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Lamento político 1: Os salários nos sectores público e privado em Portugal e na UE

Zé Povinho. Notícias ao Minuto: https://www.noticiasaominuto.com/cultura/584731/museu-bordalo-pinheiro-faz-100-anos-e-ze-povinho-continua-atual

Com a minha ingenuidade natural, acredito que este artigo, contanto denso e extenso, pode ser do seu interesse.

Em conversa por videoconferência com o meu rapaz mais velho emigrado na Holanda, brotou a seguinte intuição: “um dos maiores problemas de Portugal reside na disparidade entre os salários do sector público e do sector privado: a diferença é abismal ao contrário de vários países da Comunidade Europeia em que é mínima, quando não inversa”. Costumam enraizar-se estas conjeturas “espontâneas” em conhecimentos e indícios difusos que levedam na cave da consciência. A intuição estimula a curiosidade: pede pesquisa, confirmação ou infirmação.

Encontrei o artigo “Salaires et emploi dans les secteurs public et privé. Différences et interactions”, da autoria de Jake Bradley, Matt Dickson, Fabien Postel-Vinay & Hélène Turon, publicado na Revue Française de Économie (2016/1 Volume XXXI, p. 65-109). A análise fundamenta-se na “base de dados fornecida pelo European Community Househol Panel, [que abrange países tais como] a Alemanha, a Espanha, a França, a Itália, a Holanda e o Reino Unido”. Deste estudo, retenho dois apontamentos:

                – “O prémio [a diferença] salarial no sector público é positivo em média em todos os países da nossa amostra. Em França, este prémio eleva-se a 14% do salário. Varia desde alguns pontos do logaritmo na Alemanha, na Holanda e na Itália (4,9 e 10 respetivamente), até níveis mais elevados na Grã-Bretanha (13%) e na Espanha (31%). Por outro lado, a variância destes dados salariais é maior no sector privado do que no sector público em todos os países do nosso estudo” (p. 73). Coloca-se, de imediato, a pergunta: Portugal de quem se aproxima? Da Alemanha ou da Espanha?

                – Esta diferença direta deve ser relativizada em função dos fatores que a condicionam, por exemplo, a qualificação dos trabalhadores. “Os empregados do sector público têm, em média, níveis de educação mais elevados do que os do sector privado. O painel europeu ECHP inclui uma medida de educação padronizada segundo a classificação ISCED2 que permite comparar a distribuição de capital humano entre sectores e países, em termos de repartição, em três categorias: “elevado”, que corresponde a todos os tipos de educação terciária, “médio” que corresponde à conclusão de estudos secundários (posteriores à idade limite da escolaridade obrigatória) e “baixo” que corresponde a estudos inferiores à conclusão do secundário (…) A primeira categoria (capital humano elevado) representa cerca de um quarto do emprego global em França, Inglaterra, Alemanha e Holanda. Esta proporção representa um terço do emprego em Espanha e apenas 10% na Itália. Observa-se a maior variação de um país para o outro quando se trata da terceira categoria (capital humano baixo). O valor varia entre 10% na Alemanha e 43% em Espanha. Em todos os países, o sector público assume uma proporção maior de trabalhadores com capital humano elevado. Isto é particularmente verdadeiro no caso da Espanha onde esta proporção é o dobro no sector público relativamente ao sector privado. [Esta maior qualificação dos trabalhadores do sector público] “contribui para a existência de um prémio (“diferença”) “aparente” de salários entre os dois sectores (…) Os resultados mostram que o “verdadeiro” prémio do sector público em matéria de salários instantâneos é fortemente reduzido em relação ao prémio aparente: em França, reduz-se a 3% (contra os 14% do prémio aparente), o que significa que o essencial da diferença de salários entre sectores reflete, de facto, efeitos de composição. Os empregos oferecidos pelo sector público em matéria de salários instantâneos [sem moderação] requerem qualificações e uma experiência que convocam mecanicamente os rendimentos mais altos, sem que, portanto, o sector público pague mais do que o sector privado, permanecendo tudo o resto igual, uma vez que o prémio verdadeiro se reduz a 3%. Nos demais países, este prémio verdadeiro cifra-se em 3% na Grã-Bretanha, 11% na Espanha e -4% na Holanda” (pp. 74-75). Ressalvando a Espanha, para qualificação igual, as diferenças efetivas de salário entre os sectores público e privado são ínfimas. Na Holanda, o salário médio efetivo é, aliás, maior no sector privado do que no sector público.

