão notório o alcance das condições, das dinâmicas e das relações sociais na configuração do comportamento humano. No entanto, afigura-se-me que a Sociologia, como ciência e como profissão, marca passo. Trata-se, certamente, de um problema de miopia de quem não salta de congresso em congresso nem elege como bússola os rankings. Como uma miopia nunca vem só, quer-me também parecer que a polifonia e as viragens de pensamento tendem a ser cada vez mais lideradas por fundações e empresas privadas, com ou sem “responsabilidade social”. Ao redor, prevalece a cacofonia.

A “luta contra o envelhecimento” foi cruzada que conheceu melhores dias. Por que não ser velho e viver, francamente, a velhice? Opor-se ao envelhecimento parece-me um contrassenso e um imperativo pugnar pela qualidade de vida na velhice. A agência de publicidade colombiana Fantástica assume esta “nova” relação com a idade na campanha Te haces viejo, te llenas de contenido, para a Lenovo.

” En el marco del Día Nacional de la Juventud en Colombia, Fantástica y Lenovo presentan Te haces viejo, te llenas de contenido, que da un especial valor al rol que tiene la tecnología en los adultos mayores. La iniciativa apuesta por un segmento de gran potencial, pero poco explorado en el mercado.
De acuerdo con el informe Global Consumer Trends 2022 de Euromonitor, tras la pandemia, los adultos mayores pasaron de la resistencia a la confianza en la adopción de tecnología y uso de plataformas digitales. La necesidad de concretar diligencias personales, comunicarse con sus familiares o simplemente tener un espacio de entretenimiento para sí mismos, los llevó a involucrarse con las redes sociales y familiarizarse más con el uso de dispositivos móviles y computadores.
La campaña nace de entender a los adultos mayores como digital seniors, personas que no solo están aprendiendo las nuevas tecnologías, sino que también están aportando sus conocimientos para enriquecerlas.
Para Juan David Suárez, gerente de mercadeo de Lenovo Colombia, algunas marcas se dirigen al segmento de adultos mayores con mensajes basados en un posicionamiento un poco sesgado: se asume que son personas en retiro, con intereses en categorías solo de salud y poco activos. “Desde Lenovo tenemos otra visión; creemos en la resignificación de este segmento, entender que son fuentes activas y dinámicas de historia y patrimonio oral e intelectual” (https://www.adlatina.com/publicidad/preestreno-fantastica-y-lenovo-revalorizan-el-uso-de-la-tecnologia-por-parte-de-los-adultos-mayores).

Marca: Lenovo. Título: Te haces viejo, te llenas de contenido – Angarita. Agência: Fantástica. CCO: Daniel Bermúdez. Colômbia, julho 2022.
Marca: Lenovo. Título: Te haces viejo, te llenas de contenido – Teresita. Agência: Fantástica. CCO: Daniel Bermúdez. Colômbia, julho 2022.

A repetição e a solidão

Graças à Internet acedemos a uma infinidade de interlocutores e informações. Esta conectividade contribui para nos encontrar ou para nos perder? Para o anúncio argentino You’re not alone, da Sprite, a Internet pode consciencializar-nos da existência de pessoas com particularidades e problemas semelhantes aos nossos. Não estamos sós! E sozinhos? Haver pessoas iguais diminui a minha solidão?

Marca: Sprite. Título: You’re not alone. Agência: Santo (Buenos Aires). Direcção: Nino Perez Veiga. Argentina, Outubro 2019.

SAD. Solidão Acompanhada à Distância.

A solidão é uma realidade em crescimento. Um inquérito realizado em França, no ano de 2014, revela o alcance e as formas da solidão no País (https://www.lemonde.fr/societe/article/2014/07/07/la-solitude-progresse-en-france_4452108_3224.html). A economia da solidão expande-se e diversifica-se, bem como as soluções propostas. O anúncio Be Together More, da Amazon, é um exemplo. Aposta na companhia à distância.

Marca: Amazon. Título: Be Together More. Internacional, 2018.

1 696 382 páginas na Internet

Por curiosidade, quis saber a posição do Tendências do Imaginário no conjunto das páginas da Internet a nível mundial. A resposta foi dececionante: 1 696 382 (ver https://www.alexa.com/siteinfo/tendimag.com?fbclid=IwAR1EMaB07JsP_InJ1CkicsTzBW7q-1jMcJtkoFtZQ7T3lCZwY2cazEC8BSs).

Quem conheça a estatística sabe que os resultados têm uma língua bífida. Dizem que sim, dizem que não e, caso necessário, dizem ambas as coisas.

Quantas páginas existem na Internet? 5,78 mil mihões (5 780 000 000; ver https://www.worldwidewebsize.com/).

Dividindo a posição no “ranking” (1 696 382) pelo número global de páginas (5 780000000), obtém-se o seguinte resultado: 0,0002935.

Conclusão: em cada 10 000 páginas, 3 estão mais cotadas do que o Tendências do Imaginário; e 9 997, menos.

