As asas das migrações
“Quando tudo acelerar ao ponto que, comparado à velocidade de hoje, parecerá que estamos parados?” (John). Estaremos provavelmente parados parecendo andar para trás sugados para a frente. Mas existe uma alternativa: virar as costas. Agora, estamos parados parecendo andar para a frente puxados para trás. Mas deixemos a inteligência descansar e observemos preguiçosamente os gansos a passar.
A Sofia Afonso doutorou-se, esta semana, em Sociologia, com uma belíssima dissertação dedicada à segunda geração e ao regresso. À segunda geração da emigração, pertencemos nós, John. Seja lá o que isso for! Eu parti e regressei; tu regressaste e repartiste. Numa entrevista recente, perguntaram-me se foi difícil ir para França. Respondi que mais difícil foi regressar. Foi há cerca de quarenta anos e sinto que ainda não pousei os dois pés. Deve ser da coluna. As pinturas pedem uma certa distância. Portugal, também! Parafraseando Fernando Pessoa, Portugal é um país que é mais fácil estranhar do que entranhar. “Perdigão perdeu a pena / Não há mal que lhe não venha (…) / Não tem no ar nem no vento / Asas com que se sustenha” (Luís de Camões). Perdigão que perdeu a pena só voa até aterrar. Um, abraço, John!
O documentário Winged Migration (2001) ganhou um César e foi nomeado para um Óscar. Tem imagens quase impossíveis. A música foi composta por Bruno Coulais.
Documentário Winged Migration, com música de Bruno Coulais. 2001.
To be by your side. Banda Sonora do documentário Winged Migration composta por Bruno Coulais. Interpretação de Nick Cave. 2001.
Return of the cranes. Documentário Winged Migration, com música de Bruno Coulais. 2001.