Qual é a situação em Portugal?

Quem procura quase sempre alcança. Encontrei o artigo “Diferenças salariais entre os setores público e privado no período que antecedeu a adoção do Euro: uma aplicação baseada em dados longitudinais”, de Mário Centeno, ex-ministro das finanças e atual governador do Banco de Portugal, em coautoria com Maria Manuel Campos (Banco de Portugal. Boletim Económico. Inverno 2011, pp. 55-70). “A informação utilizada baseia-se [também] nos dados do Painel de Agregados Familiares da Comunidade Europeia (PAFCE), que cobre os países da EU-15 entre 1993 e 2000” (p. 56).

No gráfico 1, com as diferenças (prémios) “aparentes” entre os salários médios por hora, em euros, entre os sectores público e privado, sem atender à respetiva composição, mormente em termos de qualificações, verificamos que existe, globalmente, uma variação significativa favorável ao sector público. As diferenças são expressivas sobretudo nos países, perdoe-me Deus, etiquetados como PIIGS: 36.6%, em Portugal; 33,5%, na Irlanda; 31,7%, na Grécia; 26,8%, na Espanha; e 17,2%, na Itália. Nos restantes países, as diferenças são menores, entre 6,9%, na Áustria, e 9,1% na Alemanha, revelando-se mínimas na França (1,8%) e na Finlândia (2%). (Pode carregar no gráfico para aumentar a imagem).

Fonte: Painel PAFCE. A partir de Mário Centeno e Maria Manuel Campos, “Diferenças salariais entre os setores público e privado no período que antecedeu a adoção do Euro” (Banco de Portugal. Boletim Económico. Inverno 2011, pp. 55-70).

O artigo de Jake Bradley et alii mostra quanto estas variações aparentes podem ser enganadoras porque escondem a interferência decisiva de outras variáveis, nomeadamente a qualificação dos trabalhadores. Para controlar essas variáveis, neutralizar o seu efeito, Mário Centeno e Maria Manuel Campos socorrem-se de uma metodologia de análise de dados complexa que contempla, para além da escolaridade, entre outros, o género, a idade e a antiguidade. O gráfico 2 apresenta os resultados obtidos para o ano 2000.

Fonte: Painel PAFCE. A partir de Mário Centeno e Maria Manuel Campos, “Diferenças salariais entre os setores público e privado no período que antecedeu a adoção do Euro” (Banco de Portugal. Boletim Económico. Inverno 2011, pp. 55-70).

Com base nestes resultados, a leitura de Mário Centeno e Maria Manuel Campos é mais mitigada do que a avançada por Jake Bradley et alii:

“A evolução do diferencial (condicional às características observáveis) é semelhante à obtida para o diferencial bruto (…) mas o respetivo nível é – em alguns casos consideravelmente – mais baixo. Este facto sugere que, embora os melhores atributos de capital humano evidenciados pelos funcionários públicos expliquem parcialmente o diferencial de salários entre os dois setores, uma parte não-negligenciável permanece atribuível a um efeito puro do setor. Na maioria dos países na amostra este efeito é favorável aos funcionários públicos e representa um prémio salarial, mas os resultados obtidos para os vários países são bastante díspares” (p. 63).

Os diferenciais médios mais elevados em 2000  dizem respeito a Portugal (19.7%), Irlanda (20,5%) e Grécia (18,2%). No extremo oposto, a Áustria aproxima-se do “empate”, enquanto que a França (-3,2%) e a Finlândia  (-1,6) alcançam diferenciais invertidos.

Esta discrepância de leituras não é, porém, anómala. A análise de Jake Bradley et alii não inclui nem Portugal, nem a Grécia, nem a Irlanda, o que introduz um enorme impacto ao nível da variação dos resultados.

À luz destes números, que concluir acerca de Portugal?

