Hino à transpiração

Transpirar por todas as partes, em todos os gestos, em qualquer momento e ambiente, num sortido de fisionomias, eis o fado de Adão (e Eva). Em todas as feições, usos e gostos. O anúncio “Sudar es la gloria”, da Gatorade, evidencia a propensão para a universalidade e a diversidade de uma certa tendência da publicidade. Cada espetador é convidado a reconhecer-se em alguma figura. Mas, não nos iludamos, nem sequer as exceções, neste caso os sedentários alérgicos à arte de suar, escapam ao apelo. Entranham o estranho, fazem seu o esforço dos outros, ficam sedentos por projeção.
De sapatilhas em Melgaço

ZXM, Zapatillas pxr el mundo, um canal do YouTube dedicado à viagem, ao lazer e ao turismo, visitou Melgaço. Este vídeo de 21 minutos em espanhol foi um dos resultados.
Quem são os Zapatillas por el Mundo?
Albert y Ana
Pues si… somos Zapatillas por el mundo.
Para los que aún no nos conozcáis nuestros nombres son Ana y Albert un par de aventureros que un dÍa decidieron viajar juntos por el mundo y por la vida.
Tras algunos viajes juntos y casi 20 años dedicados al mundo del marketing y de la comunicación, un día decidimos contarle al mundo lo que nuestros ojos veían y creamos nuestro canal de YOUTUBE, desde entonces, la cámara siempre nos acompaña para captar momentos en formato vídeo para después contar las experiencias, las historias de aquellos lugares que visitamos.
Hoy, viajamos arropados por ti que a través de la pantalla nos acompañas día a día. Y es que una de las cosas que más nos gusta, es poder inspirarte, a viajar, conocer nuevos destinos y lugares, vivir nuevas experiencias… y todo esto de una forma amena y muy cercana, mostrándote toda la información que necesitas para emprender este viaje que tienes entre ceja y ceja ((https://zapatillasporelmundo.com/nosotros/).
Inocêncio e Felicidade
Domingo de Páscoa fui a Melgaço. Reencontrei familiares e amigos, almocei na Tasquinha da Portela, pasmei no pátio de infância, visitei a casa paterna e trouxe comigo o aparelho de rádio em que escutava o programa Quando o Telefone Toca, do Rádio Clube Português. Recarreguei a alma e reforcei os laços! Nota-se, não nota? Menos porque “aqui começa Portugal”, também começa a Galiza, mas talvez porque na minha aldeia morou um senhor chamado Inocêncio e uma senhora chamada Felicidade.
Insisto em colocar imagens fantásticas de Melgaço radical. Desta vez, percursos fluviais, Canyoning, pela mão da Montes de Laboreiro Animação Turística LDA, uma empresa de desporto aventura vocacionada para as práticas de turismo de natureza, sedeada na Vila de Castro Laboreiro.
Carregar na imagem seguinte para aceder ao vídeo. E ligar o som.

Kayak na cascata do rio Laboreiro

Imagens espetaculares da prática de kayak na cascata do rio Laboreiro, em Castro Laboreiro, Melgaço. “Posiblemente sea uno de los rios más espectaculares de Europa para practicar kayak”. Felicito a Slowmo Castro Lovin’, a Pistyll Productions e os desportistas pela realização deste vídeo fantástico. Agradeço ao Fred Sousa a partilha na página Melgaço, Portugal começa aqui.
Carregar na imagem seguinte para aceder ao vídeo.

Virtualidades do menos bom
E quando o menos bom resulta em mais bom… Eis uma equação que palpita nas cabeças pensantes. Neste sentido, costuma dizer-se que existem males que vêm por bem. Neste anúncio japonês da agência Dentsu, um comportamento brutesco quase universal é responsável por uma quase beleza universal. Mas subsistem exceções decisivas…
Maternidade desportiva

Guerreiros e atletas. Espartanos. Olímpicos. Semideuses e ídolos. Desde a Antiguidade, que a proeza exalta os seres humanos. Pela obra e pela devoção. À semelhança dos pódios gregos, muitos anúncios publicitários parecem escaparates elitistas de heroínas e heróis. No anúncio The Toughest Athletes, da Nike, as mulheres atletas, mães ou grávidas, são fortes e resistentes. O segredo provém do uso de roupas desportivas Nike. No contexto atual da natalidade, este anúncio é oportuno.
“Dados do Instituto Nacional de Estatística dão conta de que, em 2020, houve menos 2,6% nascimentos e mais 10,2% óbitos do que em 2019. Em 2020, nasceram menos bebés em Portugal e o número de óbitos cresceu muito, o que fez com que o saldo natural do país (a diferença entre o número de nados-vivos e de óbitos) continuasse negativo, pelo 12.º ano consecutivo, e em valores superiores aos anteriores. Os dados, ainda preliminares, são do Instituto Nacional de Estatística (INE) e foram revelados esta terça-feira (Morremos mais e houve menos nascimentos: saldo natural em Portugal cada vez mais negativo. Público, 16 de março de 2021: https://www.publico.pt/2021/03/16/sociedade/noticia/morremos-menos-nascimentos-saldo-natural-portugal-negativo-1954621).
Alteração climática

