Eclipse. Cat Stevens
Tesourinhos deprimentes quem os não tem?
Não são caviar, mas sabem bem (AG).
Ocasionalmente apetece um retiro. Existem várias possibilidades de alheamento. Por exemplo, dar cinco passos rumo à prateleira dos discos de vinil. Escolho um. Às vezes, justifica partilha. Procuro, na Internet, um endereço com bom som e boa imagem. Não é fácil. Para uma única música, consulto, sem auscultadores, acima de uma dezena de páginas, algumas com direito a repetição. Esta é a fase que a família detesta: ouvir, sem descanso, a mesma tesourinho deprimente. Com o Cat Stevens (o Álvaro Domingues chamava-lhe Gato Esteves) foi quase assim. O massacre doméstico foi, porém, maior. Na verdade, andava à cata do Rick Wakeman, de uma das Six Wives of Henry VIII (1973) que fosse agradável ao ouvido. Deparo-me com um vídeo estranho: Cat Stevens acompanhado ao piano por Rick Wakeman a interpretar Morning has broken (1971), uma canção de grata memória. Pelos vistos, o arranjo de piano da canção foi composto por Rick Wakeman. Justifica-se, portanto, o duo. Cat Stevens é bastante homogéneo quanto à qualidade das canções. Destacam-se, no entanto, para além de Morning has broken, Father and Son (1970) e Wild World (1970). Surpreendeu-me o facto de Yusuf / Cat Stevens ainda dar, com 68 anos, concertos, sem desmerecer os dos anos setenta. Convertido ao islamismo, abandona a música pop em 1978. Regressa em 2006, com o álbum An Other Cup. Um longo eclipse.
Rick Wakeman & Cat Stevens (Yusuf Islam). Morning has broken.
Yusuf Islam (Cat Stevens) – Father and Son (TV Bayern 3, Munich, Germany 2009).
Cat Stevens – Wild World (BBC 1970).
Republicou isto em O LADO ESCURO DA LUA.
Obrigada por revisitar Cat Stevens, e partilhar aqui três das suas melhores obras. Gostei muito de ouvi-lo, agora como Father, a cantar de novo o Father and Son, e chorei de novo, como há 40 anos, ao ouvir Wild World. Bem haja!