Atendendo a que estão incluídas as páginas governamentais, não-governamentais, empresariais, comerciais, académicas, culturais, lúdicas, a posição podia ser pior! Sobretudo, porque o Tendências do Imaginário não faz publicidade, não tem alavancas e a interacção com os seguidores e os comentadores é quase inexistente. Em suma, a gestão da página carece ser melhorada.

A valsa das flores

Claude Monet. Water Lilies. 1914.

Cinquenta e cinco primaveras. Uma “Valsa da Primavera”, do Frédéric Chopin, vinha a propósito, mas a música é, afinal, de Paul de Senneville (Mariage d’Amour, 1979). Existem, porém, muitas páginas na Internet a apresentar a música como sendo de Chopin. Uma dessas páginas tem mais de 84 milhões de visualizações. A Internet também (se) engana!

Paul de Senneville compôs vários sucessos. Por exemplo, a Ballade pour Adeline (1977) e a Song of Ocarina (1991). Revisito uma música que brilhou e invernou: Dolannes Melodie (1975).

Paul de Senneville. Mariage d’Amour. 1979.
Paul de Senneville & O. Toussain. Dolannes Melodie. 1975. Intérprete : Jean-Claude Borelly.

Pauzinhos

Descarga de uma carraca portuguesa. Pannels attributed to Kano Naizen, 1570-1616 (detail)

Descarga de uma embarcação portuguesa. Biombos atribuídos a Kano Naizen, 1570-1616 (detail). Museu Nacional de Arte Antiga.

Na semana passada eclodiu um imbróglio internáutico. Um anúncio e um desfile da Dolce & Gabbana foram boicotados. Um excerto de uma notícia do Público Online narra os acontecimentos. Cinjo-me a acrescentar alguns apontamentos.

  • O sentido de humor parece não ser universal. Se quiser fazer humor, assegure-se que domina a arte. Existem cordas muito sensíveis em que convém não tocar, a não ser com luvas de seda estilizadas. Na actualidade, duas dessas cordas são o sexismo e o racismo.
  • A Internet é um espaço de poder, um lugar onde pontificam vontades hierarquizadas. Apesar de a Internet ser imaterial, há pessoas que pesam mais do que outras. Por exemplo, a indignação das celebridades Zhang Ziyi, Li Bingbing e Wang junkai surte tanto efeito que até é notícia mundial. A universalidade e a igualdade da Internet são um logro.
  • É possível retirar, de um momento para o outro e à escala global, conteúdos da Internet. Revela-se, deste modo, difícil aceder aos anúncios boicotados. Precise-se que o cidadão comum não tem quase nada de seu na Internet. Num ápice, podem desaparecer-lhe conteúdos, por exemplo, do seu blogue ou das suas páginas nas redes sociais.
  • Os responsáveis pela marca italiana pediram desculpa à China. Intrometeu-se uma mensagem polémica de Stefano Gabbana que este garante ser falsa. Alguém teria pirateado a sua conta de Instagram. Verdade ou mentira, que alguém aceda a uma conta e fale em nosso nome é um risco real. Esta situação é mais complexa do que o boato tradicional. Os procedimentos de partilha e adulteração do boato são conhecidos (ver Edgar Morin, La rumeur de Orléans, 1969). Contudo, neles não consta esta usurpação ou este aluguer da identidade alheia. Daqui se depreende que a Internet pode ser uma árvore de enganos e um jogo de máscaras.
  • As proibições e os boicotes a anúncios podem resultar numa espécie de maná para as marcas. No caso do anúncio da Dolce & Gabbana, duvido. Notoriedade, já a conquistou. Falta saber o que acontece à imagem.

Os anúncios boicotados da Dolce & Gabbana, com uma chinesa a comer comida italiana com pauzinhos, são difíceis de encontrar. Foram sistematicamente “apagados”. Encontrei uma cópia que passo a colocar. Não sei por quanto tempo.

Dolce & Gabbana. Anúncios a um desfile em Shangai. Novembro 2018.

Notícia no Público Online:

“Dolce & Gabbana cancela desfile em Shanghai por causa de um anúncio que envolve pauzinhos

A Dolce & Gabbana cancelou nesta quarta-feira um desfile de moda nem Shanghai, depois de uma polémica online em torno de um dos seus anúncios. Em causa está um anúncio onde uma mulher chinesa luta para conseguir comer pizza ou esparguete com pauzinhos. Os chineses não gostaram.

A controvérsia foi o tópico número um na plataforma Weibo, com mais de 120 milhões de leituras, já que celebridades, incluindo Zhang Ziyi, estrela de cinema de Memórias de uma Geisha, publicaram comentários críticos à marca. Celebridades, como a actriz Li Bingbing e a cantora Wang Junkai, disseram que boicotariam o desfile da marca italiana.

Alguns dos que viram os anúncios, ao todo são três, ficaram incomodados com o que consideram o tom paternalista do narrador, oferecendo lições sobre como comer com pauzinhos. Além disso, uma alegada troca de mensagens de Stefano Gabbana surgiu nas redes sociais que viriam a confirmar que o designer é racista. Este veio desmentir na sua conta de Instagram.

