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Versão publicitária do teorema de Thomas

William I. Thomas (1863-1947), sociólogo norte-americano pioneiro do estudo das migrações, do “método biográfico” e da célebre Escola de Chicago, é um dos clássicos a quem devoto particular estima. Com Dorothy S. Thomas, que viria a ser sua esposa, publicou, em 1928, The child in America: Behavior problems and programs, onde se avança uma interpretação que se tornaria, doravante, conhecida como “Teorema de Thomas”.

Imagem: William I. Thomas

Sustentando a importância objetiva e subjetiva da “definição das situações”, os autores propõem a seguinte fórmula: “If men define situations as real, they are real in their consequences” New York: Alfred A. Knopf, p. 572). Em termos simples: se os professores estão convencidos que determinado aluno é bom, há sérias probabilidades que, embora não o sendo à partida, ele se torne efetivamente um bom aluno. Noções como “profecia autorrealizadora”, “predição criadora” ou “efeito Pigmaleão” estão, de algum modo, associadas a este teorema. Em livro precedente, The Unadjusted Girl, With Cases and Standpoint for Behavior Analysis, publicado em 1923 (Boston: Little, Brown, and Company, Thomas sustentava já que o modo como as pessoas encaram e se comportam com outras contribui para forjar as respetivas personalidades, podendo estas acabar por as assumir. Estava assim traçado o esboço de uma teoria que viria a ser cunhada como teoria da “rotulagem” (e.g. Howard S. Becker, Outsiders, New York: Free Press, 1963), abordagem particularmente influente na área da criminologia. Este princípio desdobra-se no seguinte corolário: o crime e o criminoso são, pelo menos em parte, definidos e fabricados pela sociedade envolvente.

A que propósito vem esta resenha académica intragável?

Resulta inspirada pelo anúncio recente “Assume that I can”, da organização italiana sem fins lucrativos CoorDown para o World Down Syndrome Day 2024. Trata-se de uma inequívoca concretização das teorias de Thomas e da rotulagem.

Anunciante: CoorDown / World Down Syndrome Day 2024. Título: Assume that I can. Agência: SMALL New York. USA, março 2024

Abraça e dança

Com o sol de janeiro, apetece abraçar e dançar! Quando coloquei três covers interpretados pela italiana Margherita Pirri (tendimag.com/2024/01/13/o-mar-a-lua-o-vento-e-a-musica/), prometi acrescentar canções originais, com música e letra da própria cantora. Por agora, seguem Danse e Your Arms Around Me, ambas do álbum Daydream, de 2011.

Margherita Pirri – Danse. Daydream. 2011
Margherita Pirri – Your Arms Around Me. Daydream. 2011

Mio Violino Caro: Hilary Hahn

Gosto que me chamem a atenção. Além de ser melhor que nada, lembram, complementam ou corrigem aspetos inadvertidos mas relevantes e oportunos. Aliás, quem chama a atenção concedeu-a primeiro. Confrontado com a série Mio Violino Caro, o meu rapaz mais novo não se inibiu: “Sabes, entre os grandes violinistas também há jovens e mulheres”.

Por exemplo, Hilary Hahn. “Hilary Hahn (born November 27, 1979) is an American violinist. A three-time Grammy Award winner,[4] she has performed throughout the world as a soloist with leading orchestras and conductors, and as a recitalist. She is an avid supporter of contemporary classical music, and several composers have written works for her, including concerti by Edgar Meyer and Jennifer Higdon, partitas by Antón García Abril, two serenades for violin and orchestra by Einojuhani Rautavaara, and a violin and piano sonata by Lera Auerbach” (Wikipedia).

Felix Mendelssohn. Concerto para violino em mi menor, op. 64 (1844). Intérprete: Hilary Hahn
J.S. Bach. Partita para violino nº 1 em Si menor BWV 1002 (1720). Intérprete: Hilary Hahn.

