A tentação surrealista: António Pedro

01. Catálogo da Exposição António Pedro 1909 1966.

01. Catálogo da Exposição António Pedro 1909-1966.

Para variar, já fez sol em Moledo do Minho. Nada como um cigarro! Em frente, do outro lado da rua, a casa de António Pedro. Nascido em 1909, “o gigante esquecido” (Vasco Rosa, Jornal Observador, 17 de Agosto de 2016) é uma figura incontornável da arte portuguesa do século XX. De muitos modos e feitios. Foi pintor, escultor, escritor, poeta, dramaturgo, encenador, jornalista, radialista, galerista… Passou a infância em Moledo do Minho, estudou na Galiza, em Coimbra e em Lisboa. Entre 1934 e 1935, viveu em Paris, tendo frequentado o Instituto de Arte e Tecnologia da Universidade da Sorbonne. Junto com 25 artistas dos movimentos surrealista e Dada, entre os quais Joan Miró, Hans Harp, Sonia Delauney, Marcel Duchamp, Wassily Kandisnky e Francis Picabia, assinou, em 1936, o Manifeste Dimensioniste (carregar para aceder ao pdf). Em 1941, expõe a sua obra no Brasil. Entre 1944 e 1945, foi cronista e crítico de arte na BBC, em Londres.

02. António Pedro, Refoulement, 1936.

02. António Pedro, Refoulement, 1936.

Em 1933, cria a Galeria UP, a primeira a acolher em Portugal uma exposição de Helena Vieira da Silva (1935). Em 1940, participa, com dezasseis pinturas, na realização da primeira exposição surrealista em Portugal, na Casa Repe em Lisboa. Em 1947, integra o Grupo Surrealista de Lisboa.

04. António Pedro. O anjo da guarda. 1939.

04. António Pedro. O anjo da guarda. 1939.

Homem de teatro, foi director do Teatro Apolo, em Lisboa. Foi fundador e director, entre 1953 e 1962, do Teatro Experimental do Porto. Entre vários textos dramáticos, escreveu a Comédie en un acte. Viveu os últimos anos em Moledo do Minho onde faleceu no dia 17 de Agosto de 1966. Para uma apresentação mais detalhada e circunstanciada, sugiro o artigo “António Pedro Pintor”, de José-Augusto França, publicado na revista Portuguese Cultural Studies 5, Spring 2013 , bem como o vídeo António Pedro Presente! I apresentado, também, por José-Augusto França e publicado pela Companhia de Dança de Lisboa (ver vídeo 1).

05. António Pedro. Ilha do Cão. 1940. Ver vídeo 2.

05. António Pedro. Ilha do Cão. 1940. Ver vídeo 2.

Pesquisar imagens da arte portuguesa manifesta-se, muitas vezes, frustrante. Poucas estão acessíveis na Internet e com fraca resolução. Às vezes, só com a ajuda de uma lupa. Não sei se é por causa dos direitos, se é por causa dos tortos. Aposto nos tortos, mais precisamente, na aristocracia dos direitos e na irresponsabilidade dos tortos. No que respeita à obra de António Pedro, fiz o que pude, nem sempre bem. Vale a dezena de vídeos publicados pela Companhia de Dança de Lisboa.

Está fresco em Moledo. Apago o cigarro. António Pedro fumava. As andorinhas continuam a voar em bando à volta da sua casa.

António Pedro: Galeria de Imagens

Vídeo 1. ANTÓNIO PEDRO – 1909 / 1966 – Presente! ( I ). Companhia de Dança de Lisboa.

Vídeo 2. António Pedro – Óleos sobre tela, 1936 / 1946. Companhia de Dança de Lisboa.

Vídeo 3. António Pedro – Óleos sobre Tela – 1944, 1939 e 1936. Companhia de Dança de Lisboa.

Vídeo 4. “Tríptico solto de Moledo” 1943 – António Pedro. Companhia de Dança de Lisboa.

Vídeo 5. ” Paz Inquieta “- 1940 – António Pedro. Companhia de Dança de Lisboa.

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One response to “A tentação surrealista: António Pedro”

  1. Beatriz Martins says :

    Interessante a carreira de António Pedro. O que me parece é que na atualidade, há uma excessiva visão ou pretensão do surrealismo. Que acaba por anular o próprio surrealismo. Não se pode pedir a imagem que o subconsciente não tem. Enquanto a Arte tiver juízes a classificarem-na, jamais haverá Arte.

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