Língua e pensamento

Anchor Point. Jovem, hospedei-me vários anos na casa ao fundo com escadario exterior. No último Agosto, comecei um namoro que ainda dura.

Anchor Point. V.P. Âncora. Jovem, hospedei-me vários anos na casa ao fundo com escadas exteriores. Estava alojado nesta casa quando comecei um namoro que ainda dura.

Passou uma viatura com o letreiro: AnchorPoint. Pesquisei na Internet: trata-se de uma Surf School, Escola de Surf, sedeada em… Vila Praia de Âncora (“Anchor Beach City”). Nomes de empresas, associações e outras entidades portuguesas em inglês é uma prática que se repete como uma música do Philip Glass. Consta que o inglês cativa os clientes! Um País que engole a própria língua e se dobra perante o estrangeiro deve ser um país indisposto consigo próprio, com a sua identidade. Não há património imaterial da humanidade que compense. A indiferença face à língua, falada ou escrita, reflecte-se na língua com que se pensa, logo na qualidade do pensamento. “A minha pátria é a língua portuguesa” (Fernando Pessoa). E a nossa?

É possível pensar condignamente em todas as línguas. Sem hierarquias. Há quem domine e pense em várias línguas. Colhe, porventura, alguma vantagem. O que me preocupa é a leveza do linguajar das zonas francas. O estar entre duas línguas sem dominar nenhuma. Estranho que Portugal pareça apostar numa política linguística, científica e cultural de zona franca.

Philip Glass. Einstein on the beach – Knee Play 1. Einstein on the beach. Ópera. 1975.

Tags: , , , , ,

2 responses to “Língua e pensamento”

  1. cristinasottomayor says :

    Concordo em absoluto consigo, fico triste ao ver tanta sacudidela à nossa língua portuguesa, tão rica e complexa. Outra coisa que me desgosta é ver a facilidade com que se “chama” pelas coisas em Inglês – ainda por cima, mal – quando temos os nossos próprios termos. Por exemplo: “Net”; “Foto”; “Feed Back”; “Link”; etc., etc.….

Leave a Reply

%d bloggers like this: