Hei-de ir a Melgaço!

Acontece, de 29 de Julho a 4 de Agosto, em Melgaço, uma nova edição dos Filmes do Homem, que já não se chamam Filmes do Homem mas MDOC – Melgaço International Documentary Film Festival. Uma castração simbólica politicamente correcta. Tenho gosto e orgulho em participar, desde o início, nesta iniciativa que extravasa, ao nível da cultura e da arte, o festival e o concelho de Melgaço.
Segue:
- O vídeo de promoção;
- O programa;
- O catálogo;
- Um excerto do catálogo com um texto da minha autoria sobre Prado, a minha freguesia natal.



Li com imenso interesse a monografia da freguesia de Prado, crendo mesmo reconhecer na fotografia ilustrativa a casa grande que tinha uma mercearia no R-C, da qual, essa sim, me lembro bem. Seria ali que funcionava o famoso telefone publico onde durante alguns anos as mulheres dos emigrantes da terra se dirigiam para falar à distância com os seus homens? Era a loja da aldeia onde os fregueses as ouviam distintamente repetir em alto e bom som os tranquilizadores e reconfortantes: “Sim, sim…está bem, é assim mesmo!… Fica descansado, farei como dizes… Não me esqueço não senhor… Não te preocupes…”. Mas que “ao despois”, na prática quem cá anda é que manda!
Sobre a metamorfose em sentido do politicamente correto do evento “Filmes do Homem” em “MDOC” haveria muito a dizer; Começando desde logo pelo “grand écart” linguistico-cultural que representa a escolha do inglês num contexto social e cultural local onde o bilinguismo dominante permanece o luso-francês. Sucedeu ao linguajar francês dos emigrantes e seus descendentes o mesmo que ocorreu com as casas de “emigrantes”?…
Como se vê, há permanências que não “globalizam” e há que estar atento a elas nos mapeamentos destas novas geografias.
Viva, Fernando! A tua visita foi um grande gosto. Venho muito raramente a esta parte das mensagens. Desculpa alguma demora. Era, de facto, aquela a casa que tinha a loja com o telefone público. Continuo às voltas com as origens. Inaugurámos no domingo passado uma exposição sobre a freguesia, com materiais recolhidos, sobretudo fotografias, junto dos residentes. Teve uma generosa adesão por parte das pessoas. Vai sair um livro com fotografias do João Gigante e uma monografia. Para o próximo ano, vamos começar a trabalhar Castro Laboreiro, com foco na “colónia” castreja da cidade de Braga. Vamo-nos distraindo com coisas caseiras. Estou em Moledo. Todo o mês. No meio deste calor, é um sítio fresco. Um abraço.