Tag Archive | Dinamarca

Ramos e achas

Cortar ramos e lançar achas para a fogueira: podar ou castrar árvores?

As pessoas resistem a ideias novas. Acontece dizerem que só passados vários dias começaram a achar determinadas ideias interessantes. Pois é, só lhes dão valor quando já estão velhas nas suas cabeças.

Sobre Agnes Obel, escrevi: “é uma cantora, compositora e pianista dinamarquesa. As suas canções são despojadas, quase intimistas. Parece soprar uma chama que não quer apagar” (https://tendimag.com/2020/11/06/agnes-obel/). Seguem três canções, incluinto “Fuel to fire”.

Agnes Obel. Fuel to fire. Aventine. 2013
Agnes Obel. Riveerside. Philharmonics. 2010
Agnes Obel. Dorian. Aventine. 2013. Recorded in Berlin at Heimathafen Neukölln.

Ligações insuspeitas

TV 2. All that we share – connected. Dinamarca, 2019

Agraciado com vários prémios, o anúncio dinamarquês All That We Share – Connected, da TV 2, tem um cariz sentimental, eventualmente patético. O simulacro proposto tem, no entanto, a virtude de apontar para uma realidade: a probabilidade de ocorrência de conexões ou laços sociais improváveis. Perante uma pessoa estranha, que tudo parece separar, não é despropositado apostar que algo nos pode unir. O Tendências do Imaginário já contempla um anúncio congénere, de 2017,  da TV 2 que incide, nesse caso, sobre as afinidades improváveis (ver A passerelle Electrónica: https://wordpress.com/post/tendimag.com/41377).

Marca: TV 2, Copenhagen. Título: All that we share – connected. Direção: Christian Holten Bonke. Dinamarca, março 2019.

Flutuar

António Variações.

Quando a vida é um acidente constante, “a cabeça não tem juízo… e o corpo é que paga”, o melhor é flutuar. Assim o entende o anúncio Marie finds her flow, da Lego, que culmina com um piscar de olho à sua parceira Adidas.
Acerca da importância do voo, da leveza e da levitação no imaginário, ver os artigos Leveza e turbulência na pintura de Goya; e A civilização da leveza.

Marca: Lego. Título: Marie finds her flow. Agência: The Lego Agency. Dinamarca, outubro 2021.

António Variações, O corpo é que paga:

António Variações. O Corpo é que paga. Anjo da Guarda. 1983. Vídeo oficial.

Existir demais

Gato com rabo de fora

Quando nos escondemos, existimos de menos ou existimos demais? Quando precisamos dos outros, estamos mais sós? E se tu não existisses, teria de te inventar?

Marca: Save the children. Título: Hide and Seek. Agência: Hjaltelin Stahl Copenhague. Direção: Anders Walter. Dinamarca, abril 2021.
Joe Dassin. Et si tu n’existais pas, 1975.

Música das esferas

René Magritte. Voice of Space. 1931

O dinamarquês Rued Langgaard (1893-1952) compôs Música das Esferas entre 1916 e 1918. Original, experimental e sem sucesso imediato. Existem muitas músicas a que me habituei a chamar “músicas das esferas”. Lembro os Tangerine Dream, Jean-Michel Jarre e, especialmente o Klaus Schulze. Retenho, por enquanto, duas músicas: Tubular Bells II, de Mike Oldfield; e Mammagamma, de The Alan Parsons Project. Acrescento um terceiro vídeo com a Música das Esferas, de Rued Langgaard.

Mike Oldfield. Tubular Bells II. Ao vivo em Edinburgh Castl. Parte 1. 1992.
The Alan Parson Project. Mammagamma. Eye in the sky. 1982.
Rued Langgaard. Music of the Spheres. 1916-1918.

Agnes Obel

Agnes Obel

Agnes Obel é uma cantora, compositora e pianista dinamarquesa. As suas canções são despojadas, quase intimistas. Parece soprar uma chama que não quer apagar. Publicou quatro álbuns;  algumas músicas ultrapassam 25 milhões de visualizações. Segue The Curse, ao vivo em Berlim.

Agnes Obel. The Curse. Aventine. 2013. Berlin live session.

Desencontro no elevador

Bianco. The Lift. 2019.

