Contraste

Iggy Pop acaba de editar, no dia 6 de janeiro, com 75 anos, um novo álbum: Every Loser. Coloco duas canções: “Morning Show” e “Strung Out Johnny”. Uma recaída do fascínio pelos septuagenários do rock? Neste caso, talvez não. Na verdade, tenho há algum tempo em reserva a Canção à Lua, da ópera Rusalka (1900), de Antonin Dvorak. Falho de inspiração, não encontrei melhor solução do que a introduzir por contraste: o “Padrinho do Punk” Iggy Pop a preceder a “Diva”, também septuagenária, Frederica Von Stade. Um sacrilégio?
Música, envelhecimento e desativação

O “envelhecimento” é um processo coletivo. É menos o indivíduo que envelhece e mais a sociedade que o envelhece. Desativa-o!
São poucas as bandas rock que envelheceram connosco mantendo corrente a fonte da juventude. The Rolling Stones são, porventura, o melhor exemplo. Ano após ano, souberam renovar a nossa subjetividade.
Insensibilidade

See Me / Feel Me / Touch Me / Heal me (The Who. Tommy. 1969).
Corpo ausente, câmara fria / Laços líquidos, passos perdidos / Memória leve, exílio forçado / Ponte quebrada, rio seco / Vazio social. Alguém consegue ver, sentir, tocar, cuidar? Always listening to you!
The Who, 43 anos após a estreia da ópera-rock Tommy.
Numinoso




Estou a escrever sobre o Cristo Triunfante (na cruz) e a arte pré-românica, vejam bem para o que me foi dar, e estou a ouvir os norte-americanos Lumineers, o que não sei se condiz mas não deixa de ser compensador. Fico sem tempo para a rede. Este é um post do género mais ou menos rápido.
Para sempre jovem

Há ano e meio que não ia a Moledo, não via o mar, não apanhava tanto sol, não bebia um sumo de laranja numa esplanada, não esperava encontros inesperados, não almoçava um arroz de tamboril tão saboroso e não dava tantos passos. Afinal, ainda pareço um hospedeiro e um peregrino da vida.
E a vida continua

Ainda não consigo dançar estas músicas, mas falta pouco. Entretanto, dá para revigorar. Bom ano! Grandes voos e boas aterragens.
Demasiado velho para morrer

De bengala, recomeço, pouco a pouco, a andar. Não me sinto com disposição para música Indie. Apetece-me rock puro e duro, to old to die. Por exemplo, o Jimmy Page, com Robert Plant, ambos dos Led Zeppelin. Seguem três músicas ao vivo: No Quarter; Since I’ve Been Loving You; e Whole Lotta Love (com uma breve introdução).
James Patrick Page OBE (Heston, 9 de janeiro de 1944) é um músico, produtor musical e compositor britânico que alcançou sucesso internacional como guitarrista da banda de rock Led Zeppelin.
Começou sua carreira como músico de estúdio em Londres e, em meados da década de 1960, tornou-se o guitarrista de sessão mais procurado na Inglaterra. Foi membro dos Yardbirds de 1966 até 1968, e posteriormente fundou o Led Zeppelin, em 1968.
Page é amplamente considerado como um dos maiores e mais influentes guitarristas de todos os tempos.[1][2][3] A revista Rolling Stone descreveu-o como o “pontífice do poder dos riffs”, sendo escolhido em enquete em terceiro lugar na lista dos “100 Maiores Guitarristas de Todos os Tempos”. Em 2010 foi classificado em segundo lugar na lista dos “50 Melhores Guitarristas de Todos os Tempos”. Ele foi introduzido duas vezes no Rock and Roll Hall of Fame: uma como um membro dos Yardbirds, em 1992, e uma segunda vez como um membro do Led Zeppelin, em 1995. Page foi uma inspiração para o estilo de guitarra descendente do guitarrista Johnny Ramone, dos Ramones.[4] Ramone descreveu Page como “provavelmente o maior guitarrista que já existiu”. Page foi descrito pela Uncut como “o maior e mais misterioso herói da guitarra no rock”. A revista Los Angeles Times considerou Jimmy Page como o segundo maior guitarrista de todos os tempos (Wikipedia – Jimmy Page: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jimmy_Page).
Fanny: Eva Fora Do Paraíso
Mulheres abraçadas enlaçadas por um demónio. Bíblia Moralizada de Nápoles. Séc. XIV. Biblioteca Nacional de França: ms-francais-9561-1. Mulheres abraçadas enlaçadas por um demónio. Bíblia Moralizada de Nápoles. Séc. XIV. Biblioteca Nacional de França: ms-francais-9561-1.
“As identidades não são necessariamente distintas. Por vezes, misturam-se umas com às outras. Por vezes podem mesmo ser partilhadas.” (Mary E. Pearson. Fox Forever. 2013). Se gostam, partilhem! Quando partilhamos somos mais.
Acarinho a ilusão de que o blogue Tendências do Imaginário persegue uma vocação universal. Sonha pecar por excesso de inclusão. Empenha-se por ser aberto e plural, numa travessia de mundos e num desconcerto de identidades. Pretende aproximar-se, dialógico e polifónico (Mikhail Bakhtin), heterocêntrico (Jean Piaget), de uma alma acolhedora. Algumas das máscaras que incorpora, num desfile de avatares, são descendentes de Eva. Namora o feminino. Atreve-se a (in)vestir-se mulher. Depois do artigo dedicado a Fiona Apple, seguem as Fanny (), uma das primeiras girl bands (all female), norte-americana de origem filipina, a alcançar no início dos anos setenta sucesso público e comercial.

É certo que esta desejada “vocação universal” não é alcançável na íntegra. Mas a realidade oferece-se paradoxal. A porfia do impossível pode revelar-se o melhor caminho para lograr, senão potencializar, o possível. Como diria Ernst Bloch (Thomas Müntzer. Teólogo da Revolução, 1ª ed. 1920), a história da humanidade está repleta de impossíveis realizados e de possíveis não realizados. Lutamos pela igualdade conscientes de que a igualdade plena é uma utopia. Esta concepção é semelhante a uma advertência atribuível à “filosofia do não”: não é por uma ideia estar errada que ela que ela está condenada a nos desviar da verdade. “Eu sou o limite das minhas ilusões perdidas” (Gaston Bachelard, Critique préliminaire du concept de frontière épistémologique.1ª ed. 1936. In Études 2, 2002). Nesta linha, Gaston Bachelard observa, a propósito da física quântica, que pouco subsiste do esquema do átomo proposto por Niels Bohr, um dos contributos mais decisivos para o desenvolvimento da teoria do átomo: “O esquema do átomo proposto por Bohr, um quarto de séculos atrás, agiu nesse sentido como uma imagem correta, mas não resta mais nada.” (A filosofia do não. 1ª ed. 1940).
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Netos da revolução, filhos do esquecimento

Gosto de escavar como um arqueólogo indisciplinado. Por exemplo, na história do rock. Numa sociedade acelerada, cinquenta anos representa muito tempo. Quem ouviu os T. Rex? Uma banda de rock inglesa, com um som próprio, ativa entre 1967 e 1977. The Slider foi o álbum mais vendido em 1972 no Reino Unido. A banda dissolveu-se em 1977 na sequência da morte num acidente de automóvel do vocalista Marc Bolan. Em dez anos, produziram treze álbuns.