Motivação
Parece que é preciso fazer-nos sentir mal para nos conduzir a praticar o bem.
“The above “film, directed by Audacity’s Jon Chalermwong for Thailand’s Rama Foundation, is a bit tough to watch. But that’s exactly why it works. Chalermwong tells Campaign that the film, entitled ‘Motivations’, is based on real-life stories of young people who as young kids witnessed the deaths of loved ones, and then went on to pursue careers in medicine. If you feel like it’s difficult to look into their eyes as they realise a loved one is dead, imagine how difficult it would be for them to live through those moments. And if they decide to turn their tragedy into a career helping others, don’t they deserve decent equipment on which to train? That’s the argument the film makes, and Ad Nut expects it could be an effective one. The foundation, which supports Ramathibodi Hospital, is accepting donations at www.ramafoundation.or.th. (campaign. Deadly moments lead to lifetimes of medical servisse: https://www.campaignasia.com/video/deadly-moments-lead-to-lifetimes-of-medical-service/474808)”.
Raiva
“Todos os meus tormentos cingem-se a uma passagem – Do medo à esperança, da esperança à raiva” (Jean Racine, Bérénice, 1670).
Tive a sorte de ter excelentes companheiros nos quartos do Hospital. O último lamentava-se e chorava com frequência. Ao aparar a relva, uma pedra vazou-lhe um olho: – Meu Deus, MeuDeus, o que me foi acontecer. Que vai ser dos meus dois filhinhos? Valha-me Deus! Interrompi-o, com aquele jeito blasfemo: – Deus anda a fumar haxixe! (charutos, diria Serge Gainsbourg). Saiu assim: nu, bruto e abrupto. E as lágrimas cederam ao riso.
Cintila uma raiva daninha no meu olhar embaciado. Brota das entranhas. Manifesta-se de duvidosa utilidade.
Legado
Um velho, de aparência modesta, recebe uma chamada e sai apressado de casa, a pé e de autocarro, ao frio, com um pequeno embrulho debaixo do braço. Depara-se com outro velho, de aparência abastada. Dispensa o elevador, corta por corredores e escadas. Mas chega a tempo: o neto recém-nascido ostenta a camisola do Atlético de Madrid quando entra o segundo avô com a camisola, pressupõe-se, do Real Madrid. O anúncio, mudo, perfilha a crença segundo a qual “o Real Madrid é associado a uma torcida mais elitista, enquanto o Atlético é visto como um clube de torcida mais popular”. A ideia tácita de uma filiação clubística familiar, de geração em geração, justifica um inquérito.
Filas de espera
As filas de espera constituem um fenómeno social ao mesmo tempo simples e complexo. Inspirando-se em Georg Simmel, Raymond Boudon recorre à fila de espera para ilustrar algumas noções básicas do individualismo metodológico, designadamente a interacção, a emergência e os efeitos perversos (Raymond Boudon, La logique du social, Paris, Hachette, 1979). Perverso é, certamente, o protagonista pré-histórico do anúncio La première file de l’humanité, do Monoprix. Um egoísta sem regras e sem respeito pelos outros. Uma espécie de Mr. Bean de outra era. Carapaus de corrida.
Desejo letal
Brutesco, ou seja, brutal e grotesco, em altas doses, este anúncio lituano. Está na agenda a orgia do macabro, o Halloween, um bom exemplo de globalização tipo mancha de óleo a partir de um galheteiro hegemónico. Sexo, violência e besteira, num ecrã perto de si.
Marca: Vytautas Mineral Water. Título: Bounce Back! Agência: Superior. Direção: Tadas Vidmantas. Lituânia, Outubro 2014.