E se Salla, povoação polar da Finlândia, se candidatar aos Jogos de Verão de 2032? Graças, precisamente, às alterações climáticas! A população antecipa o evento, aclimata-se. Humor on the rocks, glaciar. Estranha-se, mas não se entranha. Um arrepio. Acusamos o embate, o alarme, de uma ficção caricata e bem contada. Espantoso é este anúncio tão polar ser brasileiro. A agência Africa, de São Paulo, tem um portfólio ímpar.
Regressar

Semideuses, quase divinos, os ídolos desportivos vingam na comunicação e na publicidade. No anúncio Never too far down, da Nike, o basquetebolista Lebron James, a tenista Serena Williams, o jogador de golfe Tiger Woods e o futebolista Cristiano Ronaldo persuadem-nos que vamos recuperar (da pandemia). Não há abismo ou descaminho que não tenha regresso. Estes quatro campeões não são peritos em coronavírus, mas são magos da bola. Possuem aura e argumentos. Exorbitam. A sequência com o maratonista a arrastar-se até à meta (ver imagem) é a quintessência da mensagem do anúncio: importa resistir, mais que resistir, importa não desistir.
Com a mestria da agência Wieden + Kennedy, uma das melhores a nível mundial, as imagens dos rostos, dos corpos e das posturas dos atletas resultam magníficas, quase transcendentes. Lembram as esculturas da Grécia Clássica. Lembram, também, os atletas do filme Olympia, de Leni Riefenstahl (1936). Será que existe uma estética dos semideuses desportivos? Aproxima-se da estética dos semideuses militares? Afasta-se da estética dos semideuses poetas?
A fibra do guerreiro

O filósofo grego Filóstrato (séculos II-III d.C) escreve no Tratado sobre a ginástica:
“Estes antigos atletas tomavam banho nos rios e nas fontes, dormiam no duro, uns sobre peles, outros sobre ervas que cortavam nas pradarias. Os seus alimentos consistiam em maza e em pão mal cozido e não fermentado; alimentavam-se ainda de carne de boi, de touro, de bode e de antílope. Untavam-se com óleo de azeitonas vulgares ou de outras espécies de azeitonas; permaneciam assim resguardados de doenças e retardavam a devastação da velhice. Alguns participaram nos confrontos durante oito olimpíadas, outros durante nove, e tornaram-se hábeis no manuseamento de armas pesadas. Batiam-se como se fossem donos de uma fortaleza, e não se mostravam inferiores nesta espécie de combates; eram julgados dignos do prémio da valentia e de troféus; faziam da guerra um exercício para a ginástica, e da ginástica um exercício para a guerra” (Philostrate, Traité sur la gymnastique, Paris, Librairie de Firmin Didot Frères, Fils et Cie, 1858).
Norbert Elias fala em etos guerreiro (Elias Norbert. Sport et violence. In: Actes de la recherche en sciences sociales. Vol. 2, n°6, décembre 1976, p. 8; pdf anexo). Mas, agora como dantes, nem todos os desportos pressupõem disposições guerreiras.
“Em suma, desta breve comparação entre as características dos desportos mais populares e dos desportos mais novo-burgueses ressalta uma oposição paradigmática entre ascese (áskësis) e estese (æsthësis). Enquanto que muitas das práticas mais típicas dos desportos populares parecem movidas por um éthos guerreiro as dos desportos novo-burgueses remetem mais para o éthos do mestre ou do artista (Gonçalves, Albertino, Imagens e Clivagens, Porto, Afrontamento, 1996, p. 114); pdf anexo).
O anúncio The only way is through, da Under Armour, é uma ilustração concisa do etos guerreiro: esforça-te, castiga-te, resiste, treina, concentra-te, supera-te, enfrenta e vence. Under armour. Mas, ao contrário das olimpíadas da antiguidade, não podes, em princípio, nem estropiar nem matar o adversário.
O espectáculo da violência

Quem só vive de ideias alheias é um cemitério do pensamento (AG).
No tempo em que escrevia artigos para revistas, classifiquei o futebol e o rugby como “simulacros de batalha” (“O desporto do nosso contentamento”, 2002, acessível em https://tendimag.com/2011/10/30/o-desporto-do-nosso-contentamento/). Seguia as pegadas de Johan Huizinga, Roger Caillois, Jean-Marie Brohm, Pierre Bourdieu e Norbert Elias.
Peguei na ideia, coloquei-a numa garrafa (de madeira) e lancei-a ao estuário. Afastou-se, aproximou-se, afastou-se aproximou-se, até que desapareceu. Surgem, entretanto, outras garrafas que lembram a minha. É o caso, ilustrativo, do anúncio Be Their Armour, da O2 Sports:
At O2, we’ve always believed that the power of support can help England overcome any obstacle, and your support during this autumn is no different. It acts like armour for the players; every tweet is another link of chainmail, every roar of support is another piece of armour and together we can make them stronger.