As cenas filmadas em elevadores são frequentes na publicidade. No cinema, também. Mas o anúncio The lift, da dinamarquesa Bianco, distingue-se. Em primeiro lugar, é extenso: quatro minutos e meio. É preciso tempo para que nada aconteça. Em segundo lugar, ao contrário da maioria dos anúncios, a Bianco não aposta na linguagem corporal. Os corpos são inexpressivos, mas pensantes. Duas múmias legendadas. O desfecho justifica o provérbio: para iniciar uma relação, analisa menos e comunica mais.

Marca: Bianco. Título: The lift. Agência: & Co. Direcção: Daniel Kragh-Jacobsen. Dinamarca, Março 2019.

Antes de colocar um anúncio, costumo conferir se não o publiquei anteriormente. Neste caso, esperei pela conclusão do artigo: o anúncio The Lift já tinha sido colocado (https://tendimag.com/2019/04/15/o-primeiro-passo/). O blogue cresce e a memória encolhe. Mas uma repetição é mais do que uma repetição. Conjunturais e volúveis, os comentários diferem. Um é romântico, atento às personagens; o outro é cínico, centrado no formato. Polifonias.

O anúncio dinamarquês The Lift, da Bianco, revela-se inteligente, criativo, original, minimalista, lento e convincente. A interacção no elevador peca por incomunicação verbal e não verbal. Desejo sem iniciativa, sentimento sem risco, corpos sem contacto. “Amor que arde sem se ver”. Convenha-se que a interpelação do outro, seja qual for a orientação sexual, é cada vez mais problemática. E, no entanto, a menina até perdeu o emprego por excesso de utilização do elevador. Feitos um para o outro e faltou-lhes uma acendalha. Aperta-nos este nosso cerco interior, sem janela nem tranca, que nos separa de quem nos atrai! (AG, 14 Abril 2019).

Morrer de prazer

Carlsberg. Snowman. 1998.

Substituindo a garrafa de cerveja por um cigarro, dava um bom anúncio anti-tabaco (AG, 2010).

Publiquei o anúncio Snowman, da Carlsberg, há nove anos no Facebook. Trata-se de um conto de Natal. Uma disforia que dispõe bem. É raro um final infeliz cobrir o coração de ternura e simpatia. Haja talento, inspiração e humanidade! Snowman confronta-nos com o desejo que transcende os limites, incluindo a morte, num contexto de regeneração cósmica: a cabana congeladora, a merenda na floresta, o arroto na água. Não fosse cómico, seria trágico. O anúncio é uma delícia, com sabor a amêndoas com licor.

Anunciante: Carlsberg. Título: Snowman. Agência: Saatchi & Saatchi. Director: David Borthwick. Dinamarca,1998.

A Bela e o Velho

Kersting, Der Geiger Nicolo Paganini. 1830-1831.

Músico velho: Victor Borge, 80 anos, mais célebre pelas peças de humor do que pelas teclas de piano. Música bela, Esther Abrami, francesa, uma promessa no domínio do violino.

Victor Borge. Octogésimo aniversário. Tivoli Concert Hall, Copenhaga, 1989. Com Michala Petri. Música: Czardas, de Vittorio Monti, 1904.
Esther Abrami interpreta Niccolò Paganini (Cantabile, 1822-24). Royal College of Music. 2017.

Folk dinamarquês

Haugaard & Høirup.

“Ninguém escreve ao coronel” (Gabriel Garcia Márquez). Tão pouco, ressalvando duas ou três pessoas. A Sónia enviou-me a música Gaestebud, do duo dinamarquês Haugaard & Høirup. Lembra o filme, também dinamarquês, Babettes Gaestebud (A Festa de Babette; 1987). Um banquete extraordinário transforma as atitudes e os comportamentos dos convidados. No fim, os aldeões, protestantes puritanos, dão as mãos numa roda nocturna. Graças ao banquete, “tudo é possível”: imagino a música Gaestebud a descer da lua para empolgar os vizinhos entretanto regenerados e reconciliados.

Haugaard & Høirup. Gaestebud. Gaestebud. 2005.

À música que a Sónia enviou, Gaestebud, do álbum homónimo (2005), acrescento Rejsedage, do álbum homónimo (2008), e Som Stjernerne på Himlens Blå, do álbum Om Sommeren (2003). Desta vez é uma canção, o que não é frequente.
Descentrar-se, vaguear pelo mundo sem calcorrear os mesmos caminhos faz bem ao espírito. É uma arte de não ficar fechado lá fora. Como muita boa gente!

Haugaard & Høirup. Rejsedage. Regjsedage. 2008.

Haugaard & Høirup. Som Stjernerne på Himlens Blå. Om Sommeren. 2003.