A estória do vaso meio cheio versus meio vazio é, aqui, mais complicada. Assevera-se o salário médio substancialmente maior no sector público ou substancialmente menor no sector privado? Qual é o padrão? O salário do sector público ou o salário do sector privado? Devem os salários do sector público descer e/ou os salários do sector privado subir? Deixo a resposta ao critério de cada um. No meu entendimento, devem subir ambos, porventura mais no sector privado. Dos dez países contemplados, Portugal é aquele que se destaca com os salários médios mais baixos tanto no sector público como no sector privado (ver gráfico 1). No sector público, o salário médio da Irlanda é quase três vezes superior ao de Portugal (16,4 contra 5,3 euros por hora); no sector privado, ultrapassa o triplo (10,9 contra 3,4 euros por hora).

Fechado este capítulo sobre os diferenciais dos salários, muito me satisfaria dispor, agora, da informação respeitante aos diferencias dos lucros entre estes mesmos países. Se o conhecimento dos diferenciais efetivos de salários é relevante e oportuno para apreciar as propostas de políticas salariais, o conhecimento dos diferenciais efetivos dos lucros não resulta menos importante para apreciar as propostas de políticas fiscais.

Gárgula exibicionista

Um comentário, bem-vindo, no Tendências do Imaginário alerta para uma falha no artigo Gárgulas impúdicas (https://tendimag.com/2014/08/10/gargulas-impudicas/): nada menos do que a gárgula mais que impúdica da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães. No artigo “Gárgulas em Guimarães”, no blogue PROSIMETRON (http://prosimetron.blogspot.com/2012/05/gargulas-em-guimaraes.html), figura a respetiva fotografia, acompanhada pelo seguinte texto:

Esta gárgula da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira tem uma história. Mas a imagem vista do solo não se pode mostrar dado que as gárgulas só servem para escoar água… o resto é paisagem.

Gárgula. Igrej_ de Nossa Senhora da Oliveira. Guimarães.

O artigo Gárgulas Impúdicas (https://tendimag.com/2014/08/10/gargulas-impudicas/) contempla apenas uma pequena parte das gárgulas existentes. Demonstra-o o artigo “Sem medo nem vergonha. Imagens insólitas à margem da escultura medieval”, de Joana Antunes ( Universidade de Coimbra | FLUC |CEAACP | MNMC: https://doi.org/10.14195/2184-7193_10_1). Acrescentando uma magnífica fotografia da gárgula da Colegiada, escreve:

“Em Portugal, prestam-lhes as devidas honras as já aludidas gárgulas, como o famoso “Cu da Guarda” e os seus congéneres da Sé de Braga, da Matriz de Caminha e da Matriz de Escalhão (…), do Castelo de Pinhel ou, ainda, da quimera da torre do relógio de Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães (…), muitas delas ainda hoje popularmente aclamadas enquanto expressão de um certo sentimento nacional historicamente ressentido dos acometimentos dos reinos vizinhos. Voltados para Espanha – de onde não virão, afinal, nem bons ventos nem bons casamentos, mas de onde terá vindo uma boa parte da mão-de-obra que as criou – estes exibicionistas (termo importado da historiografia anglo-saxónica para este tipo preciso de figuras, tal como clarificado por Linquist, 2012: 325) seriam então uma provocação além-fronteira”.

Quimera exibicionista. Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães. Fonte: Joana Antunes, Sem medo nem vergonha. Imagens insólitas à margem da escultura medieval (https://doi.org/10.14195/2184-7193_10_1).

O que foi descoberto deu, a seu tempo, prazer, o que, entretanto, se descobrir não dará, certamente, menos.

Regresso

Uma  coisa é escrever sobre a morte, outra privar com ela. Durante um ano, fui vítima de intoxicação severa não diagnosticada. Uma degradação galopante interminável. Para fumar, tinham que me segurar no cigarro. Sobrevivente do desespero. Acabei internado, uma semana nos cuidados intensivos. Cruzei-me com a morte e não dei por ela. Nem sombra de memória. Espero estar de volta. Obrigado!

Vangelis. Alpha. 1976.

O peso das coisas

Pega no presente e pulsa o ritmo cadente de um músculo novo que nasce sem esforço porque se inventa como o vento e as marés (João Negreiros. O Manual da Felicidade. 2015).

