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Condenados

Sem anúncios, nem alusão à morte, o Tendências do Imaginário está descaracterizado. Urge reparar.
Encontrei na página Culturepub o anúncio Condamné à mort, das Galerias Barbès, datado de 1935. Uma relíquia estranha! Numa cena de fuzilamento, os soldados não obedecem à ordem de “fogo” do oficilal. Em vez de disparar, mostram caixas de fósforos. Na verdade, recusam-se a disparar, não contra o condenado que fuma um despreocupado cigarro, mas contra a cadeira onde este está sentado. O oficial não tem outro remédio senão libertar o prisioneiro. Um anúncio a uma marca de tabaco? Só se for subliminar ou currículo oculto. Trata-se de um anúncio às Galerias Barbès onde a cadeira pode ser comprada. Carregar na imagem acima para aceder ao vídeo.

Ando entretido com o livro Mitologia Popular Portuguesa, de Alexandre Parafita, publicado em novembro de 2021. Inclui um poema que me apraz partilhar.
O CASAL DE ANCIÃOS E A MORTE
Conta-se que outrora havia
Em certa aldeia do norte
Dois anciãos, noite e dia,
Sempre a cismar com a Morte.
“- Oxalá na frente eu vá! –
Dizia sempre o velhinho.
– Não me vejo andar por cá
Co’ a falta do teu carinho”
E, ouvindo tal, a mulher
Responde-lhe sempre assim
“- Se a Morte por’ i vier,
Que me leve antes a mim!”
Nisto, uma pancada forte
Na porta se faz ouvir
“- Quem vem l´?” “- Sou eu, a Morte,
Quero entrar, venham abrir.”
E logo cheio de medo,
Diz o homem p’rá mulher:
“- Tenho um pé com formigueiro,
Vai lá ver o que quer!”
“Mas eu não posso! – diz-lhe ela –
Estou bem pior do que tu.
O formigueiro que tenho
Chega-me dos pés ó cu”.
Estavam assim nesta faina,
Sem vontade de lá ir,
E a Morte sempre a dizer:
“Vamos lá, venham abrir”
Até que farta e irritada,
Que faz a Morte depois?
Entrou com a porta fechada
E, em vez de um, levou os dois.
(Alexandre Parafita. Mitologia Popular Portuguesa. Sintra: Zéfiro. 2021, p. 100-101).
Tags: Alexandre Parafita, cadeira, estranho, França, Fuzilamento, Galeries Barbès, idosos, mitologia, morte, poesia, popular, Portugal
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