Mio Violino Caro: Itzhak Perlman

Americano, nascido em Telavive em 1945, maestro, professor e cantor, Itzhak Perlman é uma referência incontornável do violino dos séculos XX e XXI. Destaca-se, entre outros aspetos, pelos lugares onde atuou e pelos prémios e galardões que conquistou. Ouvimo-lo em filmes tais como A Lista de Schindler, Fantasia 2000, África Minha ou Memórias de uma Gueixa. Uma poliomielite aos quatro anos deixou-lhe sequelas ao nível da motricidade. Toca habitualmente sentado.

Selecionei as músicas seguintes não tanto pela qualidade intrínseca da interpretação mas, no caso da primeira, pelo compositor, Camille Saint-Saëns, e das duas últimas pelos parceiros que o acompanham: Yo-Yo Ma e Daniel Barenboim, virtuosos do violoncelo e do piano.

Saint-Saëns. Introduction et Rondo Capriccioso, Op. 28. Violino: Itzhak Perlman. Ao vivo no Ed Sullivan Show, Abril d1964
Antonín Dvořák. Humoresque nº 7, Op. 101. Violino: Itzhak Perlman; violoncelo: Yo-Yo Ma. Dvořák in Prague: A Celebration, dezembro 1993
Beethoven: Triple Concerto in C Major, Op.56: II.Largo. Violino: Itzhak Perlman; violoncelo: Yo-Yo Ma; piano: Daniel Barenboim. Acompanhamento: Berliner Philharmonike.

Mio violino caro: Maxim Vengerov

Nascido na Rússia em 1974, Maxim Vengerov consta entre os violinistas mais celebrados do século. Em 1997, foi nomeado embaixador da UNICEF na área de música. Segue a interpretação da Meditação, da ópera Thaïs (1894), de Jules Massenet.

Jules Massenet. Meditação, da ópera Thaïs (estreada em 1894). Interpretação: Maxim Vengerov & Sinfonia Rotterdam, outubro de 2023

E se regressasses antes de partir…

Jean-Jacques Goldman, ativo a solo desde os anos 1980, vendeu mais de 30 milhões de discos. Autor, compositor, intérprete, produtor e guitarrista é um dos músicos mais genuínos e populares da França. É mais avisado vê-lo e ouvi-lo do que comentá-lo. Segue o vídeo com a interpretação ao vivo da canção Puisque tu pars.

Jean-Jacques Goldman. Puisque tu pars. Entre gris clair et gris foncé. 1987. Live “Un tour ensemble” 2003.

Quebrando as regras ao meu jeito

So I’m taking the chance, walking away, breaking the rules
Nobody here can tell me what to do
I’m out on my own, making my way
Trying to be someone that I can be proud of one day
I’m out on my own, doing it my way
Doing it my own wa

Uma amiga enviou-me, lá do extremo norte do País (país que me lembra uma novela de Cervantes), entre outros, este vídeo musical. E pronto! Ganhei o dia, melhor, o mês.

Jack Savoretti.  Breaking The Rules. Before the Storm. 2012. Live Acoustic at Teatro Carlo Felice, Genova, Italy on 26 Feb 2017.

A magia dos legos

Após um dia cheio de dissabores e angústias, uma jovem recompõe-se e desforra-se em casa graças à magia dos legos. Um anúncio dinamarquês que é uma “história sem palavras”.

Marca: Lego R&B, Rhythm & Bricks. Título: OFFICIAL MUSIC VIDEO feat TOM MISCH. Agência: Lego Agency. Direção: Casper Balslev. Dinamarca, outubro 2023

Sobrevivências de outros tempos

Reconheço-me no estilo e no conteúdo deste artigo do Luís Bastos no blog Azorean Torpor: poliédrico, denso, claro e brilhante, como um cristal de quartzo. Confesso que não me importava nada de ter sido eu a escrevê-lo.

Apego à loucura

Gosto da Katie Melua. Estas duas interpretações ao vivo, recentes,  de “The Closest Thing to Crazy” e ” Nine Million Bicycles “, respetivamente em Esslingen e em Paris, foram uma surpresa agradável que me apresso a partilhar.

Katie Melua. Closest Thing to Crazy. Call Off The Search. 2004. Ao vivo em Esslingen (Alemanha), 23 de julho de 2023
Katie Melua. Nine Million Bycicles. Piece by Piece. 2005. Ao vivo no Olympia, em Paris, em 26 de abril de 2023