René Magitte. Chateau des Pyrenées. 1959.

René Magitte. Chateau des Pyrenées. 1959.

Em tempo de exultação da leveza, o peso e a robustez não se intimidam. Dá-me um extremo e mostro-te o outro. Uma barra tem dois extremos. Dobrada, os extremos tocam-se. O mundo anda assim, dobrado, com as distâncias a dançar tango. Fácil de dizer, mas difícil de ilustrar. Estes quatro anúncios a automóveis vêm a talhe de foice: apostam no valor da robustez, com a leveza na lapela.

A carrinha Ford aguenta a violência dos gorilas, mas é um brinquedo na sua mão. A Toyota enfrenta a fúria do mar, mas flutua como uma boia de pesca. A Dodge perfura o planeta, num voo caído, sem fundo.

No anúncio da General Motors, os automóveis, pesados, levitam. Não existe uma via única para conjugar leveza e levitação. Até as ilhas levitam ou voam, como nas viagens de Gulliver, nas pinturas de Magritte ou nos vídeos dos Gorillaz. Na Idade Média, gordos e magros desafiaram a gravidade. Gostava de te sussurrar ao ouvido que para voar não é preciso ter asas, mas peso. Para voar, importa começar. E não te esqueças de fazer um sinal, “um bom sinal, um sinal de que não estamos fixos” (ao jeito de Jacques Prévert). Estende-me um tapete e descolarei, como São Bento, rumo aos céus.

Marca: Ford Ranger. Título: King Kong. Agência: J. Walter Thompson. Direcção: Thanonchai Sornsriwichai. Tailândia, 2005.

Marca Toyota Tacoma. Título: Tide. Agência: Saatchi & Saatchi (Los Angeles). Direcção: Baker Smith. USA, 2006.

Marca: Daimler Chrysler Dodge Nitro. Título: Planet. Agência: BBDO (New York). Direcção:  Acne. USA, 2006.

Marca: General Motors. Título: Elevation. Agência: Deutsch (Los Angeles). Direcção: Phil Joanou. USA, 2007.

O triunfo sobre a morte

13.2  Igreja de San Martin de Artaíz.

Descida de Cristo ao inferno. Igreja de San Martin de Artaíz. Séc. XII.

No artigo precedente, visitámos a Igreja de São Martinho, em Artaíz, Navarra, para apreciar uma figura com três faces. Cumprido o objetivo, seria curial retomar o fio de rumo. Mas o olhar vadio adora desviar-se. Deleita-se a abarcar o conjunto e atarda-se nos pormenores, seguindo uma cinestesia cara a Blaise Pascal (Pensamentos, 1670) e a Edgar Morin (Comune en France, 1967). Já que estamos na Igreja, convém aproveitar. O olhar vadio é oportunista, ávido de “factos imprevistos, anómalos e estratégicos” (Robert K. Merton, Social Theory and Social Structure, 1949). É flâneur (Charles Baudelaire, Georg Simmel, Walter Benjamin). Deambula até se perder, sem lograr resultados transaccionáveis.

04. Saint Savior. Chora Church. Istanbul. 1310-1321

Saint Savior. Chora Church. Istanbul. 1310-1321.

Compensa dar a volta à igreja. O cachorro com a mulher pecadora a parir uma criança é figura recorrente. O falo ainda mais. Encontramo-lo onde menos se espera. Nas cenas da Bíblia esculpidas nos espaços entre os cachorros, cativa, sobremodo, a atenção o episódio da descida de Cristo ao Inferno. A escultura mostra Cristo a resgatar, com uma mão, Adão da boca do inferno; com a outra segura o bastão com a cruz, assente numa caveira. Eis um “facto imprevisto, anómalo e estratégico”.

08. Christ in Limbo, follower of Hieronymous Bosch, Flemish, c. 1550

Christ in Limbo, follower of Hieronymous Bosch, Flemish, c. 1550.

