São João do Churrasco

Saint John the Baptist in the Wilderness by Jheronimus Bosch, dated around 1489.

A churrasqueira é o equivalente popular da piscina burguesa. Não existe vivenda realmente acabada sem uma churrasqueira. Algumas fazem inveja a toda a gente e, sobretudo, aos vizinhos. A maioria releva do consumo ostentatório. À semelhança das piscinas, são pouco usadas, a não ser nos dias extraordinários e propícios ao ritual. Um ritual sacrificial: primeiro, queima-se o carvão no altar, em seguida, grelha-se o peixe ou a carne, designadamente as costelas e as sardinhas, por último, comunga-se à mesa. Entretanto, perfuma-se o ar. Uma graça atmosférica.

Uma pergunta: por que motivo tende a ser o homem a ocupar-se do churrasco? Será que, como Pierre Bourdieu (Esquisse d’une théorie de la pratique, 1972) afirma a propósito dos cabilas da Argélia, o interior é feminino e o exterior, masculino? Logo, compete à mulher o interior da casa e ao homem, o exterior. Nada que a tradição não sugira: “quem manda na casa é ela…”

Hoje é dia de Don Churrasco, perdão, de São João. Festa de balões, manjericos, alhos, fogueiras, dança, folia e churrasco. Já me cheira a fumo; do vizinho da direita. O vizinho da esquerda atrasou-se, mas também já deita fumo. Quem dera estar em Moledo. No mar não se costuma fazer churrascos!

Para terminar, duas sugestões:

  1. Talvez fosse musicalmente interessante convencer o Quim Barreiros a dedicar uma canção ao churrasco;
  2. É de ponderar colocar uma churrasqueira no centro de uma rotunda.

Existem muitos anúncios com o triângulo homem + futebol + churrasco. O Parri in Picture, da Directv, é um bom exemplo.

Marca: Direct tv. Título: Parri in Picture. Agência: Ogilvy & Mather (Argentina). Direcção: Fede Russo. Argentina, 2016.

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