“Lamentamos o impacto e o prejuízo que essas observações falsas tiveram sobre a China e o povo chinês”, disse a marca de moda de luxo italiana, num pedido de desculpas online em chinês no Weibo, acrescentando que a conta do Instagram de Gabbana foi pirateada”.

(Público Online. https://www.publico.pt/2018/11/21/culto/noticia/dolce-gabbana-cancela-desfile-shanghai-criticas-anuncio-envolve-pauzinhos-1851859 (Reuters  21/11/2018). Acedido02/12/2018)

O tempo que resta

Philippe de Champaigne. Still-Life with a Skull. 1671.

Philippe de Champaigne. Still-Life with a Skull. 1671.

O desencanto com as novas tecnologias está a ganhar expressão. Muitos anúncios recorrem a encenações que, paradoxalmente, geram um efeito acrescido de realidade. São mais reais do que o real. O anúncio El Tiempo Que Nos Queda, da Ruavieja, dá-nos a ver um filme sob forma de reportagem. O desencanto com as novas tecnologias está a aumentar. Está em jogo a amizade e o amor. As novas tecnologias podem sobreaquecer-nos, mas é um sobreaquecimento que arrefece. Ao abraço virtual falta-lhe o corpo a corpo: o calor humano. O tempo não é infinito, não temos todo o tempo do mundo. O tempo que dedicamos a uma actividade falta a outras actividades.

“É uma contradição, não há lugar para dúvida. A gente afirma que os seus seres mais queridos são o mais importante. Mas a distribuição do seu tempo não mostra isso. Isto tem a ver com o modo como funciona o nosso cérebro. Estamos programados para evitar pensar no tempo que nos resta para viver. Temos, assim, a sensação de que sempre teremos a oportunidade de fazer as coisas que nos fazem felizes” (anúncio El Tiempo Que Nos Queda).

Marca: Ruavieja. Título: El Tiempo Que Nos Queda. Agência: Leo Burnett España. Direcção: Feliz Fernandez de Castro. Espanha, Novembro 2018.

Assenta bem uma dose de contradição. “As novas tecnologias podem sobreaquecer-nos, mas é um sobreaquecimento que arrefece. Ao abraço virtual falta-lhe o corpo a corpo: o calor humano”. Quem conheceu o desenraizamento sabe que o ser humano é um devorador de símbolos. Uma lembrança, um objecto, uma voz, uma fotografia, não é preciso muito para nos sobreaquecer. A imagem propicia calor humano. Os abraços virtuais multiplicam e aceleram o contacto entre pessoas distantes. É uma das vantagens da emigração actual. O corpo não é apenas carne.

Tese e antítese dá Um Dia de Domingo, de Gal Costa.

Music video by Gal Costa performing Um Dia De Domingo. (C) 2013 Universal Music Ltda.

Liberdade digital

Quando um poder alheio me invade o quintal, fico zangado. Asseguram que a Internet é uma infinita liberdade rumo ao paraíso da igualdade. Como são felizes aqueles que acreditam! Atrás, ao lado, dentro ou em cima de uma rede social, de uma plataforma ou de um algoritmo estão seres humanos, feitos do mesmo barro que nós. Prepotentes, omnipotentes, omnividentes e omniscientes, são deuses ocultos. Num ápice, apoderam-se da tua conta, da tua página, do teu blogue… Armados com regras e protocolos, censuram, retificam, bloqueiam, removem. Estes poderes do mundo digital fazem de nós o resto de nada. Um grão de areia na praia da Figueira da Foz.

A que propósito vem a praia da Figueira da Foz? Este fim-de-semana, o Facebook “encerrou”, sem aviso, mais de 2 000 artigos da minha página pessoal e bloqueou as ligações ao blogue Tendências do Imaginário. Uma autêntica purga. Qual o motivo? “Spam”! Componho os artigos no Tendências do Imaginário e partilho-os na página do Facebook. Uma rotina com, pelo menos, oito anos. Levou tempo a descobrir o “spam”! Isto dói.

Muitas das músicas dos Pink Floyd são de revolta e resistência. Hoje, apetece-me ouvir o álbum Meddle (1971), que conserva alguma frescura dos primeiros álbuns no momento de viragem para a maturidade.

Gosto dos Pink Floyd, sobretudo do álbum Meddle (1971), que conserva alguma frescura dos álbuns anteriores sem ceder ainda à maturidade dos seguintes. Quando estou zangado, costumo ouvir a primeira faixa, “One of these days”, e a terceira, “Fearless”. Nos dias de indignação, os Pink Floyd oferecem-se como um bálsamo estimulante.

Carregar nas imagens para aceder aos vídeos.

Pink Floyd. One of these days. Meddle. 1971. Video extracted from the DVD Pink Floyd Live @ Pompeii (The Director's Cut).

Pink Floyd. One of these days. Meddle. 1971. Video extracted from the DVD Pink Floyd Live @ Pompeii (The Director’s Cut).

Pink Floyd. Fearless. Meddle. 1971

Pink Floyd. Fearless. Meddle. 1971