Será que existem imagens semelhantes? Percorremos, na Internet, cerca de uma centena de pinturas e esculturas dedicadas à descida de Cristo ao inferno. Em boa parte, o bastão está ausente. Nas outras, o bastão ora é meramente simbólico, ora desempenha duas funções: ajudar a arrombar a porta do inferno; ou subjugar o demónio aprisionado. Em nenhum caso, o bastão se apoia numa caveira.

05. Andrea Boniauto. Descent of Christ. Limbo, 1365-1368.

Andrea Boniauto. Descent of Christ. Limbo, 1365-1368.

Entre a crucificação e a ressurreição, Cristo abre as portas do inferno e liberta os santos, começando por Adão e Eva. Quanto aos demónios, ou estão acorrentados aos pés de Cristo, ou estão presos nos destroços da porta ou se mantêm à distância. Em algumas imagens, raras, Cristo subjuga o diabo com o bastão.

06. The Harrowing of Hell. Bibliothèque nationale de France, detail of f.370r. Augustine, De Civitate Dei. 1370.1380.

The Harrowing of Hell. Bibliothèque nationale de France, detail of f.370r. Augustine, De Civitate Dei. 1370.1380.

Na descida ao inferno, Cristo vence o diabo, as trevas e a morte. Vence a morte pela sua ressurreição e pela ressurreição dos santos: ”Os sepulcros se abriram, e os corpos de muitos santos que tinham morrido foram ressuscitados” (Evangelho de São Mateus, 27: 52). Na Igreja de São Martinho de Artaíz, está esculpido o triunfo de Cristo sobre a morte, tal como rezam as escrituras. Não registei nenhuma imagem equivalente. Presume-se que existem, mas raras. É preciso desencantá-las. Muito tenho escrito sobre o triunfo da morte. É compensador escrever, nem que seja por uma vez, sobre o triunfo sobre a morte.

10. Harrowing of Hell. England, c 1240.

Harrowing of Hell. England, c 1240.

Termina mais uma travessia. Saltou-se do híbrido de duas faces dos Dvein (pormenor) para o “Janus” da Igreja de São Martinho de Artaíz (pormenor); observaram-se as esculturas da igreja (panorama) retendo a cena com a descida de Cristo ao inferno (pormenor); para comparação com imagens congéneres, alargou-se o olhar à Internet (panorama). O olhar vadio entrega-se à deriva de movimentos e à alternância de planos, ora micro, o pormenor, ora macro, o panorama. Pelo caminho acontece a aprendizagem e a descoberta. Neste mundo, é preciso invocar alguém para ser alguma coisa. Uma vela pelo Paul S. Feyerabend (Against Method: Outline of an Anarchistic Theory of Knowledge.1975)!

Galeria de imagens: a descida de Cristo ao inferno.

Deste lado da lua

Roberto Chichorro. Sonho circense com lágrimas. 2006.

Roberto Chichorro é um pintor moçambicano radicado, a partir dos anos oitenta, em Portugal.

Nos seus quadros, aluados, a vida não adormece, prolonga-se pela noite dentro, morna e mágica.

Lembra Marc Chagall, mas em versão mais colorida e mais voluptuosa.

Álvaro Lobato de Faria caracteriza bem a pintura de Chichorro no seguinte texto: http://defesesfinearts.com/2011/01/mac-lisboa-agua-de-cheiro-po-de-arroz-em-tempo-de-beija-flor-e-papagaio-de-papel/, que passo a citar:

“Chichorro não representa. Cria mundos. Abre-nos frestas de portas. E acorda em nós o desejo de espreitar. Vermos sem sermos vistos. Sermos de novo meninos, em noite escura de insónia ou de bicho papão, à procura de um mundo de luz e cor que não é nosso, para espantar o medo. / O nosso reino de fantasia, denso e subtil, realista e fantástico, onde os homens ensinam os bichos e os bichos aprendem a ser homens, na festa das cores da vida. / Aqui tudo se passa à noite. Nunca amanhece. Mas não existe tristeza, só nostalgia…” (Álvaro Lobato Faria).

A página Movimento Arte Contemporânea contém cerca de uma centena de imagens de quadros de Roberto Chichorro. Segue um pequeno documentário e uma galeria de imagens.

Exposições Roberto Chichorro no Porto e Lamego @ Canal 180.

Galeria com imagens de quadros de Roberto Chichorro.